Ir embora da sua cidade ou do seu país é um desejo que todos já tiveram, seja qual for o motivo. De toda forma, é um difícil processo de amadurecimento, ainda mais em um novo ambiente em que você não se encaixa com facilidade.
Luca, nova animação da Pixar lançada no Disney+, é o clássico exemplo de história de fuga e autodescobrimento que tanto conhecemos ao longo das obras da Disney. Confira nosso veredito.
Piacere, Luca
Uma vez superado o medo pelo desconhecido, a vontade de desbravá-lo só aumenta. Para Luca, um jovem monstro marinho que cuida do cardume de sua família, o ambiente inexplorado é a superfície. Porém, quando conhece Alberto, outro de sua espécie, é levado ao novo mundo, ainda com receios, mas com muitos sonhos.
A Pixar reforça ano após ano sua capacidade de humanizar o não-humano. Comentar sobre essa relação de empatia ou sobre a qualidade de animação sempre evoluindo é chover no molhado.
Diferente de trabalhos recentes como Viva – a Vida é uma Festa (2017) e Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica (2020), pouco é mostrado da realidade marinha do protagonista, deixando a parte mística de lado para focar em sua experiência terrestre na cidade de Portorosso, na Riviera Italiana.
Foto: Divulgação
“Santa mozzarella!”
1º longa do diretor Enrico Casarosa, genovês conhecedor do litoral italiano, Luca é recheado de referências cinematográficas da Terra da Bota, de Mastroianni a Fellini. A direção também consegue transportar os ares de uma pequena cidade pesqueira à tela, embora por pouco tempo.
O ponto alto é a amizade entre Luca, Alberto e Giulia, filha de um pescador que ajuda os garotos – que estão escondendo suas reais identidades – em sua aventura em busca de uma Vespa.
A adaptação à cidade e aos seus costumes típicos diverte mais em seu 2º ato do que o restante do filme, aproveitando o dia a dia em menor escala, compensando a falta de profundidade na vida dos monstros marinhos.
Foto: Divulgação
Veredito
A proposta de Luca não é encher os olhos do público com sua animação ou incitar reflexões existencialistas como Soul (2020) fez. A intenção é apenas reiterar a importância da amizade e da compreensão de diferenças entre grupos distintos.
Apesar desse último ponto ser forçado na reta final da obra e resolvido em um piscar de olhos, sem justificativas aceitáveis ao que foi construído como base da história.
Dentro de suas limitações narrativas, o novo longa da Pixar se torna somente outra opção de confort movie, aquele que você assiste para passar o tempo enquanto faz outra atividade. E não há problema nisso, visto que nunca prometeu nada além.
Pontos positivos
- Dinâmica entre os protagonistas
Pontos negativos
- Misticismo pouco explorado
- Resolução final fora da lógica interna do filme
NOTA: 6,5