Depois de uma tentativa desastrosa de adaptação nos anos 2000, a popular franquia de RPG apelidada de D&D ganha uma nova chance nas telonas. De orçamento mais gordo e com grandes nomes no elenco, Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes é uma aventura medieval que não se leva a sério e abusa dos easter-eggs.
Confira no nosso veredito do longa se essa combinação realmente funcionou.
Aventura clássica
Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes é um filme muito simpático logo de cara por não querer ser mais do que é: uma aventura despretensiosa, em que os personagens não se levam a sério e que também dá constantes piscadelas para os fãs do material original, trazendo referências e easter-eggs diversos.
O longa não poderia ter uma premissa mais simples: ele vai acompanhar um grupo heterogêneo, com membros de várias classes de D&D, partindo em uma missão para derrotar uma força maligna. Mas para isso a equipe engata em algumas missões paralelas a fim de pegar objetos mágicos que vão ajudar no seu objetivo.
A tal equipe disfuncional
O grupo que se reúne aqui cai no clássico tropo “equipe disfuncional obrigada a se reunir em uma missão”. Nós já vimos isso em muitas produções, com destaque para os recentes Guardiões da Galáxia (2014) e O Esquadrão Suicida (2021).
Em Dungeons & Dragons vemos essa dinâmica de equipe ser trabalha de forma equilibrada na maior parte do tempo, com cada personagem possuindo um papel bem definido: Edgin (Chris Pine) é um bardo canastrão e estrategista de bom coração; Holga (Michelle Rodriguez) é uma bárbara porradeira, mas com toques de doçura; Simon (Justice Smith) é o típico mago trapalhão; Doric (Sophia Lillis) é uma druida sagaz e metamorfa; e Xenk (Rege-Jean Page) é um paladino altamente honrado e literal.
O filme se baseia muito na força das dinâmicas entre eles, o que nem sempre funciona. Edgin e Holga mostram uma amizade sincera, porém a tentativa de flerte entre Simon e Doric é risível, felizmente há pouco tempo de tela para isso. Edgin e Xenk entretanto são o contrário, fez falta ter mais interação entre eles, sendo que a sua relação traz algumas das melhores piadas do longa.
Masmorras, dragões e comédia
Por falar em piada, Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes não economiza na comédia, especialmente com o personagem de Pine, já que o ator possui um bom timing cômico. Como falei, o filme não se leva a sério, o que pode funcionar como desculpa para o espectador que notar diversas facilidades e conveniências de roteiro ajudando no andamento da aventura.
Além disso, o tom leve da produção não combina com momentos de drama que são inseridos aqui. A problemática que envolve Edgin e sua filha Kira (Chloe Coleman) mostra-se válida, mas com pouco peso para cenas mais sóbrias. Especialmente uma no final que envolve a personagem de Holga, era óbvio que eles queriam nos emocionar, mas isso não acontece.
Outra questão é que, por mais que seja uma trama simples, é fácil se perder na quantidade de nomes, locações e relações entre personagens que são introduzidas aqui. Provavelmente esse tipo de complexidade bebe direto da fonte do projeto, porém para o espectador médio pode se tornar enfadonho, diminuindo o engajamento com a história.
Veredito
Como uma aventura leve, com soluções previsíveis e personagens simpáticos, Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes obtém êxito. Acredito que o texto poderia se dedicar mais a engrandecer as relações entre seus protagonistas, a fim de garantir uma maior afinidade com o público e também esconder melhor as facilidades de roteiro. Mas, no geral, a sua falta de pretensão tende a deixar mais fácil perdoar esses deslizes.
A produção consegue entregar uma aventura visualmente interessantes, abusando de cenários grandiosos e com um CGI bem calibrado na maior parte do tempo; além de uma ação divertida. Os antagonistas vividos por Hugh Grant e Daisy Head cumprem seu papel, mas não possuem tempo de tela o suficiente para representarem uma ameaça tão poderosa.
No fim Dungeons & Dragons pode ser visto como um projeto simpático, sem muitas pretensões, mas um grande potencial para se tornar franquia, pois não existe nem mesmo a necessidade de trazer todos os personagens de volta para continuar explorando esse universo. Resta saber se o retorno nas bilheterias pode justificar esse tipo de investimento.
Pontos positivos:
- Trama leve
- Personagens simpáticos
- Boas cenas de ação
Pontos negativos:
- Facilidades de roteiro
- Drama incongruente com o restante do texto
- Excesso de conceitos apresentados
NOTA: 7/10