Apesar de fazer um fechamento incrível em “Me Chame Pelo Seu Nome”, André Aciman resolveu escrever uma continuação para a história. A convite da editora Intrínseca, lemos “Me Encontre”, livro que continua a romântica vida de Elio. Leia para saber mais!
E se você apenas assistiu “Me Chame Pelo Seu Nome”, recomendo que leia o livro. Há mais da história de Elio e Oliver do que o filme mostra. Essa resenha não possui spoilers.
O que aconteceu?
Depois de conhecer Oliver e viver uma grande paixão, Elio encontra a decepção da separação. O primeiro livro nos mostra que, muitos anos depois, os dois se encontraram e declararam o amor que nunca foi embora.
“Me Encontre” mostra um pouco do que aconteceu entre esses anos. A primeira parte do livro é narrada por Samuel, o pai de Elio que, depois de se divorciar, encontra o amor em uma mulher com idade para ser sua filha – Miranda. A segunda mostra como está a vida de Elio e a terceira narra um Oliver arrependido e infeliz.
Lendo “Me Chame Pelo Seu Nome”, a relação da mãe e do pai de Elio parece sólida e feliz. No entanto, nesta continuação, percebemos que estabilidade não significa felicidade e o melhor caminho para os dois foi andar separadamente.
O que é viver um romance? Quando você pode dizer que encontrou o amor da sua vida? Na primeira parte de “Me Encontre”, Samuel narra o dia intenso que transformou sua vida. Como conheceu Miranda, como vê sua trajetória e como vê sua amada. A princípio, um balde de água fria é jogado em quem espera devorar os pensamentos de Elio a partir da primeira página, mas vale a pena conhecer o seu pai, eu prometo.
Foto: Divulgação
A continuação
Roma é o cenário e, a partir da segunda parte do livro, Elio assume. Ele virou um pianista respeitável e começou sua vida como artista viajando pelas cidades e tocando em alguns concertos. Lembra de Oliver com uma saudade feliz (coisa que eu, Marília, não faria, já que ele FOI EMBORA PARA SE CASAR. E eu nunca superei).
A terceira e última parte de “Me Encontre” mostra Oliver, mais velho, com dois filhos crescidos e a percepção de uma vida pouco aproveitada. O que será que passa pela sua cabeça? Será que ele daria tudo para voltar e viver tudo o que poderia ter vivido com Elio? Veremos…
“Ela sabia o que estava fazendo. Ousada, mas indecisa. Só que eu não conseguia me concentrar em mais nada. Admirei o sossego despreocupado em relação a um corpo desconhecido oriundo da confiante disposição de quem está acostumada a encontrar companhia com facilidade. Me fez lembrar dos meus dias de juventude, quando eu também supunha que os outros não só não se importariam como o meu toque como, na verdade, estariam esperando por isso. A gratidão por uma confiança tão despreocupada fez com que eu procurasse a mão que estava mais perto do meu ombro; dei-lhe um aperto leve e momentâneo para agradecer-lhe por sua amizade…”
Me Encontre, páginas 238-239
Foto: Divulgação
Sobre o autor
André Aciman escreve como um homem que não teve medo de encontrar experiências, como seu personagem Elio. Por ter descendência americana, italiana e egípcia, a arte está sempre presente no que ele tenta nos mostrar. Música, escultura, poesia. É autor de nove livros, sendo o primeiro deles uma autobiografia.
Aciman gravou um vídeo super legal para a Intrínseca, você pode conferir aqui:
Veredito
O livro é incrível. A escrita de André Aciman é emocionante e aguardamos ansiosos a adaptação da continuação para o cinema. A parte mais forte da escrita são os personagens, pois conseguimos conhecê-los bem pelos seus sentimentos, e não só descrição física.
A narrativa em si é fluida e interessante, já que são 3 narradores no livro. E Quem não gosta de ler sobre a Itália? A ambientação toda é cativante e as partes no trem também são interessantes de acompanhar.
Nota da repórter: minhas experiências na adolescência me fizeram acreditar que eu, particularmente, só encontraria o amor de verdade quando me relacionasse com um homem mais velho (bem mais velho). O tempo passou e poucas vezes pensei de novo nisso. Ao ler “Me Encontre”, chorei vendo o que Sami e Miranda viveram, mas percebi que já não acredito nisso. Sabe aquele pensamento de “isso nunca aconteceria”? Foi o que tive, mas me emocionei com as palavras de Aciman. Ele é um ótimo escritor, daqueles que parecem escrever sobre o que estão sonhando, não o que viveram de verdade. Talvez por isso seja tão bonito.
Pontos positivos
- Personagens bem desenvolvidos
- Narrativa fluida
- Boa ambientação
Pontos negativos
- Não tem
NOTA: 10