Veredito de Mulher-Maravilha 1984

16/12/2020 - POSTADO POR EM Filmes

Depois dos adiamentos devido à pandemia, Mulher-Maravilha 1984 chega aos cinemas nesta quinta, 17 de dezembro. O Brasil, inclusive, é um dos primeiros mercados do mundo a receber o longa. Nós fomos convidados para ver o filme em uma sessão especial e estamos felizes em compartilhar as primeiras impressões dele com vocês. Se liga!

Ah, esse texto não contém spoilers, pode continuar lendo! 😉

Círculos sociais

O que aconteceu de tão importante para criar um novo capítulo na história de Diana Prince (Gal Gadot)? Enquanto trabalha para um museu, a amazona tem acesso a relíquias e se posiciona em um lugar da sociedade em que é possível ver o que está acontecendo tanto na cidade, quanto em seus lugares mais escuros.

Uma nova personagem, Bárbara Minerva (Kristen Wiig) arranca risadas e parece trazer um novo brilho à vida de Diana, mas o que realmente a aguarda? Quando o vilão de um filme de herói não vem da Rússia, já é possível esperar coisas mais interessantes. Nesse caso, Pedro Pascal interpreta Maxwell Lord, que tem vários personagens dentro dele próprio e, como, no primeiro filme da Mulher Maravilha, também lida com o poder de uma divindade. O que mais posso adiantar?

Imagem: Divulgação

1984

O que os anos 80 tem de tão interessante? Por que estamos sempre andando em círculos e voltando pra lá? A resposta é: foi uma década mágica. Não só porque o homem estava indo à lua, mas o mundo estava mais colorido e tudo poderia acontecer, afinal, era o meio da Guerra Fria. 

Como bem explorado pela produção, no ano de 1984 foi importante a difusão da televisão e, com ela, a capacidade de uma imagem chegar a milhares de pessoas. É a partir daí que nasce o grande vilão Max Lord, dono de uma empresa de petróleo e metido a coach (com diversas características de um charlatão). 

Muitos filmes adotam a década de 80 como cenário porque são tempos modernos o suficiente para existir televisão colorida e telefone, por exemplo, e ter problemas que seriam resolvidos facilmente com a existência da internet e smartphones. Quando vimos o trailer, pareceu forçado demais trazer novamente Steve Trevor (Chris Pine). No entanto, ao assistir o longa, faz todo sentido tê-lo de volta nesse momento e é divertido ver como ele se adapta a tudo que é novo e diferente – afinal, são os anos 80! 

Imagem: Divulgação

Funcionalidade

O comentário mais breve e sem spoilers sobre o filme é este: somos apresentados a uma ótima história, que poderia ter sido contada a qualquer momento. Aqui, não importam os acontecimentos vividos em Liga da Justiça (2017), por exemplo. Isso é legal de se ver pois mostra que a história de Diana diz respeito a ela mesma e não é necessário um novo filme juntando outros heróis para trazer sentido ao que ela viveu. 

A forma de mostrar o aprendizado de Diana ainda criança e sua evolução até o momento em que se passa o filme é bastante agradável de se acompanhar, de modo que você não sente que perdeu alguma coisa durante o longa. Convenhamos que o figurino de um filme dos anos 80 raramente decepciona, mas as roupas da Diana são incríveis! A caracterização da Mulher-Leopardo (uma surpresa pra mim) também está digna de nota. 

Não vou arriscar falar sobre o Steve e revelar qualquer surpresa, mas o personagem dele dá gosto. Sensatíssimo e faz um bem danado para Diana. Ela merece sentir amor e felicidade.

Imagem: Divulgação

Veredito

Quando eu era criança, meus grandes medos eram morrer porque o sol iria se apagar; morrer por consequência do aquecimento global; ou viver em um local devastado por bombas atômicas e desastres do tipo. Assistindo a esse filme, lembrei muito desses medos porque é o que aquela geração de décadas atrás teme enfrentar. 

Isso faz com que Mulher-Maravilha 1984 converse não só com as pessoas daquela época, mas também conosco, em 2020, para lembrar que podemos ser heróis de nossas histórias enquanto somos os vilões na história de outras pessoas. O longa pede que cada um pense em suas escolhas e reflita o que for melhor para você e para o próximo, já que todas as atitudes do mundo impactam mais de uma pessoa. 

É uma mensagem bonita para um período de Guerra Fria, ao mesmo tempo em que é um lembrete para nós de que, em meio a esse ano difícil, podemos fazer as coisas ficarem melhores se cada um pensar em suas atitudes. 

Vamos às notas:

  • Roteiro: 10
  • Efeitos especiais: 9
  • Trilha sonora: 10
  • Fluidez do filme: 9

Nota geral: 9.8

Recado da repórter

É especial, pra mim, Marília, falar sobre Mulher-Maravilha. Foi um dos primeiros filmes que eu assisti como imprensa. Naquela época, ainda não se via tanta representatividade no cinema e na televisão (apesar de fazer só pouco mais de 2 anos). Hoje, em 2020, ainda acho que essa personagem é uma das melhores representações que temos, apesar dela ser uma role model difícil de copiar. Linda, forte, rápida, inteligente, querida por todos, engraçada, poderosa.

Mulher-Maravilha 1984 me fez pensar que as espectadoras, como eu, se tornariam Bárbara, a Mulher-Leopardo, e não Diana (se houvesse como desejar isso). Penso assim porque, como mulher, meu entendimento de “perfeição” e “felicidade” é enorme e precisa de muito para ser alcançado. Depois que você assistir o filme, volta aqui e me conta se concorda ou não – tô tentando não dar spoiler.

Espero que mais mulheres consigam chegar onde Patty Jenkins e Gal Gadot chegaram: construindo uma narrativa tão bonita e importante. Eu ainda sou jovem e espero, também, continuar aqui tempo o bastante para viver essa revolução feminina com vocês, leitores (e leitoras) do site. Um beijo!