Veredito de A Despedida

31/03/2021 - POSTADO POR EM Filmes

Dizer adeus para quem amamos é algo muito difícil, e normalmente nunca estamos prontos para esse momento. Em A Despedida, remake do filme holandês Coração Mudo (2014), somos apresentados a uma história comovente e emocionante dirigida por Roger Michell

O drama estará disponível no Brasil a partir do dia 31 de março através das plataformas Now, YouTube Filmes, Vivo Play, Sky Play, Google Play e iTunes. Assistimos ao filme e vamos contar nossas impressões.

Quando dizer adeus

Lily (Susan Sarandon) é uma mulher forte e decidida que descobre uma doença degenerativa que a deixará debilitada em pouco tempo. Casada com um médico, Paul (Sam Neil), e mãe de duas mulheres com personalidades completamente diferentes, Jennifer (Kate Winslet) e Anna (Mia Wasikowska), ela resolve dar um ponto final no seu sofrimento e reunir toda a família para um final de semana de despedida.

Jennifer é centrada, correta e muito preocupada com tudo ao seu redor. Casada com Michael (Rainn Wilson), ela é mãe de Jonathan (Anson Boon), um adolescente que guarda um segredo para evitar desapontar os pais. Michael é um homem extremamente inteligente e que tem um temperamento muito calculista, bem parecido com o da esposa.

Anna é o completo oposto de sua irmã. Uma mulher que não liga para o que os outros pensam dela, frágil e mantém uma relação bem complicada com a família. Sua namorada Chris (Bex Taylor-Klaus) é uma espécie de suporte para lidar com os problemas familiares e ajudá-la a tomar decisões importantes. 

Durante o encontro, Lily tenta fazer com que aquela ocasião seja leve e se trate apenas de mais um feriado em família, porém nem todos parecem lidar da mesma forma com que ela está encarando. Enquanto o momento final não chega, nem tudo será exatamente como a matriarca espera. 

Imagem: Divulgação

Uma passagem leve  

Quando o assunto morte vem à tona é quase impossível não torná-lo algo pesado, porém em A Despedida somos convidados a fazer o contrário. Mesmo com uma doença que torna a rotina difícil, a personagem Lily é leve e tenta o tempo mostrar que tudo que está acontecendo é natural e vai acontecer de uma forma ou de outra.

Desde que a questão da eutanasia começou a ser abordada no cinema ou em séries sempre houve um certo tabu, porém em produções como essas somos convidados a refletir sobre o que é estar na posição de alguém que tomou essa decisão e se estamos ou não sendo egoístas em discordar. 

Apesar de “leve” e quase não perceber o tempo passar enquanto assistia, durante os 97 minutos de duração é impossível não se emocionar. Aliás, acho que durante os primeiros 15 minutos já tinha uma lágrima escorrendo nos meus olhos. O interessante é que não temos um choro de tristeza, mas talvez de celebração da vida e de uma reflexão: “será que estamos vivendo da melhor forma?” ou “estamos valorizando quem está ao nosso redor?”. 

Além disso, somos convidados a observar como temos expectativas e opiniões sobre os outros e, como muitas vezes estamos completamente enganados sobre eles e a maneira como tomam determinadas decisões. Apesar de esse não ser o ponto central do filme, é impossível não pensar sobre isso também.

Imagem: Divulgação

Veredito

Primeiro quero deixar bem claro que não vi o filme original de 2014, mas fiquei bem curiosa. Dito isto, preciso chamar atenção para como o argumento do longa mais recente é interessante e realmente deixa o espectador curioso para ver os desenrolar da história. O enredo não tenta de forma alguma inventar a roda e, talvez por isso, funciona bem.

A Despedida é uma produção curta demais para tudo que se propõe e acaba deixando alguns assuntos levantados corridos e não tocando com a profundidade necessária os temas secundários que deveriam ser abordados. Apesar disso, você consegue passar por cima desse fato e ter uma experiência interessante.

Eu não esperava nada menos do que o que foi apresentado pelos atores ao longo do filme. A escolha de personagens foi muito bem feita e quero chamar atenção para o excelente trabalho de Susan Sarandon, que me fez crer que Lily era uma pessoal real e sentir vontade de ser amiga da protagonista, talvez até filha.

Apesar de não ter uma trilha sonora elaborada, achei bem interessante ter apenas músicas instrumentais para o filme. Isso ajudou na atmosfera e deu um ritmo interessante para os acontecimentos do enredo. 

Pontos positivos

  • Narrativa fluida
  • Personagens bem feitos
  • Excelente atuações
  • Execução interessante do argumento principal

Pontos negativos

  • Alguns temas levantados não foram bem desenvolvidos
  • Determinados desfechos são corridos demais e os tornam menos profundos, esquecendo a real complexidade deles

NOTA: 8