Veredito de The Batman

03/03/2022 - POSTADO POR EM Filmes

Com Robert Pattinson no papel principal e Matt Reeves na direção, o novo filme do Batman gerou muito burburinho desde seu anúncio, causando questionamentos sobre a escolha do elenco e o futuro do Homem-Morcego no universo cinematográfico da DC.

Em sessão exclusiva produzida pela Warner, tivemos a oportunidade de assistir ao filme e contamos tudo que achamos aqui. Confira agora o nosso veredito de The Batman.

História memorável 

O jovem Bruce Wayne (Robert Pattinson) decide assumir a identidade de Batman e combater o crime na corrupta cidade de Gotham. A motivação é a mesma retratada em muitos filmes e quadrinhos: fazer justiça por causa da morte de seu pai quando ainda era uma criança. Bruce acabou sendo treinado pelo fiel empregado da família Wayne, Alfred Pennyworth (Andy Serkis), que utiliza seu conhecimento para ajudar na resolução dos enigmas e treinamento marcial.

O auge da violência de Gotham acaba culminando no assassinato do prefeito Don Mitchell (Rupert Penry-Jones), abrindo uma grande investigação organizada pelo Comissário Gordon (Jeffrey Wright). O crime está envolto de mistérios e charadas, o que chama bastante atenção do Homem-Morcego e das autoridades.

A partir do assassinato e, à medida em que as investigações vão acontecendo, vários outros crimes acabam sendo cometidos e chamam atenção não só pela barbaridade, mas também pelas pistas que são deixadas justamente para chamar a atenção do Batman. No meio das investigações, Bruce conhece Selina (Zoë Kravitz), que também tenta fazer justiça sem revelar sua identidade em Gotham.

A história é fluida apesar de apresentar vários pontos de ação. A principal característica está em como ela consegue misturar pontos de combate com uma intensa e constante investigação, que possui começo, meio e fim, sendo um mérito completo do roteiro, já que ele não coloca nada que não seja funcional para o filme.

Imagem: Divulgação

Robert Pattinson foi uma ótima escolha

Vários atores já interpretaram o Batman no cinema, mas entregar um trabalho de atuação superior ao de Christian Bale seria bem difícil, principalmente pela grande aceitação do público. O motivo é bem claro: a construção psicológica que Christopher Nolan trouxe à tona. Depois dele, o personagem acabou ficando com uma única camada e seu desejo de justiça acabou perdido nos filmes que seguiram.

Quando foi anunciado que Robert Pattinson iria estrelar o longa, muitos torceram o nariz e desacreditaram que o ator iria dar conta. Porém, quando o primeiro teaser foi lançado, logo percebeu-se que não iria ser simplesmente um Batman que saia por aí cheio de apetrechos tecnológicos caros para combater o mal, mas alguém que tinha um trauma ainda não cicatrizado.

O Batman de Pattinson é baseado em duas HQs: Ano Um (1987), onde mostra o jovem Bruce traumatizado após a morte dos pais, e O Longo Dia das Bruxas (1998), que conta os crimes, supostamente cometidos por Falconi, investigados pelo Homem-Morcego junto de Jim Gordon

O primeiro contato que temos com o personagem no filme demora alguns minutos para acontecer, e quando finalmente chega, somos apresentados a um olhar perdido, sofrido e cansado pelo combate ao crime noturno. 

Ao contrário do que é esperado pelo público, este Batman não é um herói que os cidadãos da cidade, ou as autoridades, respeitam e querem junto da comunidade, mas ele é visto como mais um que quer vingança ou só causar o caos em Gotham. Sem sombra de dúvidas esse é o melhor Batman que já foi para o cinema, a interpretação de Robert Pattinson conseguiu superar todos os outros atores que viveram o personagem, simplesmente por deixar transparecer todo trauma e tristeza com apenas um olhar.

Imagem: Divulgação

E os personagens secundários?

O roteiro do filme não abre mão dos personagens, sejam eles principais ou secundários. Por esse motivo, cada um precisa ter um tempo certo de tela e com um desenrolar minimamente interessante para que não prejudique o enredo. Isso faz com que o filme tenha se tornado um pouco longo, cerca de três horas, o que pode cansar quem está assistindo no cinema, já que não dá para apertar o botão de pausar e ir ao banheiro, por exemplo. 

Os personagens coadjuvantes se conectam muito bem com a história e tem um desenvolvimento que permite a conexão entre quem está assistindo e o filme. O melhor exemplo disso é o caso de Gordon, que realmente coordena as investigações e apenas está com Batman para ajudar onde ele não tem acesso, além de funcionar como uma espécie de ponte até a “justiça oficial”. 

Outro caso que funcionou muito bem é o da Mulher-Gato, que pela primeira vez não foi apenas uma personagem feminina hiper-sexualizada. Dessa vez fazia sentido ela ter toda a química e sensualidade, já que trabalhava em uma boate.

Os vilões do filme tem uma motivação que faz sentido para aquele universo, não é só o mal pelo mal. Os principais exemplos são Falconi (John Turturro), Oz (Colin Farrell) e o Charada (Paul Dano). Enquanto os dois primeiros estão ligados com a máfia, tráfico de drogas e influência, o último está cansado, assim como Bruce, de tanta injustiça, mas utiliza a anarquia para obter seus desejos.

De modo geral, as atuações são impecáveis, não só Pattinson se consagra no filme, mas também quase todo o elenco, em especial Jeffrey Wright, que entrega um policial inteligente, perspicaz e humano, características essenciais do personagem Gordon nas HQs. Outro que teve um grande transformação e está quase irreconhecível é Colin Farrell como Oz, que, além de receber uma excelente caracterização, também trouxe para as telonas toda a ironia necessária.

Imagem: Divulgação

Trilha sonora e visual

The Batman é um filme que já deixa claro do que se trata logo nos primeiros minutos, mas não de forma mastigada para o espectador e sim através de metáforas visuais e trilha sonora. O visual do longa é escuro, remete à depressão e ao grunge, utiliza bastante tons de cinza, preto e vermelho para marcar que aquele mundo nada está bem. Além disso, em outras cenas o tom avermelhado é utilizado para chamar atenção, avisar que algo ruim está prestes a acontecer ou como um pedido de socorro. 

A trilha sonora mistura a música sacra Ave Maria, junto com Something in The Way, do Nirvana, principal banda do movimento grunge. A letra dela fala justamente de um empecilho que o eu lírico tem para realizar seus desejos, sendo uma metáfora clara ao que acontece com Bruce, já que ele quer justiça, mas a corrupção não permite. Outra forma de entender a alusão é que ele quer seguir em frente com a sua vida, mas o trauma da perda dos pais não o permite. De ambos os modos cabe perfeitamente.

Imagem: Divulgação

Veredito

Em The Batman,  o espectador é convidado a conhecer um lugar triste, cuja trama exige atenção para perceber as belas e sutis metáforas visuais e sonoras. A escolha de Robert Pattinson foi acertada e ele é, até agora, o melhor Batman do cinema porque simplesmente deixou brilhar a essência do personagem.

O roteiro de Matt Reeves e Peter Craig consegue reunir vários vilões de Gotham e dar para eles não apenas cinco minutos de estrelato, mas o tempo necessário para que seja entendido que todos convivem juntos e fazem parte do mesmo universo. Por esse motivo, a produção acaba se tornando longa, porém em nenhum momento é tedioso. De longe esse é, provavelmente, um dos melhores filmes de 2022.

Pontos positivos

  • Direção excelente
  • Roteiro muito bem construídos
  • Personagens bem construídos e interessantes

Pontos negativos

  • Duração

NOTA: 10