A ideia de “torcer pelo ladrão” rendeu bons frutos à Netflix com o sucesso de La Casa de Papel e, em Lupin, nova aposta do serviço de streaming, o sentimento continua, semelhanças à parte. A série francesa é, digamos, mais charmosa que sua prima espanhola e também já tem uma próxima temporada garantida devido ao seu sucesso nas últimas semanas. Confira nosso veredito sobre Lupin aqui!
Inspiração principal
O jovem senegalês Assane Diop (Omar Sy) presencia a prisão de seu pai, Babakar (Fargass Assandé), motorista de um milionário de Paris, Hubert Pellegrini (Hervé Pierre), que acusou seu funcionário de roubar um valioso colar.
25 anos depois, o mesmo objeto é encontrado e leiloado no Museu do Louvre. A grande oportunidade para Assane tomar posse daquilo que levou embora o único membro de sua família. Os métodos para isso tiveram uma inspiração pessoal: as histórias de Arsène Lupin, um ladrão cavalheiro conhecido por sua persuasão e habilidade com disfarces. O livro sobre o personagem foi o legado final de seu pai, motivação para desenvolver seus próprios talentos na arte de furtar.
Imagem: Divulgação
Pulos para o passado
A comparação no começo com o boom de La Casa de Papel para na temática “roubo”. Lupin tem um ritmo mais direto, sem explorar os planos detalhadamente ou focar tanto na ação quanto a produção espanhola.
Porém, por contar com apenas cinco capítulos na temporada de estreia, sofre de dois problemas que mais alguns episódios resolveriam: a desregulada variação entre as linhas temporais e a falta de profundidade na relação entre Assane e seu pai, ponto importante para o peso das ações do protagonista.
A 1ª questão é mais estrutural, com os saltos para o passado vemos o Assane adolescente sempre aparecendo como forma de justificativa de suas atitudes. O que poderia ser um episódio inteiro focado apenas nos fatos que o formaram como adulto foi desmembrado em diversos cortes ao longo das quase cinco horas, que quebram o ritmo da trama do presente.
Uma escolha por essa progressão linear talvez amenizasse também a 2ª questão relativa ao tempo disponível para Assane e Babakar juntos. O pai é o gatilho e a motivação para o filho armar o furto, mas a série não nos mostra tanto o forte laço entre ambos. A pressa no capítulo inicial para que o plano ocorra deixa clara essa percepção.
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Veredito
Lupin ganha força a partir do 3º episódio, quando o foco passa à investigação do que motivou a injusta prisão de Babakar. Em um misto de Sherlock e de Ethan Hunt, Assane se esforça para avançar no complexo caso enquanto tenta manter a relação com seu filho e a ex-esposa saudável.
O charme de Omar Sy traz leveza e diversão nos momentos mais tensos, mas não é suficiente para esconder inconsistências na história. As mais visíveis são seu disfarce no leilão como milionário, resolvido com apenas um print falso da wikipédia, e no baita furo da jornalista que o ajuda contra Pellegrini, guardado, sabe-se lá porquê, por tantos anos por quem buscou de forma incessante derrubar o vilão e se deu por derrotada.
Apesar dos problemas, Lupin se destaca na Netflix por um fator essencial: seu potencial de maratona como série pequena e elétrica. Em uma tarde é possível terminar tudo e se entreter de forma decente. Não à toa foi vista em mais de 70 milhões de casas em apenas 28 dias, de acordo com projeção do Deadline. É abrir a pipoca e curtir.
Pontos negativos
- Pouco peso na relação pai e filho, ponto fundamental na trama
- Inconsistências em certos momentos
Pontos positivos
- Charme de Omar Sy como Assane
- Ritmo frenético com potencial para maratonar
NOTA: 7,5