Os Incríveis 2: O peso de uma sequência

02/07/2018 - POSTADO POR EM Filmes

Há 14 anos atrás, “Os Incríveis”(2004), dirigido por Brad Bird, inovou os gêneros de animação e de super-herói, que ainda não era tão forte quanto é hoje. A continuação finalmente chegou aos cinemas, e trouxe a missão de superar as expectativas do antigo e conquistar novos fãs para franquia.

Nesta sequência, Helena será o símbolo do retorno dos super-heróis, enquanto Beto irá se aventurar na vida normal com Violeta, Flecha e Zezé, cujo superpoderes estão prestes a serem descobertos. A nova missão da Mulher-Elástica não sai como esperado, quando um misterioso vilão surge com um plano capaz de ameaçar a todos. Porém, a família Pêra não se amedronta, ainda mais com Gelado ao seu lado.

Mundo dos Heróis X Mundo Doméstico

Durante a invasão do Escavador e as ações da família Pêra para detê-lo, a cidade é devastada e novamente o heróis são vistos pela imprensa, governo e principalmente pelos cidadãos como uma ameaça. Porém, um grande empresário e fã dos heróis surge com uma oportunidade de mudar a forma como eles são vistos pela população e pelo governo. Nesse momento, Beto não hesita em aceitar essa oferta. Isso causou uma incoerência com o que foi construído durante o primeiro filme. Sabemos que em “Os Incríveis” (2004), Beto recebe uma oportunidade de bico de herói, onde teria uma grande recompensa financeira, porém, descobrimos no final que era apenas uma armadilha de Síndrome. Entretanto, quando essa nova oportunidade surge, Helena é aquela que tem suspeitas.

Apesar do entusiasmo do Sr. Incrível, a Mulher-Elástica é o personagem escolhido para missão. Isso permitiu criar dois pontos na história. A Helena reencontrando sua paixão por ser uma heroína e Beto finalmente entender como ser um pai. Bird consegue mais uma vez criar dois filmes diferentes.

As crianças irão adorar ver o Sr. Incrível sofrendo com as tarefas diárias da casa, ajudando o filho com dever de casa, não entendendo o que se passa na cabeça de uma adolescente e perdendo o sono por um bebê com super-poderes. Porém, os adultos verão de uma forma diferente, onde o mundo de heróis seriam as férias e diversão e o mundo doméstico as responsabilidades. Essa comparação é o ponto alto do filme, há uma ótima relação sobre os deveres e os desejos. Beto precisava entender que também tinha responsabilidades além de ser herói, e Helena tinha que perceber que ela não precisa fazer tudo sozinha.

Foto: Divulgação

O Hipnotizador e os novos heróis

Apesar da breve presença do Escavador, o verdadeiro vilão é o Hipnotizador. Com a capacidade de controlar QUALQUER PESSOA através de uma tela, um visual e voz amedrontadores, o personagem poderia superar Síndrome com facilidade. Porém, a previsibilidade do roteiro e a falta de um bom desenvolvimento do personagem, teve como resultado um vilão bom, mas comum. A motivação do vilão possui um sentido, na teoria, entretanto sua construção no filme não foi boa, deixando uma sensação de um desenvolvimento preguiçoso.

O mesmo problema acontece com todos os novos personagens. Há um ótimo arco da família Pêra, porém os novos heróis não receberam tanta atenção. Há uma leve introdução sobre os poderes e o nome de cada herói, mas não houve qualquer utilização desses heróis para o desenvolvimento da trama além de momentos de ação. No fim, há o desejo de “quero mais” e a impressão que todo o potencial dos personagens novos não foi utilizado.

Foto: Divulgação

A evolução técnica

“Os Incríveis” foi o sexto filme da Pixar e o primeiro deles a ter humanos como foco. O nível de animação e realismo do longa original são de cair o queixo até hoje. Todos os quatorze anos de espera permitiram uma grande evolução no quesito técnico. O novo filme possui animações mais realistas e humanas. Mas o que rouba a cena são as texturas.

É possível ver os fios do tecido da roupa, vocês tem noção disso? Isso tornou todo o mundo mais realista e “palpável”. E apesar dessa evolução na animação, o longa se manteve fiel ao traço original dos personagens. Beto tem um rosto bem quadriculado enquanto Helena, com sua flexibilidade, possui um traço mais suave.

Houve o retorno de Michael Giacchino como compositor, que fez novamente um trabalho espetacular sob o universo entregue por Brad Bird. Tivemos aquele tom de músicas de filmes de espião clássico, como 007, algo que combina bastante com a escolha de design do filme, se passando nos anos 60, o que já era presente no primeiro filme.

Foto: Divulgação

Veredito

“Os Incríveis 2” consegue entreter as crianças e causar reflexão em adultos, sendo assim, uma atração para toda a família. É um filme que causa nostalgia aos fãs, com o retorno da divissima Edna Moda e Gelado, que possui mais destaque nesse longa.

A falta de necessidade de apresentar a família de heróis permitiu mais cenas de ação, porém a falta de um desenvolvimento de novos personagens e o roteiro previsível acabam prejudicando uma história que poderia ser tão boa quanto ao filme original. Esperamos que não demore mais uma década para termos “Os Incríveis 3”.

Foto: Divulgação