Chegou aos cinemas brasileiros o novo filme de Banjog Pisanthonakun, responsável por Espíritos (2004). O longa, A Médium (2022), é um pseudodocumentário de terror, onde o gênero documental é emulado para dar realidade ao enredo. Conferimos o título e contamos nossas impressões a seguir.
Enredo
Uma equipe decide viajar para o nordeste da Tailândia para gravar um documentário sobre uma medium do lugar, Nim (Sawanee Utoomma). Ela foi possuída por uma entidade chamada Bayan que possui apenas mulheres. Em sua família, é comum que essa entidade escolha uma mulher por geração e após a morte dessa, passe para outra. No caso, Bayan possuiu Nim após sua irmã Noi (Sirani Yankittikan), a escolhida original, a rejeitar. Por conta disso, Mink (Narilya Gulmongkolpech), filha de Noi, acaba sendo possuída por uma entidade maligna.
O enredo do filme é bem dividido em partes, como se realmente estivesse sendo contada uma história real. Primeiro é explicado sobre o que é documentário, onde é feita uma introdução bem interessante sobre cada um dos personagens principais e um pouco do seu comportamento. A partir daí, são mostrados aspectos da vida cotidiana e só então a possessão de Mink.
Apesar de não ser muito complexo e da introdução ter sido feita de forma interessante, o roteiro parece forçar um pouco a possessão. Isso porque aparentemente esse não deveria ser o tema do documentário, mas sim sobre como vive Nim e quem é a entidade que a possui. O que acontece com Mink deveria acabar virando o objeto principal por acidente, e não tão de forma intencional como é mostrado.
Clichês
A Médium é um filme que tem um ritmo um pouco arrastado, porém se você tem costume de assistir títulos de suspense e terror oriental não terá problema algum. Os primeiros 30 minutos de filme não tem susto ou qualquer elemento que assuste, porém a hora final é repleta de elementos tradicionais do gênero, em especial cenas de jumpscare.
Mas esse não é o único clichê. Apesar de ser em formato de documentário, parece que os personagens do filme nunca foram ao cinema, já que é repetida exatamente a mesma fórmula de morte de sempre. Além disso, parece faltar na construção dos personagens uma certa dose de inteligência, já que em algumas cenas é nítido que determinadas coisas simplesmente são óbvias demais.
Mesmo com todos os clichês, A Médium é um filme que é eficaz em assustar o espectador, principalmente ao mostrar cenas que são extremamente brutais no quesito violência. Em vários momentos sangue é algo que não foi poupado.
Veredito
Assim como Espíritos, A Médium é um filme que me assustou bastante, porém ele não consegue ser tão bom quanto o filme clássico do diretor. Apesar disso, ir até o cinema conferi-lo ainda vale a pena.
O maior problema de A Médium está no roteiro que acaba sendo clichê demais em alguns pontos e parece subestimar o espectador que está cansado de personagens que não pensam tanto e acabam morrendo de forma “besta”. Talvez, antigamente, na década de 90 e nos anos 2000, não fosse um problema utilizar esse tipo de personagens, mas agora, com a evolução do gênero, precisamos de algo mais inteligente, que ao menos tente subverter essas convenções.
O formato de documentário foi uma ótima estratégia, apesar de não ser algo novo. O único problema é que o tema do longa pareceu ser forçado, ao invés de um acontecimento natural para a trama – como deveria ser. Apesar disso, o filme possui qualidades que o redimem.
Pontos Positivos:
- Bons sustos
- Formato interessante
Pontos Negativos:
- Temática do documentário acaba sendo trocada de forma muito abrupta
- Algumas cenas clichês
Nota: 7