Até agora, 2025 tem se mostrado um ótimo ano para o terror, com produções marcantes e inesperadas. Seguindo essa onda, a Warner apresenta A Hora do Mal, estrelado por Julia Garner (Inventando Anna, Ozark). Mas será que o longa cumpre o que promete? Conferimos e trazemos nossas impressões.
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Enredo
Em uma pequena cidade, 17 crianças de uma mesma sala desaparecem misteriosamente durante a madrugada. Todas eram alunas da professora Justine Gandy (Julia Garner).
Sem respostas, os pais passam a pressioná-la, acreditando que ela pode estar envolvida. Assustada e tentando provar sua inocência, Justine inicia sua própria investigação para entender o ocorrido.

Um grande acerto
A Hora do Mal surpreende com um roteiro enxuto, sem enrolações, e que utiliza quatro pontos de vista diferentes para narrar a história. Essa escolha não apenas enriquece o enredo, mas também mostra como cada ação é moldada por um contexto, permitindo que o público julgue personagens e atitudes de maneira mais complexa.
Os personagens são muito bem construídos, mas Gladys (Amy Madigan) merece destaque. À primeira vista, ela poderia destoar do filme, tanto pelo visual quanto pelo comportamento. No entanto, o roteiro a integra com maestria, transformando-a em uma figura assustadora, desconfortável, e que combina completamente com os fatos.

O luto
Um dos aspectos mais interessantes de A Hora do Mal é a abordagem do luto. Não o luto pela morte em si, mas pela ausência, pelo vazio deixado sem explicação. O filme explora como a vida cobra que os indivíduos sigam em frente sem sequer ter noção daquilo que os abateram.
Esse impacto pode ser observado a partir dos personagens de Justine, que precisa continuar trabalhando apesar da sala de aula vazia; e de Archer Graff (Josh Brolin), um pai que vive obcecado pela busca do filho desaparecido, enquanto sua relação conjugal desmorona.
Além das dores individuais, o sofrimento coletivo também ganha força. A cidade inteira transforma sua angústia em perseguição contra Justine, tornando-a alvo de acusações que ela própria não compreende.

Veredito
A Hora do Mal é um terror psicológico sólido, que aposta mais no desconforto e na tensão do que em jumpscares. A pesquisa para o roteiro é evidente, com referências marcantes — como a forma de correr das crianças, inspirada diretamente na famosa fotografia de Nick Ut durante a Guerra do Vietnã.
A direção merece destaque por manter a tensão constante e explorar ao máximo os detalhes de linguagem corporal e expressões dos atores.
O elenco, especialmente o infantil, se destaca mesmo com pouco tempo de tela, e os personagens que conduzem os diferentes pontos de vista funcionam quase como protagonistas individuais, o que dá força extra à narrativa.
Pontos positivos:
- Elenco
- Direção
- Plot
- Roteiro
Pontos negativos:
- Não tem
NOTA: 10/10