Babilônia, o mais novo longa de Damien Chazelle, é um divertido caos controlado durante 3 horas que tira sarro da Hollywood pré-som, embora perdido na reta final.
O longa foi indicado a três Oscars: Trilha Original, Direção de Arte e Figurino. Confira o que achamos do filme abaixo.
Em ritmo de carnaval
Damien Chazelle não fez sua fama como queridinho de Hollywood à toa. O diretor homenageou o jazz em Whiplash (2014), o gênero musical em La La Land (2016) e se provou eficiente com um drama de astronauta em Primeiro Homem (2018).
Em Babilônia, a proposta é mais ousada ao construir um enorme homage ao cinema pré-som, uma época de revolução na indústria. Para isso, acompanhamos diferentes trajetórias durante o longa.
Uma delas é da sonhadora Nellie LaRoy (Margot Robbie), que busca a fama nas telonas a qualquer custo e, ao se aproximar de Manny (Diego Calva), um faz-tudo com o mesmo propósito, acaba garantindo uma chance em um filme mudo. No outro núcleo, Jack Conrad (Brad Pitt) é uma estrela que esbanja seu sucesso com festas e que não consegue manter um relacionamento.
A sequência antes do título aparecer – demora cerca de meia hora! – é uma desordem bem coreografada, unindo os principais elementos que Chazelle tanto lustrou em seus filmes.
O jazz em ritmo entusiasmante com muita dança e aliando o domínio técnico em planos-sequência meio indulgentes. Um combo carnavalesco para puxar o público logo de início.
Estrelas cadentes
Quando o foco vira o fazer cinema, Babilônia atinge seu ápice. As cenas que firmam Manny e Nellie no meio são das mais satisfatórias, tanto pela adrenalina com a dificuldade para conseguir um corte bonito no pôr do sol, quanto pelo bruto talento de Robbie.
Porém, o momento de sucesso de Jack e Nellie chega ao fim com a queda dos filmes mudos e, ao invés de adotar um tom mais triste, Chazelle eleva a comédia.
A cena em que Nellie e a equipe de produção não conseguem terminar uma gravação pelos problemas técnicos relacionados ao som é talvez a melhor do filme.
A ruína do personagem de Pitt também vira humor, embora em menor escala. Isso antes do longa decidir abandonar a proposta lúdica e flertar até com o terror quando Manny conhece o submundo de Los Angeles.
É a partir dessa parte que Babilônia perde o controle daquela loucura inicial e se incha de uma maneira desnecessária. São 20 minutos, com a adição de Tobey Maguire, que desejam justificar uma mudança na história que poderia ser resumida de formas mais simples.
Veredito
É bastante óbvio que Chazelle quer estar entre os maiores. Desde La La Land se observa essa clemência por reconhecimento como diretor. Os 5 minutos finais atestam isso com uma montagem de clássicos do cinema e a admiração no rosto de Diego Calva pela magia das telonas.
Diferente de Os Fabelmans, que segue uma linha semelhante, embora mais individualizada, Babilônia almeja nossa paixão pelos excessos.
É cansativo quando não é natural, ainda mais quando o orgulho não permite cortar uns 30 minutos de gordura artificial.
Ademais, Justin Hurwitz novamente acerta em cheio com uma trilha sonora impactante, que impulsiona a imagem para outros patamares sensoriais e que permanece na mente depois de vários dias.
E fica a torcida para Margot Robbie ser indicada ao Oscar caso a polêmica sobre o lobby de Andrea Riseborough termine em sua exclusão da categoria.
Pontos negativos:
- Inchaço na reta final
- Carente por reconhecimento
Pontos positivos:
- Trilha marcante de Hurwitz
- Margot Robbie em grande nível
NOTA: 7/10