Veredito de Emily em Paris

20/10/2020 - POSTADO POR EM Séries

Desde que foi lançada pela Netflix, a série Emily em Paris deu muito o que falar na internet. Estrelada por ninguém menos que Lily Collins e criada por Darren Star, um dos nomes responsáveis por Sex And The City (1998 – 2004), a produção prometeu ser uma versão atualizada do clássico filme O Diabo Veste Prada (2006), dessa vez tendo como plano de fundo a Europa. Conferimos a série e vamos contar aqui nossas impressões.

Emprego dos sonhos

Emily (Lily Collins) é uma jovem americana que trabalha com o marketing de marcas de luxo nos Estados Unidos. Quando ela menos espera, recebe uma proposta de trabalho irrecusável, porém é necessário que a moça deixe sua cidade, Chicago, e se mude por um ano para Paris.

Chegando na capital francesa, Emily se depara com inúmeros desafios, o primeiro deles é a língua, com a qual ela não tem nenhuma familiaridade. E há também a antipatia de sua nova chefe, Sylve (Philippine Leroy-Beaulieu), que faz praticamente tudo para puxar o tapete da novata.

Além dos problemas no trabalho, ela ainda se apaixona pelo namorado de uma amiga, Camille (Camille Razat), que a ajuda a se adaptar e conhecer melhor as pessoas influentes de Paris. Apesar de tudo isso, Emily consegue encontrar uma confidente, Mindy (Ashley Park), e ainda se torna uma espécie de influencer por dividir tudo que acontece no seu dia a dia nas redes sociais.

Imagem: Divulgação

Um clichê atrás do outro

A história da menina sonhadora, batalhadora e ambiciosa não é nada inovadora, principalmente nos dias de hoje, quando se fala tanto de não desistir dos sonhos, porém a série peca ao tirar toda a veracidade que essa narrativa poderia ter. É praticamente impossível conhecer alguém que trabalhe com marketing ou publicidade e esteja 24 horas por dia belíssima e disposta a aceitar mais trabalho.

Em uma época onde se fala tanto sobre as síndromes de esgotamento por trabalho, como o burnout, a produção romantiza demais a personalidade workaholic de Emily. Tudo isso contribui para que não haja aproximação do público com a protagonista, no máximo sentimos inveja de seu guarda-roupa lotado de peças de grifes de alta costura.

Se não bastasse todo o afastamento da postura dela, ainda existe uma visão meio distorcida da personagem sobre a cultura francesa. Apesar de achar a cidade linda e gostar do lugar, Emily compara o tempo inteiro os hábitos europeus e americanos, chegando a ser chato. 

No momento em que se tentou fazer alguma crítica interessante, ela foi extremamente mal feita e de péssimo gosto. Com certeza você já deve ter visto um anúncio de perfume francês em algum lugar, e ele dificilmente estava relacionado com nudez feminina. A série usa isso para fazer uma tentativa de chamar atenção sobre a objetificação do corpo das mulheres, mas naquele momento só vemos Emily reclamando sobre e não explica quais são os reais problemas.

É incômodo como Emily em Paris representa suas personagens femininas, estereotipado todas e reforçando que, supostamente, na França as mulheres precisam ser extremamente bem refinadas e educadas, porém é só pesquisar cinco minutos no Google e verá que não é bem assim.

Imagem: Divulgação

Veredito

Se os clichês fossem o único problema, Emily em Paris não seria tão ruim como é. Os personagens são todos fracos demais, construídos de forma simples, irrelevante e de maneira cansativa. Outro problema está relacionado ao elenco. Paris possui uma grande população negra, porém na série inteira existe apenas um personagem negro e ele ainda é representado nem tem tanto protagonismo assim.

O roteiro também é lotado de furos e diálogos sem nenhum sentido, além de ter acontecimentos completamente repetitivos. Em praticamente metade do tempo, a série pode ser resumida a palavrões e reclamações.

A justificativa que a produção utiliza para o enredo enfadonho e sem carisma é que deve ser simples mesmo, um entretenimento rápido para relaxar e não pensar muito. Porém, o resultado é que questionamos o tempo inteiro os porquê da existência da série e como Lily Collins desperdiçou seu talento em algo tão ruim.

Pontos positivos

  • Episódios curtos
  • Boa atuação de Lily Collins

Pontos negativos

  • Excesso de clichês
  • Trama cansativa
  • Personagens chatos
  • Roteiro com muitos furos
  • Diálogos previsíveis

NOTA: 4,5