Hilda: Uma Aventura pelo Imaginário Infantil

15/10/2018 - POSTADO POR EM Séries

Inspirada nos quadrinhos homônimos de Luke Pearson, “Hilda” é uma das mais novas animações a chegar na plataforma da Netflix. Com um universo cheio de mistérios e criaturas fantásticas, a série animada conta a história de Hilda, uma garotinha que vive com a mãe e sua corsa-raposa de estimação Hélio no meio de uma floresta mística. A produção tem classificação livre, mas emociona não só o público infantil, tocando a qualquer um que a assista.

Trolburgo

Trolburgo é a cidade para onde Hilda precisa se mudar após um incidente burocrático com uma pequena civilização de elfos. A cidade, que é rodeada de muros, apesar de cheia de casas e humanos, não perde o tom místico do universo em que a história se passa. Na verdade, os elementos de tom fantástico prevalecem, vindos das mais diversas referências, seja do mundo dos RPGs, como Trolls e Elfos, ou seja por mitos da ficção.  

É extraordinário o mundo com o qual temos contato dentro do desenho, que reinventa os quadrinhos em uma animação encantadora em 2D  – similar a de outras obras do gênero, como “Gravity Falls” (2015) e “Over The Garden Wall” (2014). Aqui, vemos uma autêntica criação de personagens, com referências diversas, trazendo desde criaturas fofas e redondas que sobrevoam os céus, a gigantes apaixonados que vagam em busca de seus parceiros.

Imagem: Divulgação

A Força dos Personagens

Dentro desse universo vasto e interessante, Hilda tenta se adaptar a cidade, enfrentando o primeiro contato com outras crianças de sua idade em um novo ciclo de amadurecimento e descoberta. E assim é construída uma personagem forte, intrépida e animada. Uma figura em desenvolvimento, mas também uma ótima heroína para as crianças.

Outro ponto primordial da animação é a sensibilidade com que trata as relações entre os personagens, que por sua vez são autênticos e possuem seu próprio arco de desenvolvimento. Até mesmo os seres fantásticos têm seu valor dentro da trama, onde se sobressaem da mera posição de coadjuvantes antagônicos.

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Viva a imaginação

Em “Hilda”, as aparências enganam, e enganam para melhor. Há sempre uma quebra de expectativa e uma boa dose de aventura e humor. Os episódios são contados de forma dinâmica e apresentam os mais diversos plots: como uma sociedade bastante burocrática de elfos, um debate acalorado entre deuses do clima ou uma revitalização de jardim que acaba virando uma aventura por túneis de terra. É um excelente exercício a imaginação.

As questões presentes nos episódios e a forma como são solucionadas mostram uma narrativa madura, mesmo que de fácil apreensão para o público infantil. Aqui, os conflitos são resolvidos com diálogos racionais, compreensão e, em sua maioria, não envolvem qualquer magia ou violência. É uma forma não muito usual dentro das histórias de aventura, mas se desenvolve de forma muito construtiva na trama, que evita Deus Ex Machinas ou saídas simples demais.

Imagem: Divulgação

Veredito

A obra, a priori infantil, esconde um potencial impressionante. Além de muito bem animada e com ótimos cenários e personagens, o desenho se destaca entre as aventuras desse gênero, trazendo ótimas referências e elementos bastante originais das obras de fantasia. Sua protagonista é forte e sustenta bem a carga de sua história, não tirando, entretanto, o mérito dos outros personagens, que são igualmente importantes e bem desenvolvidos. O ritmo não se perde de episódio para episódio, e sua notável qualidade é mantida.

“Hilda” é, assim, uma animação que surpreende e encanta, imergindo o público em uma experiência imaginativa única e, para alguns, nostálgica. É como um forte abraço aconchegante para os fãs de obras animadas e fantasia.

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