Planeta dos Macacos: A Guerra

09/07/2017 - POSTADO POR EM Filmes

“Planeta dos Macacos: A Guerra” (2017) é a terceira parte da trilogia composta por “PM: A Origem” (2011) e “PM: O Confronto” (2014). O filme continua a seguir César, o primeiro macaco nascido superinteligente da franquia, e seus partidários, agora ainda mais encurralados pela espécie humana. O Roteiro Nerd assistiu ao filme e aqui segue a análise!

Contextualizando

César (interpretado por Andy Serkis) é um velho macaco que lidera seu grupo com muito amor. Seguindo a esteira do dualismo homem bom x homem mau do filme anterior, a primeira questão – e conflito armado, onde César poupa a vida de alguns soldados humanos – que aparece em tela é: seria possível haver paz entre macacos e humanos? Eu mesmo respondo: não. #George

Aparentemente, nenhum macaco, fora César e seu conselheiro Maurice, acredita nisso: por esse motivo eles resolvem seguir montanha acima, onde poderão finalmente descansar em um vale do lado oposto ao conflito que se desenrola no início do filme. Em meio aos planos de fuga, o filho mais velho do líder (Olhos-Azuis) retorna à sua tribo. Contentes, os macacos confraternizam, repassam seus planos e dormem no já exposto esconderijo, acabando por serem atacados por um grupo de militares liderado pelo Coronel (Woody Harrelson)! No ataque morrem Cornélia (esposa de César) e Olhos-Azuis. César deixa, então, parte da esperança que carregava consigo.

Foto: Divulgação

Vingança

O tema principal de “A Guerra” talvez seja esse: como alguém se perde em meio à vingança? Já não podemos negar que os humanos fazem muito mal aos macacos (sério, não tem como torcer por eles #George), e nenhum outro símio sofreu tanto quanto César! Após ter seus entes queridos mortos, juntamente com alguns poucos companheiros, o líder da resistência primata abandona seu posto e parte para uma missão, agora TOTALMENTE PESSOAL.

É nessa empreitada que César se vê assombrado por Koba, seu antigo primeiro-tenente de viés político radical (antagonista do segundo filme). O nobre macaco percebe em si as mesmas características de seu amigo de outrora e agora rival. Angústia, revolta, até mesmo hostilidade com seus companheiros primatas: tudo isso cresce em César. É muito triste ver um personagem tão apaixonado se tornar um instrumento do ódio.

Foto: Divulgação

Novos parceiros

Em suas escaramuças, o grupo de César e Maurice encontra dois personagens muito carismáticos: Bad Ape (um macaco) e Nova (uma humana muda). Bad Ape é como César, um macaco que consegue falar; contudo, é extremamente medroso e um pouco desligado da realidade. Nova, por sua vez, é uma garota curiosa e afetuosa, sendo o “humano modelo” do filme. Maurice cria elos com a garota rapidamente. Na verdade, os dois protagonizam os momentos “feitos para chorar” do filme, o que nos leva ao último ponto desse texto!

Foto: Divulgação

Indo devagar

“Planeta dos Macacos: A Guerra”, é um filme mais lento que seus antecessores. Também possui diálogos mais longos e cenas com um apelo emocional mais forte. Destaque negativo para a cena onde Coronel explica seus motivos, fala de como optou pelo auto sacrifício, disserta de maneira quase religiosa sobre como César é fraco por ser Emotivo e ele, o Coronel, é forte por ser racional e estar lutando uma batalha pelo “bem da raça humana”. No fim das contas, o vilão admite que os macacos em breve superarão os seres humanos e que a Terra será um “Planeta de Macacos” (risos #George). Fica aí o questionamento: se ele sabe disso, why bother?

De toda forma, como o filme apoia-se na carga dramática das relações interpessoais de César, é perdoável que o vilão não seja lá tão bom. Tudo o que envolve o Coronel e seu campo de concentração é muito raso. O destaque positivo fica por conta do diálogo muito sentimental entre César e Bad Ape, que também perdeu mulher e filho. O inocente macaco lamenta a vida que ficou para trás e é docemente manipulado pelo herói a voltar ao inferno de onde fugiu, o campo de concentração. A sensação que fica é que o filme funciona tão bem com a degradação moral de César, que qualquer antagonista serve apenas como gatilho, plano de fundo para falar do grande herói da história, de suas vitórias e, infelizmente, derrotas. “Planeta dos Macacos: A Guerra”, é um bom filme com momentos ruins – o que não faz dele um filme para ser esquecido.