Veredito de Alfa

08/09/2018 - POSTADO POR EM Filmes

A domesticação de animais por seres humanos data dos tempos da pré-história, quando ainda tínhamos que caçar para sobreviver. Esse é o momento que o longa “Alfa” busca retratar. Olhamos para 20.000 anos no passado e vemos como o homem se aproximou pela primeira vez de outra espécie sem a intenção de fazer dela sua próxima refeição.

Confira agora o nosso veredito sobre o que achamos dessa nova produção da Sony Pictures, que estreou nesta quinta-feira, 06 de setembro.

Saindo para caçar

“Alfa” apresenta a história de Keda (Kodi Smit-Mcphee), o jovem filho do chefe da sua tribo, que se prepara para ir à sua primeira grande caçada junto dos demais guerreiros. Ele está hesitante, pois desconfia que não consiga exercer um bom papel de liderança no futuro, além do medo dos animais selvagens que irá enfrentar.

Durante a caçada, Keda sofre um acidente e todos o julgam morto. Porém, o garoto sobrevive, encontrando-se abandonado e terrivelmente machucado em um ambiente inóspito, cujas chances de sobreviver sozinho são quase zero. Até que ele é ameaçado por uma alcateia e fere um dos lobos, mas em vez de matá-lo, ele resolve cuidar do animal. A partir daí se inicia uma peculiar relação de amizade e dependência entre os dois.

Foto: Divulgação/Sony Pictures

Grande jornada

O filme mostra como aos poucos a relação dos dois evolui: homem e lobo. Vemos comandos sendo estabelecidos e o proveito que ambos tiram dessa dinâmica inédita até então. A evolução do relacionamento é um dos poucos pontos altos do longa, quem já teve um animal de estimação vai se sentir tocado pela história, torcendo para que a amizade dê certo e consigam encontrar o caminho de casa.

A estética da produção também deve ser destacada, as paisagens inóspitas nos causam uma sensação de natureza intocada, o que combina com a ambientação pré-histórica. As longas tomadas sobre florestas, lagos e geleiras dão um tom contemplativo e se assemelham à documentários sobre a vida selvagem.

Os ângulos de filmagem também conseguem valorizar a harmonia entre as cenas, porém o excessivo uso de câmera lenta na primeira meia hora é desnecessário e visualmente desinteressante, felizmente é deixado de lado ao longo da produção.  

Foto: Divulgação/Sony Pictures

Entre tribos

Algo que não funcionou bem na produção é o diálogo entre os personagens. É difícil entender se a intenção do roteirista era apostar em falas mais simples, por tratarmos de um povo ainda na pré-história; mas a questão é que eles soam repetitivos e forçados na maioria das vezes. São poucos personagens secundários, então esse problema é atenuado quando a história se volta apenas para a jornada de Keda e seu lobo, que, posteriormente, é nomeado como Alfa.

Quando temos apenas o jovem conversando com seu novo amigo, fica mais fácil de levar, já que ele não se pronuncia muito. Porém, todas as comunicações que acontecem antes disso realmente são difíceis de comprar.

Foto: Divulgação/Sony Pictures

Veredito

Já assistiram “Como Treinar o Seu Dragão” (2010)? Tivemos a impressão que “Alfa” se inspirou bastante na animação para criar as cenas que desenvolvem o relacionamento de Keda e Alfa. Observamos como o garoto deslocado, o animal ferido e a tentativa de aproximação por meio de comida. Porém, “Alfa” não consegue ter tanto apelo afetivo quanto o filme da Dreamworks.

O visual conseguirá agradar os espectadores, mas a história inexpressiva e os diálogos rasos irão prejudicar a experiência de quem esperava uma trama mais profunda sobre a primeira amizade que surgiu entre o humano e o animal selvagem. A ação tem uns pontos chamativos no que diz respeito à caçada inicial, mas vai se dissolvendo e tornando um filme de sobrevivência. Era esperado mais para o melhor amigo do homem.

Foto: Divulgação/Sony Pictures