Quase um ano após sua estreia nos Estados Unidos, o thriller Desconhecidos (2024) desembarca no Brasil. Dirigido e roteirizado por JT Mollner, o longa foi filmado inteiramente em 35mm, o que já indica sua proposta estética mais autoral. Nós assistimos ao filme e compartilhamos aqui nossas impressões.
Enredo
Em uma região montanhosa isolada, uma mulher é perseguida por um homem violento e constantemente precisa se antecipar aos seus passos. No entanto, nem sempre consegue escapar, e o filme não poupa o espectador de momentos de brutalidade.
O filme é uma alegoria clara sobre como um assassino em série começa perdendo o controle e passa a fazer vítimas sem nenhum critério.
Uma experiência diferente
Dividido em seis partes e narrado de forma não-linear, o longa instiga a curiosidade do público, que só entende completamente o que está acontecendo nas cenas finais. Ao longo da projeção, o espectador se depara com sequências de violência intensa, alternadas com diálogos simbólicos, que só ganham sentido pleno na última cena.
A escolha de poucos personagens é muito acertada, dando a eles momentos certos e suficientes para a trama seguir fluida. Além disso, os momentos de diálogo funcionam como respiro para tanto sangue. Tudo isso é justificado diante do plot e sua ideia maior. É uma experiência intensa, indicada para quem tem mente aberta e estômago forte.
Quebra de expectativa
Desconhecidos surge como um sopro de novidade para o gênero: um suspense que não depende de jumpscares, mas sim de tensão psicológica e reviravoltas bem pensadas. Ele atende a um desejo crescente do público por narrativas que desafiem, provoquem e que não entreguem respostas fáceis.
Felizmente, há uma movimentação no cinema que abre espaço para obras mais experimentais — aquelas que não são feitas para consumo rápido, mas para serem sentidas, digeridas e debatidas.
Veredito
Desconhecidos é um projeto muito interessante, inteligente e inovador. É o tipo de filme que duas pessoas vão ter opiniões divergentes, mas não serão indiferentes. Sua narrativa é bem construída, fluida e oferece pausas necessárias entre as cenas mais impactantes.
O elenco é um dos pontos altos da produção. Willa Fitzgerald e Kyle Gallner entregam atuações intensas, com expressões carregadas de medo, desespero e fúria — ingredientes perfeitos para uma trama de perseguição. Até os figurantes contribuem de forma significativa para a atmosfera inquietante do longa.
A direção de arte também merece destaque: o uso constante da cor vermelha em cena simboliza tensão e iminência de perigo. Já a trilha sonora, especialmente a repetição marcante da música Love Hurts, reforça a proposta emocional do filme e intensifica o envolvimento do público.
Pontos positivos:
- Roteiro
- Plot
- Direção de arte
- Elenco
- Trilha sonora
Pontos negativos:
- Não tem
NOTA: 10/10