Indicado em 10 categorias do Oscar (incluindo Melhor Filme) O Brutalista (2024) chega aos cinemas com um enredo que mistura arquitetura com a história de um refugiado dos campos de concentração da Segunda Guerra Mundial buscando uma nova vida nos EUA. Já conferimos o filme e contamos nossas impressões a seguir.
Enredo
László (Adrien Brody) é um arquiteto húngaro que após ser liberado de um campo de concentração vai para os Estados Unidos junto de outros refugiados para reconstruir sua vida. A vida no novo país não é nada fácil, mas ele recebe a oportunidade única de reformar a biblioteca de um burguês influente. O homem se impressiona com o trabalho de László e o chama para encabeçar uma obra ambiciosa que transformará a vida dos dois.
O Brutalista é um filme longo, mas com um roteiro extremamente bem feito e cuidadoso que mescla o discurso verbal e visual com maestria. Por conta de sua duração de 3h34min, existe um intervalo cronometrado na metade do longa, cuja intenção é boa, mas que acaba por quebrar um pouco o ritmo construído no filme. Apesar da primeira metade do longa ser um pouco lenta, muitos dos diálogos são importantíssimos para o último ato do filme.
A forma como a direção escolheu filmar as cenas é interessante, principalmente em partes cruciais da narrativa quando são mostradas construções ou rascunhos. A arquitetura faz parte da construção do personagem de László, que é interpretado com maestria, delicadeza e sutileza por Adrien, que deixa o olhar se sobressair em detrimento da fala – principalmente quando passa a angústia de ser um imigrante.
Imagem: Divulgação
Bauhaus
Durante a década de 1920 e até o início da Segunda Guerra Mundial, quando foi extinta, a escola de arte alemã Bauhaus foi uma das responsáveis por mudar a estética em voga e influenciar até hoje o design e a arquitetura contemporâneas. No filme, László é formado em arquitetura pela escola, e por isso, a direção decidiu fazer todo o projeto visual com linhas retas, uma tipografia legível e com cenas valorizando as formas básicas.
Infelizmente, a escola Bauhaus foi fechada por supostamente contrariar os princípios germânicos e difundir uma “arte degenerada” em 1933. Mesmo assim, as ideias ali trabalhadas seguem influenciando diversos profissionais até hoje e o longa acerta em flertar abertamente com a estética Modernista em sua estrutura visual.
Imagem: Divulgação
Veredito
O Brutalista é um excelente filme com um roteiro bem construído e uma direção meticulosa e acertada. O longa é tão imersivo que temos a impressão de assistir uma biografia, mesmo que o filme não seja uma. Essa é uma história que até tem inspiração na realidade, mas é uma ficção. Entretanto, a escolha do intervalo não foi tão acertada por quebrar o ritmo do filme.
A direção faz escolhas interessantes, dando a impressão que a arquitetura e László são um só. Em diversos momentos fica óbvio que há uma relação intrínseca entre os dois, o que é enriquecido pela interpretação simplesmente fenomenal e tocante de Adrien.
Infelizmente, o uso de inteligência artificial é um problema que não dá para perdoar no filme. Fica nítida em algumas cenas a criação de sotaques e personagens figurantes com uso do recurso, o que acaba por tirar um pouco do brilho do longa.
Pontos Positivos:
- Roteiro
- Direção
- A interpretação de Adrien Brody
Ponto Negativo:
- Uso de IA de forma descarada e desnecessária
Nota: 9