Veredito de Mare of Easttown

06/06/2021 - POSTADO POR EM Séries

De Sharp Objects (2018), a Chernobyl (2019) e Watchmen (2019), a HBO mostra ano após ano que se há um formato que domina no mercado televisivo é o de minisséries. Nenhuma rede produz tantas obras de alto nível nesse estilo, e Mare of Easttown entra com tranquilidade no hall de suas melhores.

Disponível na HBO Go, a produção estrelada por Kate Winslet chegou ao seu 7º e último episódio na semana passada e surpreendeu até os usuários mais metidos a decifradores de mistérios. Confira nosso veredito a seguir.

Pressão da comunidade

Querer saber da vida alheia em um bairro ou cidade pequena é um mal não só brasileiro, mas universal. Na pacata Easttown, na Pennsylvania, esse contrato de longa data tanto ajuda quanto prejudica Mare Sheehan (Kate Winslet), detetive encarregada de um caso de desaparecimento da filha de Dawn Bailey (Enid Graham), colega de infância, sem solução há um ano. 

A ineficiência na investigação gera desgaste na confiança da população em Mare, que ainda não teve o tempo necessário de luto pela morte de seu jovem filho. 

Quando um corpo de uma adolescente é encontrado em um riacho, a cobrança pesa ainda mais para as autoridades e para a detetive, que ainda cuida de seu neto, órfão de pai. Mesmo com a chegada de outro investigador, Colin Zabel (Evan Peters), para o caso, o lento progresso devido às pistas fracas derivadas de atritos com conhecidos de Mare a levam à beira de um colapso por seus traumas mal resolvidos.

Imagem: Divulgação

Sem tempo para dor

Winslet é a dona na minissérie. Dentro e fora da trama – a atriz também é produtora -, é ela quem dita o ritmo junto ao diretor Craig Zobel, por meio da história de Brad Ingelsby, responsável pelo encaixe dos pequenos elementos dos primeiros episódios às soluções dos crimes nos capítulos finais, sempre os conectando sem a impressão de twists forçados ou de bengalas narrativas.

Aos poucos, entendemos o drama de Mare. Passando pelo peso da culpa da morte de seu filho, uma relação desgastada com a mãe Helen (Jean Smart) – o ótimo alívio cômico em meio ao turbilhão de problemas – e um conflito com o ex-marido Frank (David Denman), prestes a se casar. 

O volume de preocupações internas da protagonista não surpreende, mas o tempo investido na obra para trabalhar cada uma delas, sim, e positivamente. Não há somente uma grande investigação rolando entre os episódios, há um turbulento processo de redescobrimento de uma mulher saturada que usa os casos como desculpa para não cuidar de sua própria cabeça.

Imagem: Divulgação

Veredito

Mare of Easttown não inova em nada no gênero de suspense. Nem precisa. Executa a proposta de mistério com drama familiar na dose certa, sem pender demais para um lado ou outro. 

O formato de minissérie possibilita esse desenvolvimento calmo entre os “respiros” dos momentos mais ativos e tensos. Mais um acerto para a conta da HBO.

Pontos positivos 

  • Protagonista de peso com ótimo progresso dramático
  • Mistério bem traçado sem twists forçados

Pontos negativos

  • Nenhum

Nota: 9,5