Veredito de Santo Guerreiro: Roma Invicta

13/02/2021 - POSTADO POR EM HQs/Livros

O livro Santo Guerreiro: Roma Invicta (2020) é o primeiro da nova trilogia do brasileiro Eduardo Spohr. O autor já possui outra série, intitulada Filhos do Éden (2011-2015), além do romance A Batalha do Apocalipse (2010), que foi sua estreia como escritor. Todos lançados pela editora Verus, do Grupo Editorial Record.

As obras de Eduardo, que já afirmou não possuir qualquer religião, são conhecidas por conseguir misturar religião cristã e ficção. Também buscam influências em Tolkien, Neil Gaiman e Stephen King, além de filmes como Matrix, e animes como Cavaleiros do Zodíaco.

Nós do Roteiro Nerd, em parceria com o Grupo Record e a Editora Versus, lemos o primeiro volume da nova saga de Spohr e trouxemos o nosso veredito para vocês.

A vida romana

Ao contrário do que se pensa, o livro não se inicia com foco no homem que irá se tornar o Santo Guerreiro, mas sim em seu pai, Laios Graco. Ele é um guerreiro romano da cavalaria, que é condecorado e enviado para viver em Lida (atual Israel), após a vitória contra a rainha Zenóbia.

Durante esse período, o livro vai focar na Queda do Império Romano e de como as relações políticas e sociais se davam. Para quem não curte história social, essa parte pode ser um tanto maçante, com rituais antiquados e machistas. Contudo, para quem acha isso interessante poderá conferir como se davam, por exemplo, os relacionamentos entre escravos, patrícios (senhores) e plebeus, além da questão de cidadania e educação romana.

O nascimento de São Jorge, aqui chamado de Georgios, se dá três anos após a vitória do pai sobre o exército de Zenóbia. Ele é criado pela mãe, Polychronia, mas tem pouco conhecimento de Laios, que segue para a Pérsia para lutar junto ao futuro Imperador Diocleciano.

“- Não há glória em matar crianças. – e acrescentou aos sussurros: – e se ele for um patrício? Nós podemos ser presos, eu e você! “

Santo Guerreiro: Roma Invicta, pag. 257.

Jornada ao Império

A história de Georgios só irá realmente começar quando ele se torna órfão, e as suas terras são roubadas. É aqui que vemos nitidamente o quanto o Império está perdendo força e espaço para os povos ditos bárbaros. Sem outra opção, o jovem de apenas 14 anos parte para a capital do povo romano. Durante o caminho, ele até chega a encontrar uma cidade no qual os judeus e cristãos convivem pacificamente, Antioquia.

Ao chegar em Nicomédia, o rapaz se alista no exército do Imperador, que um dia foi amigo do seu pai, na esperança de reaver suas terras. E mais uma vez aqui observamos a questão político-social forte e em foco do Império Romano, o que norteia os diálogos e relacionamentos, mesmo que em algumas passagens do livro sejam citados a religião politeísta ainda vigente.

“- Não se preocupe. É só um escravo.
– Não creio. Parece judeu.
– O que não falta por aí são escravos judeus.”

Santo Guerreiro: Roma Invicta, pág. 254.

Figuras históricas

Além do próprio São Jorge, e dos já mencionados Imperador Diocleciano e Rainha Zenóbia, há outras várias figuras históricas dentro do enredo desse primeiro livro. Para mencionar algumas temos o futuro Imperador Constantino, ainda jovem e colega de regimento de Georgios, também o Rei Tirídates da Armênia, primeiro a proclamar o cristianismo como religião oficial da sua nação no mundo, e Jocasta, aqui retratada como uma nova cristã.

Santo Guerreiro: Roma Invicta busca contar uma biografia do futuro Santo em um prisma histórico, focado em tom de romance, adicionando fatos e realidade, através de olhares ricos e cheios de detalhes.

“- Solidariedade é uma virtude cristã.
– Com quem aprendeu isso?
– Com você.”

Santo Guerreiro: Roma Invicta, pág. 296

Veredito

O livro é escrito em terceira pessoa, dividido em cinco partes (tomos), contendo mapas para o leitor se localizar, se necessário. Colocando de lado o fato de que é um livro com foco em um personagem cristão, a obra não é de forma alguma tendenciosa e busca principalmente entreter

Apesar disso, a escrita pode ser descrita muitas vezes como lenta e bastante (ênfase aqui) detalhista, o que pode arrastar a leitura nos capítulos iniciais e dificultar o começo. É fácil você se ver comparando a escrita de Eduardo com a de George R. R. Martin ou até mesmo Tolkien em alguns momentos.

Para aqueles que ficaram curiosos, a história ainda não está completa e deve ser continuada nos próximos dois livros da saga, intitulados Ventos do Norte e Império do Leste. Ainda sem data para lançamento, eles devem sair sob o selo da Verus assim que finalizados.

Pontos Positivos

  • Ambientação histórica
  • Riqueza de Detalhes

Pontos Negativos

  • Escrita lenta
  • Rituais Antiquados

NOTA: 7