Estrelado por Christian Bale e Matt Damon, “Ford vs Ferrari” chega ao Oscar sem ser um grande favorito, mas ostentando quatro indicações ao prêmio – incluindo Melhor Filme. Baseado em uma história real, o drama esportivo aposta em uma fórmula básica, mas que consegue ser instigante o suficiente para chamar a atenção do público. Confira aqui as nossas impressões sobre o longa.

Corredores aos seus postos

Logo de início o filme nos joga dentro de uma cena de corrida enérgica e que parece perigosa. Carrol Shelby (Matt Damon) é um piloto que mostra toda sua perícia ao ter se tornado o primeiro americano a vencer a corrida francesa das “24 horas de Le Mans”. Porém, hoje isso é apenas uma lembrança: Shelby está aposentado devido um problema de saúde e comanda uma montadora de carros.

Ken Miles (Christian Bale) é um piloto talentoso, mas de temperamento explosivo, que trabalha com Shelby. Os dois irão se juntar para criar um carro Ford capaz de vencer a tão disputada corrida francesa. O longa se propõe a mostrar os bastidores da construção do automóvel, além da preparação necessária para chegar na pista de corrida e conseguir uma vitória. Muito além de velocidade, é preciso treinamento, perícia, competência, planejamento e uma boa dose de talento ajuda, como no caso do personagem de Miles.

Construindo um Ford 

O longa se passa na década de 60, época em que a italiana Ferrari tinha a supremacia nas corridas automobilísticas – algo que lhe garantia um status de muito glamour. Era o tipo de coisa que a Ford estava precisando. Quando o modelo de negócios da fábrica parecia não estar surtindo efeito, um dos responsáveis pela equipe de marketing teve a ideia de colocar os seus carros nestas disputas de velocidade.

É aí que entra Carrol Shelby. Dono de uma montadora e ex-piloto experiente, ele é designado para projetar o carro que irá vencer a Ferrari no “Le Mans”. Além deste desafio, Shelby também irá enfrentar uma empresa cheia de burocracias e que tem problemas em aceitar Miles como piloto devido ao seu temperamento.

É hora de correr!

A dupla Shelby-Miles se mostra imbatível na projeção de carros, sendo o grande destaque do filme as atuações de Bale e Damon, que trazem um grande carisma e uma relação bem construída para seus personagens. O piloto esquentado se revela também um bom pai e marido, colocando a sua relação familiar como um contrapeso para o comportamento mais bruto nas pistas. Já o projetista é um homem solitário, que tem em Miles um de seus únicos amigos, mas que se esforça para defendê-lo e aos seus ideais, garantindo a simpatia do público.

Fora esses dois, porém, os personagens secundários parecem estar ali apenas para cumprir tabela. O pessoal que compõe o núcleo da Ford faz o papel da empresa engessada que precisa de uma sacudida da nossa dupla de projetistas, com um dos funcionários do alto escalão fazendo o papel de antagonista por diversas vezes para simplesmente criar uma rivalidade entre ele e o gênio criativo de Miles. Os italianos da Ferrari também se assemelham a tipos mafiosos genéricos, fazendo expressões carrancudas contra seus rivais americanos.

Veredito

“Ford vs Ferrari” tem uma típica história de pessoas se reunindo para enfrentar um desafio aparentemente impossível e superar suas limitações, porém a vantagem é que o filme consegue entregar isso dentro de uma roupagem emocionante e com protagonistas carismáticos. As cenas de corrida são muito bem realizadas, criando um processo de imersão para o espectador se sentir como parte daquilo. Dessa forma, o público sente a adrenalina, o risco dos acidentes e a emoção das vitórias.

A produção também guarda algumas surpresas para quem não conhece a história na qual a produção se baseia e vale até pesquisar um pouco sobre ela depois que você assistir o filme. Infelizmente o longa não consegue incutir grande profundidade nos seus personagens secundários, porém compensa com uma boa montagem, trilha e direção.

Pontos Negativos

• Personagens secundários sem desenvolvimento
• Trama que pode soar básica

Pontos Positivos

• Protagonistas carismáticos
• Cenas bem dirigidas e com uma montagem empolgante
• Construção sonora vigorosa

NOTA: 8,5