Veredito de Missão: Impossível – Acerto de Contas Parte 1

14/07/2023 - POSTADO POR EM Filmes

Tom Cruise está para o cinema de ação o que Miyazaki está para animação ou John Carpenter para o terror. É um patrimônio artístico imaterial e que ainda detém gás para continuar marcando seu nome na história, como pudemos ver em Missão: Impossível – Acerto de Contas Parte 1.

O 7° filme da franquia Missão: Impossível (1996 – ) mantém o nível no qual o público se acostumou e firma a saga como uma das mais longevas do cinema, com Tom, no papel executivo, liderando o projeto – e se arriscando nas cenas de ação. Confira tudo o que achamos da produção neste veredito.

Envernizando o molde

A estrutura dos longas da franquia não foge de seus padrões: três sequências de ação com tensão e perigo subindo e intervalos para exposição dos planos entre elas. 

Dessa vez, Ethan Hunt (Tom Cruise) deve impedir que a chave para controlar uma inteligência artificial onipresente e onipotente caia em mãos erradas

Para isso, sua equipe recebe o reforço involuntário de Grace (Hayley Atwell), uma ladra da qual pouco sabemos. Desde Ilsa (Rebecca Ferguson), essa foi a melhor adição ao elenco da franquia, garantindo uma leveza e um senso de confusão que se complementa ao perfil hiperativo de Hunt.

Christopher McQuarrie foi feliz ao aproveitar a química de Atwell e Cruise, que transformou o que poderia ser apenas outra ordinária perseguição de carros em Roma em um divertido momento de conexão por desespero e improviso dos personagens, saindo do automático profissional de espiões altamente treinados.

Imagem: divulgação

Insubstituível

A temática de Missão: Impossível – Acerto de Contas Parte 1 não poderia vir em um período mais propício. A popularização de ferramentas de I.A. é uma tendência que dificilmente irá regredir, abrindo questionamentos quanto ao futuro de vários instrumentos antigos e até mesmo de pessoas.

Pois, diante disso, a mensagem que Tom deixa aqui é clara: na luta do analógico x digital não há vencedores, somente conciliadores

O menos ameaçado é quem usa as tecnologias melhor ao seu favor. E Hunt sempre aliou artifícios modernos a práticas físicas de maneira bruta. Se o automático não resolve, vai na marra com o manual. 

O instinto de sobrevivência do ator-símbolo contra uma indústria ameaçada por substituições digitais responde ao colocar sua vida em risco para captar a imagem mais real possível. Há quem chame de loucura. Eu chamo de confiança para prometer excelência. O tão explorado em publi salto do penhasco em moto é o exemplo perfeito. 

No filme, a cena em si não tem tanta importância. Porém, a narrativa criada antes do lançamento da obra para o risco que a equipe aceitou eleva a sequência devido ao contexto singular. É o diferencial de um perfeccionista como Tom, que também é produtor executivo da franquia.

Imagem: divulgação

Veredito

Nem tudo é admirável em Missão: Impossível 7, o mais longo da série, com quase 3 horas. É tempo demais investido em repetições explicando o quanto A Entidade é uma I.A. tão intimidadora quanto uma bomba nuclear, com mais de dois personagens proferindo esse mesmo discurso. 

A opção por deixar os “ajudantes” de Ethan mais em 2° plano do que normalmente já são também decepciona, visto que a dinâmica entre todos era um elemento engajante desde Protocolo Fantasma (2011).

Já no aspecto visual, a adição do fotógrafo Fraser Taggart (John Wick 2) trouxe mais firmeza na construção de combates em espaços curtos. As cenas finais no trem são resultado desse ótimo trabalho.

Embora seja Parte 1, não há aquela sensação chata de lacunas ao longo da história. Pelo contrário, são várias antecipações para a sequência, que provavelmente irá atrasar devido à greve de roteiristas e de atores nos EUA. 

De todo forma, é admirável a energia de McQuarrie e Cruise em nunca deixar a franquia perder sua postura, criando uma identidade artística única neste século.

Pontos negativos:

  • Equipe de coadjuvantes menos utilizada
  • Repetição dos riscos da entidade maligna

Pontos positivos:

  • Perfeccionismo de Cruise em sequências de ação
  • Adição de Hayley Atwell

NOTA: 8,5/10