Veredito de O 3º Andar – Terror na Rua Malasana

10/11/2020 - POSTADO POR EM Filmes

Histórias de casas assombradas são temas bastante explorados em obras de literatura ou do cinema. A Rua Malasana, em Madrid, é palco fértil para este gênero de histórias, uma vez que o local é cercado de relatos perturbadores incluindo assassinatos envoltos em mistérios. 

Distribuído pela Paris Filmes, O 3º Andar – Terror na Rua Malasana se inspira nesses casos reais para criar seu próprio conto sobrenatural e entregar bons jump scares ao público. Confira nosso veredito.

Vocês não são bem-vindos

Na trama, uma família se muda de uma pequena cidade para a crescente capital espanhola de Madrid na década de 1970 em busca de novas oportunidades. O apartamento na Rua Malasana exigiu o último centavo do casal Manolo (Iván Marcos) e Candela (Beatriz Segura) que precisam da ajuda dos filhos Amparo (Begoña Vargas) e José (Sergio Castellanos) para cuidar do avô doente e do irmão caçula Rafa (Iván Renedo).

O ambiente do novo lar, porém, não parece tão esperançoso, com o peso de uma presença misteriosa pairando pelos cômodos com uma aparente insatisfação pela chegada do habitantes. Todos os elementos estão a postos para um clássico conto de terror.

Imagem: Divulgação

Para cerrar os punhos

O maior destaque do longa do diretor catalão Albert Pintó está em sua eficiência técnica na estrutura padrão de filmes do gênero. Se você espera uma obra que explora os pormenores pessoais de cada personagem ou que constrói sua tensão de maneira paciente, este filme não vai lhe agradar. 

Aqui, os sustos vêm de cinco em cinco minutos através dos modos mais previsíveis possíveis: acender e apagar das luzes com uma figura surgindo de repente; movimento pendular da câmera com um elemento surpresa do outro lado; alguém escondido atrás de um objeto, etc.

Há pouco fôlego durante os 100 minutos para trabalhar a relação entre os protagonistas. Quem tem mais holofote aqui é Amparo, a filha mais velha e responsável por apresentar o perigo do espírito de uma senhora disforme à família. Begoña Vargas segura bem as pontas nos momentos mais dramáticos, mas não salva o rumo de um roteiro que tenta ser diferenciado no final e acaba sendo ofensivo.

Imagem: Divulgação

Veredito

Enquanto a obra se mantém firme na dúvida pela motivação do espírito, o nível mediano da história de terror funcional também segue em uma constante. Porém, quando o passado da figura vilanesca é apresentado, tudo desanda. Os spoilers a partir de agora são necessários.

(SPOILERS a partir daqui) Há dois enormes problemas nas decisões da conclusão de O 3º Andar – Terror na Rua Malasana que acabam se aglutinando em um só: a vilanização da imagem de minorias sociais.

Na reta final, descobrimos que o espírito é, na verdade, de uma mulher trans que sofreu perseguição familiar por ser quem é. Além disso, uma personagem com deficiência de locomoção e de comunicação é introduzida apenas para ser possuída pelo espírito da mulher e causar o terror nos últimos minutos.

Se os autores não têm originalidade criativa para estruturar uma história mais densa ou desenvolver uma identidade estilística própria, não há problema em ser medíocre. O problema é forçar um plot twist ao enquadrar como “inimigos” de forma desnecessária e ofensiva dois grupos sociais que já sofrem demais na vida real. Não é autêntico, é preguiçoso e vergonhoso.

Pontos positivos

  • Elementos de terror funcionais

Pontos negativos

  • Roteiro preguiçoso e ofensivo
  • Jump scares previsíveis

NOTA: 2,5