Não é todo dia que temos um vislumbre de uma grande celebridade como um verdadeiro ser humano – talvez até por isso as pessoas gostem tanto de assistir reality shows. Quando Jennette McCurdy lançou seu livro Estou Feliz que Minha Mãe Morreu, muitos o procuraram como uma forma de saber sobre os bastidores de iCarly, mas encontraram uma coisa muito diferente.

Minha jornada

Cheguei a este livro depois de ver muitas entrevistas e ouvir um podcast. A figura da Jennette McCurdy me cativou de uma maneira sensível. Não consigo explicar o motivo. Eu até gostava de iCarly, mas não muito. Algo sobre os personagens me incomodava, mas isso não vem ao caso.

O fato é que eu nunca esqueci a figura da Jennette, tanto que, quando ela apareceu em Between, série da Netflix, fui correndo pra assistir e fiquei triste quando soube do cancelamento do seriado.

Ler este livro não estava nos meus planos, mesmo que houvesse devorado todas as entrevistas disponíveis no YouTube sobre ele. Eu tenho transtorno alimentar, que é um dos temas do livro, e imaginei que este seria um grande gatilho pra mim.

No entanto, passada a minha última crise, me senti instigada a ler depois de conversar com uma pessoa no Twitter. Tenho curiosidade por histórias de mães que não são perfeitas e sempre acabo enfiada nesse tipo de leitura ou vídeo.

Comecei na tarde do dia 20 e terminei na tarde do dia 22 de fevereiro, durante o carnaval. Foi uma leitura que simplesmente não consegui parar. A escrita de Jannette é mesmo hipnotizante. No livro, ela fala sobre como já tinha vontade de escrever, mas nunca foi encorajada. Pelo contrário.

Uma vida de abusos

O tema central do livro, o relacionamento de Jennette com sua mãe, Debra, passa por muitas camadas e temas, que vão de religião até a carreira da garota. Deb foi uma pessoa que conseguiu ser abusiva em tudo o que se relacionava à filha. No livro, ficamos sabendo como a garota virou atriz, como era seu ambiente familiar e como a mãe dela era sobrevivente de câncer – e utilizava isso como arma sempre que podia. 

A atriz de iCarly fala sobre seu sofrimento com TOC, anorexia, bulimia, ansiedade, abusos físicos e psicológicos, seu primeiro beijo, a primeira vez que fez sexo e muitos outros pontos importantes de sua vida. A maior parte deles envolve sua mãe ou algum problema com comida.

Sua carreira na música também foi abordada, e desse fato eu não sabia. Se você também não conhece a carreira musical de Jennette, te dou uma ajudinha:

Celebridades

Claro que o mundo de iCarly ocupa um grande espaço na história, visto que esse foi o “ponto mais alto” da carreira de Jennette. A autora fala sobre sua relação com Miranda Cosgrove, com quem teve uma grande amizade, mas também sobre produtores e sobre O Criador, que Jannette não nomeia, mas todos sabemos se tratar de Dan Schneider, pessoa responsável pela criação de vários sucessos da Nickelodeon, como Drake & Josh e o próprio iCarly. 

Ariana Grande também é uma figura citada, e Jannette admite ter vivido um tipo de conflito interno em relação à Ariana, com quem dividiu a série Sam & Cat, mas dá a entender não ter um verdadeiro problema com a cantora.

Memórias e futuro

No final, o que li foram as reflexões de uma garota muito jovem (ela tem 30 anos hoje) vivendo coisas muito pesadas. O dinheiro envolvido trouxe certo conforto para ela, visto que, aos 15 anos, já era a responsável financeira da família inteira, mas a fama e tudo o que vem junto com ela não fizeram nenhum bem.

O livro termina com um capítulo sobre recuperação. Como vi muitas entrevistas sobre, já conseguia imaginar que esse momento chegaria e entendi que foi uma boa finalização para o livro. Jannette se mostra consciente, respeitosa consigo e pronta para viver um novo futuro.

Ela afirmou não querer mais atuar, sendo esse o motivo principal para não ter concordado em participar do reboot de iCarly, e pretende encontrar outra coisa para fazer. Por enquanto, temos a Jennette escritora, com um livro que vendeu muito bem. O que virá depois? Só ela irá dizer.