Veredito da trilogia Rua do Medo

23/07/2021 - POSTADO POR EM Filmes

A Netflix chegou com uma nova proposta de lançamento de filmes em julho, trazendo os longas da trilogia Rua do Medo com apenas uma semana de diferença entre cada um. As três partes se passam em anos distintos e montam a história da sombria Shadyside, cidade que estaria sob a maldição da centenária bruxa Sarah Fier.   

A trama é baseada na franquia de livros homônima de R. L. Stine, que conta várias histórias sobre a cidade de Shadyside e os bizarros eventos que a rondam. Com cada filme seguindo inspirações diferentes de clássicos do terror, veja agora o que achamos da trilogia.

Mas antes uma observação, mesmo voltando no tempo, a história da trilogia avança conforme os filmes, por isso fica aqui o aviso de spoilers

Rua do Medo: 1994 – Parte 1

Para quem é fã de filmes slasher, como Pânico (1996) e Halloween (1978), vai perceber várias referências a esses longas em Rua do Medo: 1994. A narrativa mostra um grupo de adolescentes que, após um banho de sangue no shopping local, acaba se envolvendo na investigação das mortes violentas da cidade, até que o assassino volta a sua atenção para eles. 

Talvez a parte mais interessante de Rua do Medo: 1994 seja justamente a trama da cidade amaldiçoada. Todo esse terror e ambientação sombria em torno do local funcionam muito bem, principalmente quando isso tromba com os protagonistas e eles precisam encontrar uma solução.

Porém, é aí que o roteiro e a direção acabam pecando. Trazer um grupo de jovens tentando se defender de um assassino não é exatamente original, vide as inspirações para o filme citadas acima, então por que fazer isso de uma maneira tão básica?

O filme aposta em uma boa violência gráfica para as mortes, até por isso ganhou classificação indicativa 18+ e as cenas, mas poderiam ter mais impacto se não fosse pela quantidade excessiva de jump scare em tela. Outro ponto meio clichê são algumas cenas forçadas do casal principal, cuja relação é relevante para a trama, porém possui momentos muito desconectados do resto.

No geral o elenco consegue ser bem coeso, trazendo empatia o suficiente para que você se importe com o destino dos personagens e a trilha traz uma boa nostalgia noventista. No final, Rua do Medo: 1994 é um terror despretensioso, mas que pavimenta um caminho curioso para a sua continuação.

Imagem: Divulgação

Rua do Medo: 1978 – Parte 2

Depois dos eventos da primeira parte, restam para Deena (Kiana Madeira) e Josh (Benjamin Flores Jr.) descobrirem como livrar Sam (Olivia Scott Welch) da maldição da bruxa. Para isso eles partem em busca da única sobrevivente conhecida dos assassinatos cometidos em Shadyside, C. Berman (Gillian Jacobs).

Neste longa nós voltamos ao ano de 1978, quando as adolescentes Ziggy (Sadie Sink) e Cindy (Emily Rudd) estavam no acampamento Nightwing, palco de mais um massacre promovido pelos assassinos de Shadyside.

Por conta do ambiente vemos uma inspiração clara em terrores de acampamento, como Sexta-Feira 13 (1980). Talvez por essa pegada bem dinâmica da trama, o segundo longa consegue ser mais divertido do que o primeiro, além disso, ele também se mostra superior no que compete às cenas de tensão, que são muitas.

Aqui também somos apresentados a novas situações sobre a briga entre Shadyside e sua vizinha perfeita Sunnyvale, já que o acampamento é misto. E temos acesso a mais informações sobre os assassinos da cidade, além da própria bruxa Sarah Fier, que trazem alguns dos momentos mais assustadores e interessantes do longa.

Rua do Medo: 1978 é feliz ao trazer um elenco bem integrado, um número maior de cenas com ação e tensão e também ao se aprofundar na mitologia da trilogia. Dessa maneira, ele cria um final surpreendente e que deixa o espectador bastante curioso para saber a conclusão da saga.

Imagem: Divulgação

Rua do Medo: 1666 – Parte 3

O terceiro filme da trilogia nos transporta ao passado para que finalmente saibamos a origem da maldição de Shadyside e tudo o que aconteceu de verdade com Sarah Fier. Diferente dos seus antecessores, aqui a inspiração se volta para o terror A Bruxa (2015), deixando de lado as mortes desenfreadas por algo mais sutil.

Um dos acertos desta última parte foi trazer de volta o elenco dos dois filmes anteriores, além de vemos rostos já conhecidos, isso também se mostra essencial para a conclusão do arco narrativo da trilogia. Uma pena que muitos dos atores têm papéis menores aqui, servindo mais como um easter egg do que como personagens relevantes.

Esse filme também é o mais longo da trilogia, o que é sentido durante a sua meia hora final, que parece ter sido esticada além da conta. Mesmo assim, ele consegue manter a tensão lá em cima, bem como o seu anterior, dessa maneira o tempo a mais não é tão percebido pelo espectador.

Rua do Medo encerra sua trilogia com um saldo positivo. Mesmo não sendo tão assustador quanto os fãs de terror mais fervorosos desejariam, ainda assim existem diversos pontos positivos nos longas e que devem agradar ao público do gênero. Os filmes crescem em qualidade e vão se apoiando menos em clichês, trazendo uma trama muito interessante e divertida de acompanhar.

E mesmo que a trilogia se encerre com Rua do Medo: 1666, ainda contamos com um gancho no final que pode indicar o interesse em fazer novos filmes. Como a obra que ela se inspira é extensa, não seria surpresa termos mais longas nesse universo, só esperamos que sejam tão bem realizados quanto estes.

Pontos positivos

  • Trama geral interessante
  • Bom elenco
  • Inspirações divertidas em filme clássicos

Pontos negativos

  • Excesso de jump scares no primeiro filme
  • Alguns clichês desnecessários
  • Duração longa do último filme

NOTA: 8,5