Veredito de Army of the Dead: Invasão em Las Vegas

28/05/2021 - POSTADO POR EM Filmes

Os fãs de Zack Snyder não tiveram que esperar muito desde o último lançamento do diretor, o tão aguardado “Snyder Cut” de Liga da Justiça. Dois meses depois, a Netflix aproveita o embalo para lançar Army of the Dead: Invasão em Las Vegas, que encontra o diretor voltando às suas raízes de filme de zumbi após ter feito sua estreia no longa Madrugada dos Mortos, de 2004.

A proposta parece ter dado certo: uma semana depois do lançamento, mais de 72 milhões de contas na Netflix já assistiram ao longa, e ele está a caminho de se tornar uma das maiores audiências da história da plataforma. Mas será que a nova empreitada de Snyder é um bom filme? Confira o veredito a seguir.

Cidade dos mortos

No mundo do filme, a cidade de Las Vegas foi contaminada por zumbis que um a um transformaram todos os habitantes da cidade em mortos-vivos. Após um combate ineficaz entre zumbis e o exército, o governo sela a cidade entre muros de contêineres e se prepara para bombardear o local matando de vez todas as criaturas.

Nosso protagonista é Scott Ward (Dave Bautista), que, por ter sobrevivido e escapado da cidade no início da epidemia, é contratado por Bly Tanaka (Hiroyuki Sanada) para montar um time de mercenários com a missão de realizar um assalto aos cofres de um cassino dentro da cidade zumbi antes que tudo vá pelos ares.

Imagem: Divulgação

Bando de desajustados

Acompanhamos uma equipe ampla de cerca de 10 pessoas – onde obviamente nem todos irão sobreviver. O time é composto por personagens variados, cada um com sua expertise particular e com níveis diferentes de empatia diante do público. Entre os destaques está a relação de camaradagem crescente entre o arrombador de cofres Dieter (Matthias Schweighöfer), que nunca matou um zumbi, e o expert Vanderohe (Omari Hardwick), que tem um perfil mais bruto.

Entre as antipatias está Martin (Garret Dillahunt), um supervisor enviado por Tanaka para auxiliar o grupo, mas que visivelmente tem outras intenções. Há uma personagem, porém, que de forma não intencional causa desgosto para o público. Kate (Ella Purnell) é a filha de Scott e que, contra a vontade dele, decide acompanhá-los na missão para tentar salvar uma amiga que adentrou na cidade. Acontece que as motivações de Kate soam fracas e são mal executadas, com a personagem fazendo uma série de escolhas tolas que o roteiro parece não reconhecer.

Imagem: Divulgação

Iconografia decomposta

Entre os acertos do filme estão a construção de uma Las Vegas pós-apocalíptica, produzida com uma mistura de efeitos práticos e efeitos visuais a partir de um mapeamento digital 3D da cidade real. Imagens e símbolos icônicos encontrados em Vegas também são incorporados em meio à paisagem de destruição.

Os setores de cabelo/maquiagem e o de figurinos contribuíram e muito para a construção de mundo, caracterizando diversos tipos de zumbis, especialmente os alfas. Classe mais avançada de mortos-vivos, os alfas possuem uma inteligência e discernimento acima da média, sendo guiados mais do que pelo instinto, sendo capazes até mesmo de, pasmem, se apaixonarem.

Snyder tem um olho para cenas épicas e tomadas gloriosamente cinematográficas, mas aqui, onde ele serve como Diretor de Fotografia pela primeira vez, há um abuso de fundos desfocados que vão além do tom artístico pretendido pelo uso das câmeras que o diretor desenvolveu a partir das “lentes dos sonhos” da Canon, da década de 1960. Por vezes, a técnica acaba sendo mais uma distração do que um complemento.

Imagem: Divulgação

Veredito

Após uma sequência inicial explosiva, infelizmente Army of the Dead: Invasão em Las Vegas não consegue manter o nível em suas longas 2 horas e meia. Entre os altos e baixos de uma tentativa de humanizar os zumbis, não nos importamos tanto quando a câmera desacelera no meio da ação em um indício de que um personagem humano vai morrer. Olha, lá vai mais um. 

No meio de tudo, ainda existem bons momentos de tensão e a nojeira e sanguinolência esperadas são abundantes – a classificação indicativa de 18 anos não é à toa. Os fãs do gênero definitivamente já viram coisa melhor, mas existe alguma diversão a ser tida no filme de Snyder. Se não neste, o cult de 2004 sempre estará aí para lavar os olhos.

Pontos positivos:

  • Construção de Las Vegas pós-apocalíptica
  • Sequência inicial explosiva
  • Animais zumbis

Pontos negativos:

  • Longo além do necessário
  • Roteiro complacente com personagens burros
  • Exige uma suspensão de descrença fora do comum

Nota: 6,0