Veredito da 4ª Temporada de The Crown

20/11/2020 - POSTADO POR EM Séries

Desde sua estreia em 2016, The Crown é uma das séries mais caras da Netflix e também uma das mais assistidas da plataforma de streaming. Conhecida por retratar a vida da monarquia inglesa da forma mais fiel possível à realidade, o programa não deixa, contudo, de mesclar fatos com ficção. A repercussão da quarta temporada começou logo quando os primeiros teasers foram liberados, principalmente por ter como um dos temas a vida da célebre Princesa Diana.

Conferimos a quarta temporada e vamos contar o tudo que achamos. O texto não tem spoiler, mas convido você, que não assistiu ainda, a ler as nossas expectativas. Que tal conferir?

Enredo

No fim dos anos dos 1970, a coroa britânica estava em uma situação complicada. A imagem pública não era mais a mesma e a população estava revoltada por ter que “sustentar” a família real enquanto o desemprego só aumentava. O país passava ainda por inúmeros problemas econômicos e questões políticas sérias, como o Bloody Sunday (ocasião em que o exército britânico abriu fogo em civis durante um protesto, matando 26 pessoas em 1972) e a separação da Irlanda do Norte do Reino Unido.

Nessa perspectiva, a coroa precisava de alguém para se reinventar, e, principalmente, cuidar da continuidade da monarquia, já que o príncipe Charles (Josh O´Connor) estava passando dos 30 anos e não havia se relacionado com ninguém de forma séria que fosse adequado para à família.

Eis que surge uma jovem de pouco mais de 19 anos que veio a suprir todas as expectativas da coroa. Lady Diana Spencer (Emma Corrin) chamava atenção pela sua beleza, educação e por ser exatamente o que a coroa esperava da esposa de um futuro rei. Não é a toa que em pouco tempo a moça casou-se com Charles e deixou todo o Reino Unido e o resto do mundo apaixonados, querendo acompanhar a suposta história de amor.

Para pôr um fim na crise econômica britânica nos anos 1980 Margaret Thatcher (Gillian Anderson) foi eleita. Conhecida mundialmente como a Dama de Ferro, ela era dona de uma personalidade forte e não foram poucos os momentos em que ela e a Rainha Elizabeth II (Olivia Colman) protagonizaram conversas mais acaloradas durante reuniões particulares.

Imagem: Divulgação

Temporada Corajosa

De todas as temporadas de The Crown, muito provavelmente essa seja a que mais irritou a família real, e não é para menos. Peter Morgan, diretor da série, resolveu expor muitos dos problemas da monarquia, incluindo sua frieza, os conflitos familiares, e transtornos alimentares. Além de alguns diálogos que deixam qualquer pessoa mais sensível com vontade chorar, há cenas fortes e um aviso no início dos episódios alertando que momentos delicados estão por vir.

Ao retratar a bulimia de Diana da forma mais real possível, com momentos de sério impacto, e apresentar as brigas entre o casal de príncipes, Peter provou que estava engajado em entregar uma obra-prima. Em alguns momentos, parece que realmente estamos vivendo dentro dos anos 1980 e queremos abraçar Lady Di para consolá-la.  

Morgan ainda foi corajoso e soube mostrar com a maestria que a coroa era contra o romance de Charles e Camilla (Emerald Fennell), o que chamou atenção de inúmeros biógrafos da monarquia e aqueles que conheciam a história através da entrevista polêmica de Diana. Apesar disso, Peter colocou a conta da traição no colo de Camilla, como é esperado, mas a responsabilidade foi dividida, assim como na vida real.

É claro que algumas cenas receberam um toque de ficção, já que apesar de baseada em acontecimentos reais, ela não é uma biografia. Porém, a mistura dos dois elementos soube como prender o espectador e ajudou no desenvolvimento do enredo.

Imagem: Divulgação

Veredito

A qualidade técnica de The Crown sempre chamou atenção, principalmente quanto ao figurino e as locações utilizadas. Nessa temporada não foi diferente, sendo assustadora a semelhança entre as atrizes Emma Corrin e Gillian Anderson com e suas respectivas personagens. Mas não é só fisicamente que Corrin pode ser comparada à Diana: sua forma de se comportar, seus trejeitos e olhares só mostram o quanto ela se dedicou ao papel, entregando um resultado notável. 

O roteiro tem um desenrolar perfeito, contando uma história que faz sentido e não apresenta furos. Ele também permite que os personagens cresçam e assumam as posições que são cobradas deles na cena. A quantidade de detalhes, que poderia ser um problema, na verdade se tornou algo mais interessante e que deve ser elogiado nesta temporada. Os diálogos não são preguiçosos e trazem uma riqueza de informações – que serão relevantes em algum momento. 

A escolha da trilha sonora também merece um destaque todo especial. Com músicas que vão de David Bowie a Stevie Nicks, ela combina exatamente com os momentos e a temática de cada episódio. Os dez episódios foram construídos de forma calculada para que o espectador se mantivesse atento e não perdesse nenhum detalhe. Foram retratados “apenas” cerca de doze anos, tempo em que houveram tantos acontecimentos que facilmente algo poderia ser perdido, mas isso não aconteceu justamente porque a curadoria foi feita de forma eficiente.

Agora só nos resta esperar pela próxima e penúltima temporada, já que em várias entrevistas, o showrunner da série falou que não pretende esticar e os acontecimentos só irão até o fim dos anos 1990 e início dos 2000. Ainda não existe data para o lançamento da quinta temporada.

Pontos Positivos:

  • excelente roteiro;
  • atuações fantásticas;
  • grandes momentos de construção de clímax;
  • cenografia perfeita;
  • figurino bem elaborado;
  • trilha sonora maravilhosa.

Pontos Negativos:

  • personagens importantes da vida de Lady Di não foram mostrados, como o pai e o irmão.

Nota: 10/10