Entrevista: Ivan Mizanzuk fala sobre nova temporada do podcast Projeto Humanos

07/04/2022 - POSTADO POR EM Conteúdo

Depois do sucesso estrondoso de O Caso Evandro no ano passado, era de se esperar que o hype estivesse lá em cima para a nova temporada do podcast Projeto Humanos, criado pelo jornalista e escritor Ivan Mizanzuk.

Recém-contratado pela Globo, o podcaster participou de uma coletiva de imprensa para comentar sobre a quinta temporada do seu podcast, intitulada Altamira, e projetos futuros. Confira a entrevista abaixo. 

Veja também:

ALTAMIRA: NOVA TEMPORADA DO PODCAST PROJETO HUMANOS ESTREIA NO GLOBOPLAY (abre numa nova aba)”>>ALTAMIRA: NOVA TEMPORADA DO PODCAST PROJETO HUMANOS ESTREIA NO GLOBOPLAY

Como surgiu o interesse pelo caso? Você enxerga similaridades e diferenças entre Altamira e O Caso Evandro?

Ivan: Eu me interessei por Altamira quando estava pesquisando O Caso Evandro e em um determinado momento uma das suspeitas no caso do menino Leandro Bossi, criança que desapareceu dois meses antes do Evandro, também se torna suspeita relacionada aos casos ocorridos em Altamira.  

Agora sobre semelhanças e diferenças, as similaridades do caso vocês poderão ver ao longo dos episódios, uma das mais básicas é a suspeita que passou pelos dois, a Valentina, mas acredito que as diferenças são maiores. Altamira é um local diferente, vemos um outro contexto lá. E também tem a questão do caso de Altamira ter acontecido antes do de Guaratuba. 

Por que Altamira é considerado um caso mais complexo se comparado ao O Caso Evandro? Quais foram as principais dificuldades enfrentadas ao longo desse processo de apuração? Quantos episódios podemos esperar?  

Ivan: Altamira é mais complexo porque tem muito mais vítimas, em uma cidade que não tem muito registro. Altamira é uma região muito precária na manutenção de arquivos, o que dificulta materializar e verificar a maior parte do que é dito sobre o caso. Tudo isso gera a necessidade de um esforço maior em tentar entender o contexto daquela região para poder compreender a forma e o conteúdo de como essa história é relatada na cidade. Fora isso, quando nós achávamos as pessoas para dar entrevista, muitas não queriam, tinham medo. Ou quando conseguiam falar, às vezes a memória não estava mais tão boa. A dificuldade de acesso a informações confiáveis fez o trabalho se tornar muito mais complexo.  

E quantos episódios podemos esperar? Olha, a minha equipe está trabalhando com uma margem de episódios, mas prefiro não fazer promessas (risos). O Caso Evandro foi um caso único, pois estava sendo desenvolvido ao mesmo tempo que era produzido. Com Altamira houve uma maior preparação prévia, eu e a minha equipe lemos os autos do processo antes de iniciar a nova temporada, por isso ela deve ser mais direta e sistematizada. Eu quero apresentar todos os lados, mas sem tantas idas e vindas. Considero uma evolução da experiência narrativa em relação à temporada anterior.

O Projeto Humanos tem uma legião de fãs fiéis. O que os ouvintes podem esperar da nova temporada? Vai virar série também?

Ivan: Uma coisa que é dita no primeiro episódio é que o caso de Altamira vai ajudar a entender muitas questões relativas também ao O Caso Evandro. Vamos ter desdobramentos que vão explicar, mais profundamente, alguns problemas, situações e dificuldades que temos nas investigações policiais no Brasil, especialmente em outras regiões fora do eixo Rio -São Paulo, como no Norte do país.   

O público pode esperar aprender mais sobre um país que não aparece tanto. Crimes e outras situações mudam com o local e Altamira tem questões muito intensas. 

Agora se vai virar série? Por enquanto estou focado no podcast, que ainda está sendo produzido. Mas se houver o interesse por transformar também esse caso em uma série documental, certamente vocês irão saber, pois teremos o interesse em divulgar. 

Desde temporadas anteriores você trabalha colhendo histórias de pessoas mais afastadas da sociedade. Qual importância você vê em trazer essas narrativas?

Ivan: Eu gosto de uma frase que diz que países desenvolvidos não maltratam seus presidiários. Isso diz muito sobre nós, pois a forma como você vê pessoas marginalizadas sendo tratadas reflete e muito o país em que ela vive. Então, me interessa muito dar voz à pessoas que são normalmente ignoradas. A segunda temporada, que até hoje é uma das minhas favoritas, contou a história de refugiados e mulheres muçulmanas oprimidas no Brasil. Há muitas histórias como essas, que tentam ser abafadas, eu busco dar voz a elas. 

Altamira surgiu quase como uma continuação natural do Caso Evandro. Você tem interesse em continuar seguindo essa linha narrativa de crimes reais nas próximas temporadas?

Ivan: Olha, a verdade é que eu não tenho a menor ideia (risos). Altamira ainda está sendo desenvolvida e eu estou bem focado nessa produção, gostaria de terminar a temporada primeiro antes de pensar nas próximas. Mas existem sim ideias sobre histórias que eu ainda gostaria de abordar, tanto de crimes reais quanto outras. Eu também tenho interesse em projetos que fujam totalmente disso e gostaria muito de investir futuramente em produções de ficção, gosto muito de temas que envolvem o sobrenatural, o terror e o suspense. Meu sonho seria criar um podcast com uma trama estilo True Detective, mas com elementos sobrenaturais. No mais, estou sempre em conversa com o pessoal da Globo e depois que Altamira for finalizada iremos discutir o que virá a seguir.