Veredito de Elden Ring: Nightreign

Sticky09/06/2025 - POSTADO POR EM Jogos

A FromSoftware, conhecida por forjar experiências solitárias, sombrias e quase punitivas, decidiu mexer na própria fórmula. Elden Ring: Nightreign é uma reimaginação do que pode ser um jogo soulslike em 2025. A ideia de colocar o jogador em sessões cooperativas de três pessoas, com runs curtas, objetivos diretos e uma sensação constante de urgência, é tão inesperada quanto ousada. E por mais que algumas arestas estejam longe de serem polidas, o risco compensa.

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História:

A trama de Nightreign não está ali para conduzir a jornada — ela serve mais como pano de fundo. Limveld, a nova região amaldiçoada, funciona como uma arena ritualística onde ciclos de três noites precisam ser vencidos para avançar. Existe um senso de repetição e sacrifício que casa bem com a filosofia da From, mas aqui, a narrativa se esconde nos detalhes — como sempre, aliás.

NPCs com falas crípticas, descrições de itens que insinuam mais do que explicam e chefes com aparência e nomes enigmáticos. Não há cutscenes grandiosas ou diálogos expositivos. O jogo confia que, se o jogador quiser entender, ele vai cavar por conta própria. E se não quiser, tudo bem — o foco está em sobreviver, e não exatamente em saber por quê.

Imagem de Elden Ring Nightreign

Jogabilidade

O ponto central de Nightreign está na jogabilidade — e é aqui que as maiores mudanças acontecem. Nada de vagar livremente por um mapa gigantesco como em Elden Ring. Agora, tudo gira em torno de runs divididas em três noites: exploração, preparação e confronto com o Nightlord, um chefe de peso.

Essas sessões são feitas exclusivamente com três jogadores. Você escolhe um personagem com habilidades únicas (um atacante mais agressivo, um defensor parrudo, um suporte mais técnico) e entra num mapa onde o tempo, o espaço e os recursos são limitados. Armas e equipamentos são coletados na hora, o que obriga o trio a se adaptar à sorte do loot. E, como o progresso não é 100% perdido após falhar, há um sistema de evolução entre tentativas que traz certo alívio sem tirar o desafio.

Mas a cereja do bolo — ou o espinho no pé — é o fato de que o jogo exige colaboração. Não é só mais difícil jogar sozinho: é impossível. Tudo depende do entrosamento do trio. Sem comunicação adequada, a frustração aparece rápido. E como não há um sistema de voz embutido no jogo, quem joga com desconhecidos precisa contar com boa vontade e intuição.

É um formato que recompensa planejamento e trabalho em equipe, mas que pode ser brutal para quem prefere jogar no próprio ritmo.

Imagem de Elden Ring Nightreign

Gráficos e Trilha sonora

Limveld é sufocante, e isso é um elogio. A paleta de cores sombria, o clima opressivo e o design dos cenários transmitem uma sensação de decadência quase poética. O mapa, embora menor e mais fechado que o mundo aberto do jogo base, é cheio de pequenos detalhes — das ruínas cobertas de névoa às criaturas deformadas que se escondem nas sombras.

Algumas quedas de desempenho surgem em momentos mais intensos, especialmente quando efeitos visuais se acumulam durante os combates. Nada catastrófico, mas perceptível. Ainda assim, a direção de arte se mantém como um dos grandes trunfos da From. Mesmo num formato mais contido, o jogo continua visualmente expressivo e atmosférico.

A música segue a linha discreta que caracteriza os jogos da From. A maior parte do tempo, o que se ouve é o ranger das folhas, o eco dos passos e o som distante de algo que parece estar te caçando. Quando a trilha aparece, principalmente em lutas contra chefes, ela chega com força — orquestrada, grandiosa, ameaçadora.

É um trabalho de som que se baseia mais em criar clima do que em encher o ambiente. E funciona. O silêncio, aqui, é tão importante quanto as notas. A ausência de trilha sonora em muitos momentos contribui para a sensação de isolamento (mesmo jogando em trio) e reforça a tensão que guia toda a experiência.

Veredito

Elden Ring: Nightreign é uma releitura do que significa ser um jogo da FromSoftware. Ao abandonar o foco no individual e abraçar a cooperação, o título corre riscos. E nem todos dão certo. A exigência de trio fixo pode afastar jogadores solo, a falta de ferramentas de comunicação atrapalha partidas públicas, e a curva de aprendizado ainda é ingrata para iniciantes.

Mas, quando tudo funciona — quando o time se entende, o loot colabora e a estratégia se encaixa — Nightreign brilha. O combate é fluido e recompensador, a sensação de progressão entre tentativas é bem dosada, e o ciclo de repetir para aprender continua viciante como sempre.

Pontos positivos

  • Proposta cooperativa divertida
  • Combate variado, com builds distintas
  • Alto fator de rejogabilidade

Pontos negativos

  • Jogabilidade 100% dependente de trio pode ser limitante
  • Falta de comunicação no multiplayer público atrapalha
  • Quedas de desempenho em momentos pontuais

Nota: 8.0