1219 episódios. 25 anos. Foi esse o tempo necessário para a Pokémon Company enfim ter a coragem de concluir o ciclo de Ash Ketchum, protagonista do anime. O jovem da cidade de Pallet realizou o sonho de se tornar um Mestre e o “maior de todos” ao derrotar o campeão Mundial Leon na final do Torneio de Mestres da região de Galar, encerrado seu arco em Pokémon: Jornadas Supremas.
Com a vitória, acaba a velha discussão sobre a Pokémon Company não saber o que fazer com Ash e Pikachu, lançando-os de canto em canto do mapa sem a devida construção que eles mereciam. Como foi o planejamento até esse milagre acontecer? O personagem irá continuar no anime? Quais as opções caso ele saia ou permaneça no papel de protagonista? Vamos discutir isso tudo aqui.
Um caminho eterno até aqui
Eu acompanho o anime de Pokémon desde que me entendo por gente. Deixei de assistir somente entre 2011 e 2016, quando a série focou na região de Unova (5ª geração) e a qualidade caiu muito. Voltei a ver já na temporada XYZ (6ª geração), antes da fatídica derrota de Ash na final da Liga de Kalos.
Posso dizer com segurança que Jornadas é o melhor arco da série ao lado de Diamante e Pérola (4ª geração). A proposta de transitar entre as oito regiões, revendo personagens marcantes na trajetória de Ash, foi incrível. Uma das várias compensações que os manda-chuvas cederam nesses últimos quatro anos.
Além disso, o desenvolvimento de Goh, companheiro de viagem de Ash, não deixa a desejar, com os próximos dois episódios da temporada fechando um arco construído com paciência.
Para quem antes só tinha olhos para o pokémon Mew, o antes inexperiente jovem se tornou um bom treinador, um promissor pesquisador e um encaixe adequado com a personalidade de Ash. Uma necessária mudança na dinâmica do anime.
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A consagração do antes impossível
Voltando ao menino de Pallet: as batalhas das semifinais e da final tiraram o fôlego de qualquer fã. Ver Ash vencer Cynthia era algo até então fora de cogitação. A campeã de Sinnoh é considerada uma das treinadores mais fortes de toda a franquia.
A sensação, pelo menos para mim, foi de que Pikachu e seus companheiros alcançaram o auge e não passariam dali contra Leon. O anime pôs o campeão de Galar em um pedestal exageradamente alto, vide sua luta contra Diantha na semifinal, em que perdeu apenas dois pokémon.
A final entrou facilmente para o Top 3 de lutas do anime, aberto ao debate entre a de Ash x Paul e de Ash x Kukui. O momento em que Pikachu “reencontra” todos os seus parceiros e é reerguido para finalizar Charizard, com a música da abertura original como trilha sonora, foi de um impacto emocional que ninguém esperava.
Chorei como o garoto que alugava a mesma fita de VHS várias vezes na locadora do bairro só para se emocionar com a cena de Pikachu contra a revoada de Spearow para proteger seu treinador, no 1° episódio. Uma catarse surpresa após um confronto de nível tão alto, tanto nas performances de cada pokémon quanto na qualidade dos efeitos da animação. Tudo de encher os olhos.
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Quais os próximos passos?
A grande pergunta que fica depois disso tudo é: e agora? Ash conquistou seu objetivo, Goh já consegue trilhar seus próprios caminhos, está tudo lindo, etc… Mas o que vai acontecer com o anime?
A 9ª geração de jogos (Scarlet e Violet) será lançada nesta sexta-feira (18) e não sabemos nada sobre como isso vai impactar o anime.
Tradicionalmente, monstrinhos da nova geração são mostrados um pouco antes dos arcos terminarem na série, ou seja, o momento atual.
E após a conclusão do Torneio de Mestres e talvez a caçada pelo Mew, o que vai sobrar para os dois protagonistas?
Uma solução interessante seria realizar um arco menos compromissado com Ligas ou Torneios, como foi a proposta inicial em Alola. Ash estava de férias com sua mãe, mas resolveu ficar para conhecer melhor a diversidade do arquipélago. No fim das contas, ajudou ao participar da primeira Liga regional e se sagrou campeão.
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Em Paldea, nova região, Ash e Goh podem ter missões mais livres para explorar as localidades e conhecer novas espécies.
O problema seria a perda de peso ao longo da jornada. Por que fazer isso se não vão chegar a “lugar nenhum”? Iria contra o velho esquema do anime de incentivar competições e enfrentar desafios em batalhas.
Ou eles podem aposentar Ash e focar apenas no Goh, ou até mesmo introduzir um novo protagonista e recomeçar tudo do zero. É uma ideia revolucionária demais para os padrões do anime e dificilmente vai ocorrer.
De certa forma, é animador especular sobre essas vias. Era algo que até então não surgia tanto na fan base. Sabíamos que a nova geração viria e qual seria a provável linha a ser seguida: capturas, ginásios, capturas, evoluções, ginásios e Liga Pokémon.
A expectativa é de que os autores continuem em frente na construção dos personagens, não esqueçam dos mais icônicos, e adicionem outras camadas às suas questões – uma vez que o patamar subiu.
Talvez até realizar um rodízio de Pokémon de outras épocas, como foi feito na Batalha da Fronteira e na Liga Sinnoh seja uma saída interessante. É um desejo antigo que pode ser trabalhado na proposta de “mundo aberto” de Scarlet e Violet, caso seja transportada para a TV.
Enfim, são inúmeras possibilidades e a certeza de que os roteiristas têm um enorme peso a menos nas costas dessa vez. Se vão manter o ritmo ou alterar o plano para algo mais leve, só devemos descobrir em 2023.