Veredito da HQ Umbrella Academy: Suíte do Apocalipse

13/08/2020 - POSTADO POR and EM HQs/Livros

Primeira HQ da trilogia que inspirou a série homônima da Netflix, a história mostra como sete crianças superpoderosas acabaram adotadas por um milionário excêntrico e postas para lutar juntas. São três edições principais e alguns spin-offs, sendo que o mais recente será lançado ainda este ano e contará a história de Klaus – o irmão Número Quatro, dez anos antes de Suíte do Apocalipse, o título é You Look Like Death.

A editora Devir, que realiza a publicação no Brasil, enviou ao Roteiro Nerd as três edições lançadas. Então se você quer saber mais sobre os quadrinhos de Umbrella Academy, confira agora o nosso veredito do primeiro volume.

Família poderosa

A série de HQs é escrita por Gerard Way, vocalista e banda My Chemical Romance e ilustrada pelo brasileiro Gabriel Bá. Inicialmente publicada a partir de 2007, os quadrinhos ganharam o Eisner Award de “Melhor Minissérie” em 2008 e tiveram seu último volume (até agora) lançado no ano seguinte.

O enredo começa falando sobre um grupo de 43 crianças que nasceram, de forma espontânea e ao mesmo tempo, de diversas mulheres que não aparentavam sinal de gravidez. Sete desses bebês poderosos foram adotados pelo cientista milionário Sir Reginald Hargreeves, conhecido também como O Monóculo, e criadas para combater o crime na chamada Umbrella Academy.

Cada uma das crianças possui habilidades específicas. Número Um, ou Luthe/Spaceboy, é super-forte; Número Dois, ou Diego/Kraken, tem habilidade de lançar objetos com muita precisão; Número Três, ou Alisson/Rumor, tem o poder de tornar suas palavras realidade. Número Quatro, ou Klaus/Séance, consegue se comunicar e evocar os mortos; Número Cinco pode se deslocar no espaço-tempo; Número Seis, ou Ben/Horror, sabe liberar monstros de outra dimensões e Número Sete, ou Vanya, aparentemente é comum.

Um pouco depois a história dá um salto temporal e vemos as crianças já crescidas, todas tomaram rumos separados, mas acabam se reunindo quando recebem a mensagem do falecimento do pai. Número Cinco, que ficou desaparecido por anos, está de volta e anuncia que o apocalipse irá acontecer em três dias, assim é dever dos irmãos impedi-lo.

Imagem: Divulgação

O fim do mundo

Mesmo sabendo sobre o fim do mundo, os irmãos adotivos Hargreeves não sabem como isso acontecerá. Mas eles acreditam que o terrível vilão Terminal tenha algum tipo de envolvimento no episódio, já que quando crianças eles o combateram e este prometeu se vingar.

Acontece que na verdade o apocalipse tem mais a ver com um dos irmãos, aquela que durante muito tempo parecia ser inofensiva e sequer tinha algum poder: Vanya. Ela sempre foi rejeitada e tratada como uma espécie de “estorvo” por alguns dos membros da família, exceto por Pogo, o chimpanzé que trabalha para os Hargreeves, que a consolava e foi o mais perto de uma figura paterna que eles tiveram.

O apocalipse é a segunda desculpa para que os irmãos se unam novamente e voltem a trabalhar juntos. Dessa vez, o inimigo parece ser bem maior e mais perigoso, se é que existe apenas um problema para ser enfrentado. E durante esse “trabalho” é que descobrimos mais sobre cada um deles e seus problemas pessoais e dilemas são mostrados.

Imagem: Divulgação

Muito além de uma história de heróis

O principal mérito de Umbrella Academy é não ser mais um clichê de heroísmos, ou seja, os personagens são muito mais humanos e com dilemas reais que aquelas histórias famosas que ganharam o público no passado. Aqui está o encanto dela e talvez seja um alívio justamente por nos aproximar de cada um dos irmãos mostrados e são nos problemas deles que nos identificamos. 

A relação conturbada entre alguns deles se mescla de uma forma que é praticamente impossível não admitir que um assunto vai puxando o outro dentro da história, o que faz exatamente o enredo se distanciar dos clichês.

Achar que Umbrella Academy é somente um mais um dramalhão sobre famílias problemáticas seria incoerente e injusto. O roteiro aproveita o fato de ser um grupo de filhos adotados, no qual cada um tem o seu poder diferente do outro e utiliza isso para explorar as particularidades da personalidade de cada um.

Imagem: Divulgação

Quem são Gabriel Bá e Gerard Way

Gabriel Bá é um quadrinista brasileiro que já ilustrou várias histórias em quadrinhos famosas, como Dois Irmãos (2000) e Daytripper (2010), publicado pelo selo Vertigo da DC Comics. O paulista já teve trabalhos publicados também na Europa, além de ser vencedor do Prêmio Eisner, ele ganhou o Prêmio Jabuti em 2008, Ângelo Agostini em 2005 e 2006, e o Prêmio HQ Mix de 1999 e de 2003 a 2006.

Gerard Way é o vocalista da banda de rock My Chemical Romance. Mas não só de música vive o rapaz, ele se formou em Estudos Visuais em 1999. Ele começou a trabalhar na indústria dos quadrinhos em 1993, chegando a cuidar do extinto selo Yellow da DC Comics. Entre seus trabalhos, está dois volumes da HQ Patrulha do Destino (2016 – 2018) e The True Lives of The Fabulous Killjoys (2018).

Foto: Divulgação

Veredito

Umbrella Academy: Suíte do Apocalipse funciona como uma história episódica e fechada em si. Em poucas páginas ela consegue nos fazer compreender seu universo, personagens e contexto, além de criar uma história que prende o leitor. 

Os protagonistas são fáceis de acompanhar, embora pareça que a motivação de Vanya poderia ser um pouco mais aprofundada para entendermos melhor o lado da personagem e como ela se voltou tão facilmente contra sua família. Também seria interessante se a HQ explorasse o ponto de ruptura entre os irmãos e o momento que todos se distanciaram.

De toda forma, Umbrella Academy tem um universo com muito a oferecer, com peças fantásticas e diferentes que atiçam a curiosidade. Em breve estaremos de volta comentando sobre os outros dois volumes: Dallas e Hotel Oblivion.

Pontos positivos

  • Foca bem no drama familiar
  • Foge dos clichês

Pontos negativos

  • Poderia explorar melhor as motivações de Vanya
  • Não mostra tanto do passado dos irmãos

NOTA: 9