Entrevista: Leon e Nilce falam da trajetória de sucesso no YouTube

28/07/2020 - POSTADO POR EM Conteúdo

Se você é nerd e adora ver vídeos no YouTube, é impossível não conhecer Leon e Nilce. Com uma comunidade que ultrapassa os 13 milhões de assinantes na plataforma, os youtubers fazem sucesso produzindo conteúdo sobre tecnologia, games, ciência e, até mesmo, economia. Você pode encontrá-los em quatro canais diferentes: Coisa de Nerd, Cadê a Chave?, República de Nerd e Financeiro

Em entrevista exclusiva ao Roteiro Nerd, Leon e Nilce falaram sobre sua trajetória, expectativas pra nova geração de consoles e ainda deram dicas de filmes para assistir na quarentena. Confira tudo agora mesmo! 

Roteiro Nerd: Como vocês começaram o Coisa de Nerd?

Leon: Comecei a fazer vídeos para o YouTube no final de 2007, como hobby, eu gostava dessa coisa de áudio e vídeo, quando estava no ensino médio fazia filmagens de eventos esportivos. Na época estava na Alemanha e juntei um dinheiro para comprar uma câmera, naquele tempo não existia isso de celular smartphone, e queria registrar as coisas que estava fazendo por lá. 

Com isso, comecei fazer vídeos e fui procurar uma plataforma para colocar esses conteúdos e achei o YouTube. Na época não existia a ideia do youtube como cultura e comunidade, e muito menos como uma plataforma de negócios, ninguém ganhava dinheiro lá. Mantive o canal como vlog para compartilhar com família e amigos.  Em 2010, estava fazendo minha tese de mestrado em estudos europeus e arrumei um jeito de incluir o videogame nela. Para o projeto tive que fazer algumas gravações de games para concluir a tese. Acabei desenvolvendo esse know how, porque existe toda uma metodologia para esse tipo de gravação de jogos. 

Depois resolvi fazer uns vídeos de games no YouTube e abrir um canal somente para isso, assim surgiu o Coisa de Nerd. A audiência começou a notar o canal e as visualizações a crescer. No final de 2011, começou a surgir a possibilidade de monetizar esse tipo de conteúdo no Brasil, e fui um desses canais pioneiros na produção de conteúdo como negócios, pois estava fazendo isso como hobbista há muito tempo. De repente o que era hobby virou trabalho.

RN: E como surgiu o Cadê a Chave?

Nilce: O Cadê a Chave surgiu como uma resposta a uma comunidade que já começava a se formar em torno do Coisa de Nerd e que desejava ter mais participação e envolvimento no nosso dia a dia. Com isso, o Cadê a Chave surgiu inicialmente como um canal de bastidores do canal principal, mas que com esse engajamento da comunidade ganhou vida própria, com características e linguagem individuais, e acabamos separando as produções, cada um de nós ficou responsável pelas decisões  editoriais de um  canal. No Coisa de Nerd,  Leon fica mais à frente, e no Cadê a Chave, eu.

RN: Nos últimos anos, tivemos o mercado nerd em expansão, seja pelo aumento de investimento em novos produtos ou, até mesmo, pelo lançamento de restaurantes temáticos no Brasil. No passado, é importante lembrar que o nerd sofria preconceito, mas hoje é algo cool e divertido para sociedade. Como vocês avaliam essas mudanças?

Leon: Esse segmento nerd é tão diverso, multifacetado, que é até difícil dizer que sofria preconceito. Existem vários tipos de nerds. Afinal, nerd nada mais é do que uma pessoa que tem um grande interesse ou desenvolve um grande interesse por alguma área da cultura pop. Não dá pra simplesmente dizer que sofria um preconceito e agora é cool. Eu acho que cada micro segmento dentro desse segmento tem sua realidade, sua especificidade, seus desafios e seu momento de ascensão no mercado ou não. 

É muito legal a gente ver, por exemplo, que as séries na TV fizeram uma promoção da literatura nerd. As literaturas fantásticas tiveram muito sucesso, existiu um crescimento do público desde o filme das Crônicas de Nárnia, Senhor dos Anéis, depois Game Of Thrones, e tudo isso acrescentou, abriu os horizontes, conseguiu quebrar alguns estigmas com essa comunidade e fortaleceu alguns grupos. Mas ainda existem dificuldades para alguns segmentos. É muito legal ver que alguns segmentos estão abrindo caminho, mas com certeza existe muito para ampliar no mercado.

RN: Nilce, você é gamer e joga, assim como o Leon, nos vídeos. Você já passou por algum preconceito por ser mulher na área? Como podemos diminuir essa intolerância no segmento?

Nilce: Eu não me considero uma gamer, porque eu não dedico horas no treinamento, eu não jogo competitivamente, eu sou uma gamer casual, como a maior parte da galera, que tem um jogo no celular e joga.  Sei que até existe um preconceito com esse tipo de gamer, mas acho que as pessoas têm que abrir os olhos, porque tem um predomínio de pessoas nesse grupo por conta do acesso à tecnologia e portabilidade dos celulares. Como não sou uma gamer – embora eu tenha descoberto que eu tenho habilidades, porque eu sou capaz de vencer disputas e me destacar em alguns jogos,-  e não participo desse cenário competitivo, eu não fui exposta diretamente, eu meio que passei incólume a esse tipo de agressão, mas que é muito perceptível  e  que eu vejo  acontecendo com outras mulheres. Sabemos que isso não é uma fantasia, existe uma animosidade. contra as mulheres, o que é uma grande besteira. Nós vencemos isso com educação, basicamente como vencemos qualquer outro problema social, educação e ocupação de território. As mulheres precisam se unir cada vez mais e ocupar espaço.

RN: Ainda falando do assunto gamer, quais são suas expectativas para a próxima geração de consoles? Vocês estão ansiosos para algum jogo do PS5 ou Xbox Series X?

Leon: Estou bem ansioso. Será um salto bem grande em termos de performance em relação ao que tivemos da geração passada para próxima, um salto bem maior do que a gente teve da geração PS3 e Xbox 360  para o PS4 e Xbox One. Então, quero ver como serão os gráficos, o ray tracing no console  e  todo o uso da performance. Conferir como essas novidades  serão traduzidas nos jogos. O game que estou mais ansioso para jogar, desses que foram anunciados para essa nova geração é o remake de Demon’s  Soul, porque eu sou muito fã da série Souls e quero ver como eles vão refazer o jogo. Não só para deixar com o gráfico mais bonito, já que será um remake, mas também  como vão corrigir certos problemas da jogabilidade, pois esse foi o primeiro jogo da série Souls, em que eles não tinham muita ideia de algumas coisas, que foram ajeitando no decorrer  da série. Quero conferir as novas atualizações desse jogo.

RN: Há mais de um ano vocês lançaram o canal República de Nerd. E agora, estão com o canal Financeiro. Como surgiu essa necessidade de conversar com o público sobre economia e finanças?

Nilce: Sempre tivemos vontade de produzir conteúdo voltado para quem quer entender melhor como a economia mundial funciona, com uma narrativa simples e de fácil compreensão. Eu sou jornalista, o Leon é analista de relações internacionais e começamos a perceber que tem uma demanda muito grande das pessoas buscando informação em  nosso canais

No Cadê a Chave, por exemplo, as pessoas pediam para que a gente se aprofundasse em alguns temas. No ano passado fui convidada para ser advisor de uma startup do Luiz Persechini e a gente se aproximou muito. E começamos a perceber preocupações que coincidiam em relação à qualidade do conteúdo sobre finanças que era colocado na internet. O Luiz é professor, eu sou jornalista, a gente tem uma facilidade de explicar as coisas, daí surgiu a  ideia de trazer um conteúdo que  traduz para o público temas que são mais complexos de entender com uma linguagem mais simplificada, mas sem cair no simplismo.

RN: A gente sabe que vocês produzem muito conteúdo para o YouTube, mas vocês têm um tempinho para assistir séries e filmes? Vocês poderiam indicar uma série ou filme do momento para o nosso público?

Nilce: Nós estamos trabalhando tanto que nos momentos de descanso estamos nos agarrando “ao seguro”, sabe? Quando queremos assistir alguma coisa, mas temos pouco tempo e não queremos errar, optamos em rever algo que sabemos que é bom. Para quem está nessa situação, nossa recomendação é apostar nos clássicos. O Leon indica Blade Runner, pelo qual ele é  apaixonado e tem todas as versões, e eu recomendo Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças.