Veredito da 2ª temporada de His Dark Materials

31/12/2020 - POSTADO POR EM Séries

Antes mesmo de estrear, His Dark Materials já tinha sua segunda temporada garantida. Isso deve-se ao fato das gravações dos dois anos terem acontecido praticamente juntas, com a justificativa de que não ficasse tão perceptível o crescimento das crianças Dafne Keen (Lyra Silvertongue) e Amir Wilson (Will Parry) de uma temporada para outra. Com isso, a produção não se prejudicou tanto com a pandemia e a única baixa foi no número de episódios de 8 para 7.

A nova temporada adapta para as telas os eventos ocorridos em A Faca Sutil, segundo livro da trilogia Fronteiras do Universo, de Philip Pullman. Entre muitas aventuras, grandes perigos e incríveis descobertas, vamos contar o que achamos da segunda parte de His Dark Materials.

Mundos paralelos

Na obra de Pullman, somos apresentados a Will Parry apenas no início do segundo livro, o que poderia deixar o leitor um pouco perdido: Será que eu estou lendo o livro certo? Será que estou lendo na ordem certa? Cadê Lyra, Sra. Coulter e o resto do pessoal? Apenas alguns capítulos adiante na leitura é que as coisas começam a se interligar e fazer sentido.

Na adaptação para a série, conhecemos um pouco do mundo e da origem do garoto já na primeira temporada e isso foi uma ótima sacada da produção, pois deixou a narrativa mais fluida e funcionou muito bem para a linguagem audiovisual. Com isso, é de se esperar que já encontremos elementos do terceiro livro, A Luneta Âmbar, diluídos discretamente ainda nessa temporada, o que, de fato, acontece.

Imagem: Divulgação

Olha a faca!

O elemento-chave dessa segunda temporada é a Æsahættr, também chamada de Faca Sutil, conhecida por cortar qualquer coisa e também abrir fendas por onde pode-se transitar entre os mundos. Esse artefato é capaz de escolher o seu portador, quando este tem seus dedos anelar e mínimo cortados pela própria faca. 

Assim como o aletiômetro de Lyra, que fala a verdade para quem souber interpretá-lo, a Æsahættr é um item bastante cobiçado e deve ser protegido pelo portador escolhido para que não caia nas mãos erradas.

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E a coisa vai ficando séria…

Enquanto o primeiro ano de His Dark Materials tem um ar mais cheio de fantasia e aventura, na nova temporada, as coisas vão ficando mais sérias e perigosas, principalmente porque o Magistério está se sentindo cada vez mais desafiado, juntamente com as tensões entre a instituição religiosa e as bruxas. Além do mais, a Sra.Coulter (Ruth Wilson) e Lorde Boreal (Ariyon Bakare) continuam atentos e dispostos a qualquer coisa para conseguirem o que querem.

A produção traz, sem receio, as discussões dos assuntos delicados e complexos da obra de Pullman, sobre livre arbítrio e predestinação, entrando mais a fundo no conceito do . Enquanto o Magistério considera o tema uma heresia perante a Autoridade, do outro lado, somos introduzidos à personagem da Dra. Mary Malone (Simone Kirby) e sua pesquisa sobre a Matéria Negra que, com a ajuda de Lyra, obtém algumas respostas mas também se depara com outras perguntas.

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O valor da amizade

O cenário fantástico do universo com humanos e daemons, bruxas e ursos de armadura vai dando mais espaço ao nosso mundo e a um terceiro, onde os pequenos grandes heróis se encontram pela primeira vez depois de fugir de suas realidades. O problema é que esse lugar, chamado Cittàgazze, é praticamente uma cidade fantasma com seus próprios perigos e mistérios.

A relação entre Lyra e Will se desenvolve aos poucos e em meio a seus dramas pessoais: ela acaba de perder Roger (Lewin Lloyd), seu melhor amigo, e o garoto está na busca do paradeiro do pai. Eles acabam unindo forças e surge uma grande amizade entre ambos. O apoio mútuo transforma-os em figuras cada vez mais fortes, mesmo que eles mesmos não enxerguem e toda essa jornada acaba sendo uma preparação para as grandes responsabilidades que lhes serão conferidas.

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Veredito

A segunda temporada de His Dark Materials entrega uma trama bem desenvolvida e madura, capaz de prender ainda mais a audiência. A produção parece ter se empenhado em mostrar um pouco mais os daemons, elementos importantes no mundo de Lyra. Ruth Wilson continua dando uma surra de atuação, como Sra.Coulter, personagem que faz tudo acontecer na história, não importa em que mundo ela esteja. Ela continua tão manipuladora que deixa até o telespectador na dúvida se é mesmo uma vilã no fim das contas.

Ainda assim, teve alguns problemas, como a pouca atenção para as histórias paralelas, como o conflito entre bruxas e Magistério, onde houve toda uma tensão, mas não chegou a lugar nenhum. O embate com as crianças de Cittàgazze também se mostrou superficial. A rivalidade entre Angélica (Bella Ramsey) e Lyra, é menosprezada no meio da história e junto com Paola (Ella Schrey-Yeats), tem o arco finalizado de qualquer jeito, enquanto as outras crianças apenas deixam de aparecer.

A terceira e última temporada da série já está garantida, para a alegria dos fãs, que poderão ver essa história ser concluída nas telas. Jack Thorne apresentou uma produção coesa, com mais maturidade e cheia de emoção. Com isso, tem tudo para fechar a trilogia dessa obra com maestria.

Fun Fact: Andrew Scott e Phoebe Waller-Bridge atuaram juntos na segunda temporada da série Fleabag e repetiram a dobradinha em His Dark Materials: Waller-Brigde dando voz ao daemon do personagem de Scott.

Pontos positivos

– Muitos daemons
– Aprofundamento dos temas
– Suspense e emoção

Pontos negativos

– Descaso com núcleos secundários
– Pouco destaque na resolução de alguns conflitos
– 1 episódio a menos

NOTA: 8,5