Lançado pelo estúdio independente Dogubomb e publicado pela Raw Fury, Blue Prince é um título que desafia as convenções tradicionais do gênero aventura. Sem combates, sem reflexos exigidos e com um ritmo cadenciado, o jogo mergulha o jogador em uma mansão que muda a cada novo dia, oferecendo um dos mundos mais intrigantes e repletos de mistérios dos últimos anos.
Confira agora o nosso veredito do jogo!
História
A narrativa de Blue Prince gira em torno de Simon, um jovem que herda a misteriosa mansão Mt. Holly após a morte de seu avô, Herbert S. Sinclair. O ponto de partida é simples: encontrar a enigmática Sala 46, que supostamente nem deveria existir. Porém, é justamente a simplicidade do objetivo que escancara a complexidade por trás da trama.
Com uma ambientação envolvente e progressão fragmentada, o jogo revela sua história aos poucos, por meio de documentos, cartas e artefatos espalhados pela mansão. A construção da narrativa é feita com paciência e atenção aos detalhes, e a própria casa se transforma em uma personagem viva, com seus próprios segredos e comportamentos.
O roteiro evita clichês e entrega uma trama que combina drama familiar, suspense e uma dose sutil de fantasia, tornando cada descoberta significativa. À medida que as peças do quebra-cabeça se encaixam, o jogador é recompensado não apenas com respostas, mas também com mais perguntas.

Gameplay
A jogabilidade é, ao mesmo tempo, simples e engenhosa. A mecânica central gira em torno de um sistema de movimentação por “passos”: o jogador pode dar 50 passos por dia, e cada entrada ou saída de sala consome um deles. No entanto, os cômodos da mansão são embaralhados a cada nova tentativa, adicionando elementos de roguelike à experiência.
Essa estrutura gera um ciclo constante de tentativa e erro, onde aprender com os próprios equívocos é essencial. Não existe um caminho fixo para a Sala 46; tudo depende da sorte, da estratégia e, principalmente, da capacidade de observar, anotar e lembrar.
O jogo também introduz elementos clássicos de puzzles, com enigmas variados, chaves escondidas, armadilhas e objetos enigmáticos que exigem raciocínio lógico e uma boa dose de atenção. O progresso depende tanto da habilidade do jogador em resolver quebra-cabeças quanto de sua persistência diante da frustração.
Gráfico e trilha sonora
Visualmente, Blue Prince impressiona com uma direção de arte que aposta no minimalismo detalhista. A mansão Mt. Holly é rica em personalidade, com cômodos decorados de forma única e um estilo visual que mistura o vintage com o surreal. Mesmo sem gráficos hiperrealistas, cada ambiente transmite emoção e narrativa por meio da composição de cenário, iluminação e paleta de cores.
Já a trilha sonora aposta na sutileza. Com composições suaves e atmosféricas, os sons ambientam cada cômodo com maestria, ampliando a tensão e a curiosidade do jogador. Em muitos momentos, o silêncio é quebrado apenas por rangidos de madeira ou sussurros do ambiente, o que reforça a sensação de que há sempre algo oculto à espreita.

Veredito
Blue Prince é uma obra que não se preocupa em agradar a todos. Ele exige paciência, atenção e disposição para falhar repetidas vezes até alcançar o sucesso. Mas, para aqueles que se entregam à proposta, oferece uma das experiências mais memoráveis e recompensadoras do gênero nos últimos anos.
Pontos positivos
✔ Narrativa intrigante
✔ Jogabilidade com sistema de passos e mecânicas de roguelike
✔ Alto fator de replay, com múltiplos segredos a descobrir
✔ Trilha sonora sutil e eficaz
Pontos negativos
✘ Ritmo pode ser lento
✘ Curva de aprendizado e repetição podem gerar frustração
✘ Algumas pistas exigem anotações externas
Nota: 8.5