Veredito da 1ª temporada de Beastars – O Lobo Bom

21/03/2020 - POSTADO POR EM Animes / Mangás

“Beastars” é um shounen com vertente comédia dramática, ilustrado e escrito pelo japonês Paru Itagaki, que está em lançamento no Japão desde setembro de 2016 pela editora Akita Shoten. O título recebeu diversos prêmios desde o lançamento, entre eles, o de maior destaque, tanto para a série como para a editora, em 2018, o Mangá Taishô ou, em tradução livre, O Grande Prêmio de Mangá.

A adaptação do anime ficou por conta de uma parceria entre a FujiTV e a Netflix Japão que encomendou uma primeira temporada de 12 episódios e com censura para 16 anos, com uma duração média de 21 minutos por episódio. A segunda temporada foi confirmada para 2021. Confira agora o que achamos da produção.

O cordeiro no lobo

Em uma sociedade antropomorfizada (com animais que possuem características humanas), que se divide principalmente entre carnívoros e herbívoros, este possuem leis e devem segui-las para conviver em harmonia dentro da comunidade criada, assim é o universo em que “Beastars” se passa. Dito isso; o nosso protagonista é um lobo, que acaba envolvido num crime que aconteceu em sua escola: a alpaca Tem, membro do clube de teatro, foi brutalmente assassinado por um carnívoro e agora todos estão em alerta.

Legoshi, é um lobo cinzento, tímido, calado e que faz parte da equipe de apoio do teatro da Escola Cherryton. Ele também é constantemente confundido com um predador, mesmo nunca tendo machucado uma mosca. Essa natureza gentil irrita profundamente o líder da equipe de atores, Rouis, um veado vermelho, que tem problemas com a sua condição de herbívoro aparentemente fraca em relação aos carnívoros.

Um dia Legoshi se depara com uma situação inusitada, ele sente um cheiro que faz seus instintos de predador despertarem, e não consegue se conter, entrando em modo de caça… Quando estava prestes a cometer um erro terrível, o lobo consegue acordar e sua presa foge. Essa presa nosso protagonista descobre ser a veterana coelha-anã, Haru.

Haru é uma fêmea detestada pelas demais, e adorada pelos machos, que odeia estar sempre na posição de presa devido ao corpo pequeno e frágil, mesmo que seja compensado por uma personalidade forte e opiniosa. Líder do clube de jardinagem, a coelha gosta de tomar suas próprias decisões e não tem vergonha de nenhuma delas. Após o episódio com Legoshi, os dois começam a se envolver e o lobo desenvolve sentimentos por ela que podem acarretar em um caminho perigoso para ambos.

Foto: Divulgação

Fêmeas e o que fazer com elas

“Beastars” tem uma história empolgante e envolvente, porém não podemos ignorar como ela ainda peca em muito quando se trata de suas personagens femininas. Questões como slut shamming (quando uma garota é chamada atenção por sair com vários garotos), isolamento social, bullying… Todos esses problemas sociais são retratados, em maioria, por suas fêmeas. 

Haru é apontada como um tipo de predadora que saí à caça de machos e por isso é perseguida por outras fêmeas em diversos momentos. E também Juno, outra loba cinzenta, que aparece primeiro como alguém que sofre bullying por ser carnívora e depois como uma espécie de rival amorosa para Haru, o que já traz à tona outra desnecessária rivalidade feminina. Ambas tem ótimas personalidades e histórias que merecem ser desenvolvidas, mas que são menosprezadas em detrimento do seu papel sexual na narrativa.

Foto: Divulgação

Anime vs mangá

A primeira temporada trabalha o arco inicial do mangá e de uma forma bastante fiel, porém mais breve, trabalhando em alguns detalhes que acrescentam na linha temporal deste. A animação é também algo para se apontar, já que mistura Computação Gráfica 3D com o Desenho Digital, o que pode ser incômodo para aqueles que não estão acostumados ou nunca experimentaram este tipo de anime. Além disso, é interessante notar que a animação da abertura tem um estilo diferente, sendo feita em Stop Motion e é simplesmente DIVINA, com a interpretação da banda ALI na música Wild Side.

O mangá ainda está em lançamento e atualmente em seu terceiro arco, trazendo um novo “vilão” em cada um. Contudo, o que mais se dá ênfase aqui é a evolução da história, que passou de comédia diária, de sensual, de drama, foi para a ação, e agora, finalmente o autor conseguiu escolher no que focar nos capítulos. A narrativa é conduzida de uma maneira que prende o leitor de tal forma que às vezes esquecemos que seus protagonistas são animais com aspectos humanos, isso até algum aspecto se sua característica animalesca vir à tona e ser explorado.

Foto: Divulgação

Veredito

“Beastars” é uma ótima metáfora para quem quer entender que ninguém precisa ser o que foi designado para ser, ou o que disseram que você deveria ser. “BE A STAR” (Seja Uma Estrela) pede que você brilhe da forma que deseja e/ou busque seu próprio caminho, e é exatamente isso que você vê os personagens fazendo. 

O autor foca essa simbologia em seu protagonista e expande isso aos demais personagens, como se os contagiasse. Primeiramente como uma semente no próprio Legoshi, e depois em que está próximo a ele, por suas ações palavras, e isso é realmente incrível de ver.

Outro ponto que pode deixar quem não está acostumado com o histórias com animais antropomórfico, sem entender a dinâmica, é justamente a questão sexual em que eles tocam diversas vezes. A animação não alivia as cenas de caráter sexual que já estão presentes no mangá, afinal, elas são necessárias para certos aspectos da narrativa. Mas não se preocupem, não há qualquer cena de sexo explícita, tais momentos foram tratados de forma sutil e bastante empática, já que se tratam de metáforas com relação ao compor e psicológico.

Pontos positivos

  • Originalidade e Empatia;
  • Sensibilidade;
  • Fidelidade a obra original;
  • Crescimento pessoal;
  • Diversidade de técnicas de animação;

Pontos Negativos

  • Tratamento sexista em relação às protagonistas femininas;
  • Primeira temporada curta;
  • Falta de foco;

NOTA; 8.5