Estreou nesta quinta, 20 de julho, o aguardado novo filme do diretor Christopher Nolan. Estrelado por Cillian Murphy, Emily Blunt e Robert Downey Jr, Oppenheimer conta um pouco da história do “pai da bomba-atômica”. Conferimos o drama histórico com ares de thriller e contamos nossas impressões a seguir.
Enredo
Oppenheimer (Cillian Murphy) foi um conceituado e controverso cientista americano que participou da concepção e criação da bomba atômica, utilizada em 1945 no ataque às cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. O filme acompanha todo o processo de projeto do artefato.
O roteiro é bem construído e tece uma linha narrativa e temporal coesa. O filme tem cenas que mesclam cenas subjetivas com fatos objetivos. As primeiras são predominantes e são coloridas, enquanto os fatos objetivos são preto e branco. A metáfora da paleta de cores combinou muito com roteiro, ajudando a contar melhor a história.
O que incomoda no filme é a desproporcionalidade no quesito de nudez, que apesar de ter sentido nas cenas em questão, não é utilizada de forma igualitária entre os atores, criando uma atmosfera bizarra que sexualiza sem necessidade a atriz Florence Pugh. Outro incômodo está na duração do longa, que entre o primeiro e o segundo ato parece se arrastar. Dessa vez, talvez Nolan tenha pecado no excesso de informação na hora de construir a narrativa.
Imagem: Divulgação
Oppenheimer e a Greve
O elenco de Oppenheimer estava na premiére do Reino Unido quando a greve do sindicato dos atores foi deflagrada, o que levou o elenco a deixar o evento junto do diretor em apoio ao movimento. Além disso, em entrevista recente à BBC News, Nolan afirmou que não participará de novos projetos durante a greve e ressaltou a necessidade do apoio às reivindicações dos trabalhadores.
Desde que a greve de roteiristas em Hollywood começou, muitos profissionais da indústria têm se posicionado de forma favorável ao movimento. A greve, que no início envolvia apenas os roteiristas, tomou proporções maiores e na semana passada os atores também paralisaram suas atividades.
Vale ressaltar que esta é a maior paralisação de Hollywood nos últimos 60 anos e as reivindicações são várias, indo desde melhores condições de trabalho e remuneração, até o uso de inteligência artificial. É importante ressaltar que os astros de Hollywood representam uma parcela muito pequena dos trabalhadores envolvidos na indústria cinematográfica americana.
Imagem: Divulgação
Veredito
Oppenheimer é um excelente filme que chama atenção pelo cuidado da direção em contar dois pontos de vista da história de forma inteligente, diferenciando apenas a paleta de cores. O roteiro é bem construído, mas possui um ponto negativo na construção entre o primeiro e o segundo ato, o que o torna um pouco cansativo.
O elenco está em perfeita forma, principalmente Cillian Murphy, que entrega um cientista completamente difícil de ler ou enquadrar em apenas uma caixa, fazendo o espectador não ter certeza absoluta sobre seu caráter. Outro ponto positivo está na atuação e caracterização fiel de Robert Downey Jr. Certamente os dois virão com tudo para a temporada de premiações. Os efeitos sonoros do filme são incríveis e completam muito bem o que está sendo mostrado em tela, trazendo barulhos que por vezes se tornam ensurdecedores, como deveriam ser em um filme sobre a bomba atômica – e reforçam a importância da experiência de assisti-lo em cima sala de cinema.
Pontos positivos:
- Direção poderosa
- Elenco em ótima forma
- Efeitos sonoros explosivos
Pontos Negativos:
- Nudez sem necessidade de Florence Pugh
- Transição arrastada entre primeiro e segundo ato
Nota: 9