Veredito de Demon Slayer: Arco da Vila dos Ferreiros

27/06/2023 - POSTADO POR EM Animes / Mangás

O aguardado final do novo arco do anime Demon Slayer chegou na Crunchyroll atraindo tantos acessos simultâneos, que a plataforma quase ficou sobrecarregada pelo tamanho do tráfego para acessar o novo episódio.

Sem surpresas, o Arco da Vila dos Ferreiros é um dos mais amados pelos fãs do mangá, o que gerou altas expectativas para como o estúdio de animação Ufotable iria se superar em relação ao arco do Distrito do Entretenimento. Será que a produção atendeu ao hype?

Nova equipe

Após a vitória contra Gyutaro e Daki, os Lua Superior n°6, o trio principal se separou para treinar e partir em missões próprias. Uma tremenda perda na comédia equilibrada das temporadas anteriores mas, como a série adapta fielmente o mangá, não havia muita opção. 

Tanjiro, então, decide conhecer a Vila dos Ferreiros, onde as katanas dos caçadores de demônio são feitas. Com a companhia dos Pilares Muichiro e Mitsuri e do colega Genya, e a ajuda de Nezuko, o espadachim enfrenta os Luas Superiores n° 5 e 4 que invadiram o local estratégico sob ordem de Muzan.

Imagem: Divulgação

Fidelidade tem seu preço

Como já pontuado aqui, Demon Slayer adapta quase que quadro por quadro a obra de Koyoharu Gotouge, alterando levemente ângulos de perspectivas e ampliando cenas pelo bem do impacto audiovisual que uma animação shonen demanda.

Porém, isso não significa que a história original tenha estruturas e conceitos completamente equilibrados. Há escolhas que geram questionamentos válidos. Por exemplo: não é difícil concordar que Muichiro é um dos Pilares menos carismáticos e responsável por lutar sozinho contra Gyokko, o Lua Superior mais chato da obra. 

O tempo investido no Pilar da Névoa vs Lua n° 5, com diálogos que só enchem linguiça, poderia ser melhor nivelado com momentos da Pilar do Amor. Ambos tiveram suas histórias de origem muito bem apresentadas, sem dúvidas. Entretanto, pouco vimos de Mitsuri em batalha, um desperdício de potencial visual, vide sua respiração diferenciada e sua trilha sonora, dentre as melhores da série.

Diversas vezes me vi ansioso pela enrolação entre Muichiro vs Gyokko terminar para voltar à Tanjiro & Cia contra Hantengu. Essas quebras de ritmo evitáveis acabam decepcionando o público pelo meio da temporada.

Imagem: Divulgação

Ufotable de parabéns

Como leitor do mangá, a maior ansiedade antes de novas temporadas é como o Ufotable vai traduzir em tela o caos que por vezes é desenhado nas páginas. E desde 2019 o estúdio continua subindo o cacife.

Se no arco passado a união dos elementos 2D das respirações se integrava perfeitamente com a animação 3D, a 3ª temporada mantém o nível de detalhes, garantindo lutas fluidas, claras e na velocidade adequada – até mesmo na embaçada respiração da Névoa.

A evolução das técnicas de Tanjiro também segue a do estúdio com o estilo coeso na escolha das formas e dos tons para cada luta. São tantos detalhes que passam batido à primeira vista que análises como essa aumentam a minha admiração pelo trabalho de qualidade. 

Imagem: Divulgação

Veredito

A escolha de alongar o 1° e o último episódio para expandir momentos chave (entrada no Castelo Infinito e revelação da surpresa no fim) contribuiu para um senso de equilíbrio durante as semanas. Apesar disso, pela divisão dos núcleos desnivelada, um problema do mangá transportado à série, o arco não foi tão engajante quanto o do Distrito do Entretenimento.

A direção, ao menos, reafirmou a capacidade de explorar o drama do passado dos coadjuvantes, como o de Muichiro. Fico na torcida para continuarem essa pegada na próxima temporada (Treinamento Hashira), em que poucas lutas ocorrem e o bate-papo rola solto.

Pontos negativos

  • Desequilíbrio na troca entre núcleos principais
  • Pilar do Amor pouco aproveitada

Pontos positivos

  • Desenvolvimento contínuo da identidade artística
  • Momentos-chave esticados na medida certa

Nota: 7