Adaptação do clássico livro de 1965, a graphic novel de Duna chegou ao Brasil pela Intrínseca. Trabalho de Kevin J. Anderson e Brian Herbert, filho do autor Frank Herbert, o volume é o primeiro de uma trilogia que promete recontar a história dessa obra-prima da ficção científica.

A editora nos enviou uma edição da graphic novel e iremos contar a você tudo o que achamos dessa releitura.

Planeta de areia

O início de Duna – Graphic Novel mostra a visita de uma anciã do grupo conhecido como Bene Gesserit ao jovem Paul, herdeiro da Casa Atreides. Ele é submetido a um teste e lhe são reveladas certas informações sobre o que ele pode vir a ser no futuro. Tudo isso acontece às vésperas da mudança de sua família para um novo feudo, o planeta deserto Arrakis. 

Tudo indica que a mudança do Duque Leto, pai de Paul, junto de sua família a este mundo extremamente rico é uma armadilha de seus principais inimigos, os Harkonnen, que estão irritados por serem obrigados a deixar este que já foi seu domínio. 

As intrigas políticas, as dificuldades da tomada de posse e o clima desértico do lugar são alguns dos desafios que os Atreides enfrentarão. Mas dentro disso ainda há o conflito sobre o futuro de Paul, jovem que já é invocado com um messias pelos habitantes de Arrakis e pode ter que assumir essa responsabilidade para garantir sua sobrevivência.

Disputa de poder

Durante a história deste primeiro volume acompanhamos as tentativas do Duque Leto em estabelecer seu controle sobre Arrakis. Ele busca uma convivência mais pacífica com o povo local do que os Harkonnen possuíam, e se mostra um governante mais conciliador, além de sábio, pois quer estabelecer uma aliança com os Fremen, nativos do planeta de areia.  

Além deste núcleo principal, também acompanhamos o outro lado: o dos conspiradores. Vemos o plano da Casa Harkonnen, assim como as tentativas do traidor que eles conseguiram infiltrar entre os Atreides. Tudo acontece muito rápido ao longo das páginas, o que dificulta um pouco a concentração em cada acontecimento, mas contribui na fluidez da narrativa.

Duna é bem didático ao mostrar como seus conflitos são, em suma, políticos, mas tudo isso coberto com uma atmosfera fantástica de um planeta desértico. Como a história se passa milhares de anos no futuro é de se esperar um estranhamento na linguagem dos personagens, que possuem cultura e expressões próprias. O livro tem a vantagem de acompanhar um glossário para sanar essas dúvidas, mas na graphic novel temos que aprender tudo por meio do contexto. 

A série

Ainda que a história escrita originalmente por Frank Herbert se desenrole ao longo de diversos livros e contos, a trilogia original é composta por Duna, Messias de Duna (1969) e Filhos de Duna (1976). De acordo com o prelúdio da graphic novel, são esses os três volumes que serão adaptados para o novo formato. 

Caso você tenha interesse, pode procurar posteriormente as outras sequências lançadas. Há mais três livros, além dos já citados, publicados pelo autor original. Depois de seu falecimento, Brian e Kevin deram continuação à série com mais dois volumes. As demais obras se passam antes dos eventos de Duna e funcionam como prelúdios e histórias sobre momentos importantes do passado daquele universo, totalizando 19 romances sob o título da saga.

Porém, é certo dizer que os volumes adaptados nas graphic novels tem uma história completa, então se você está chegando na saga de Herbert por aqui não precisa se preocupar. Fica a cargo do leitor decidir se ele quer mergulhar mais à fundo no universo de Duna lendo as continuações posteriores. 

Veredito

Duna – Graphic Novel é uma boa pedida para quem deseja mergulhar nesse universo de forma mais rápida. As suas 176 páginas ilustradas acabam sendo mais convidativas do que as 680 do livro original. Porém, para quem deseja uma experiência que seja mais imersiva na narrativa é recomendado que se procure a versão em formato de romance, pois ela traz mais detalhes e se demora mais em cada cena, coisa essa adaptação carece.

O traço da graphic novel é bastante firme, com cores vibrantes. É nítida a mudança de cenário que vemos quando Paul deixa seu antigo lar, banhando com grandes oceanos, para chegar em Arrakis e seus grandes desertos. Os diálogos são rápidos e podemos ver alguns balões para pensamentos pertinentes à narrativa.

Em geral, a adaptação é uma excelente leitura, bastante rápida e dinâmica. É possível que o leitor sinta dificuldade em entender expressões próprias desse universo, mas pelo contexto podemos induzir o que é falado. Assim, temos aqui uma boa maneira de ser introduzido ao mundo de Duna, que já te faz aguardar ansiosamente pelo próximo volume.

Pontos positivos

• Arte precisa e bem colorida
• Narrativa dinâmica
• Final que atiça a curiosidade

Ponto negativos

• Falta de um glossário ou asterisco para as expressões novas
• Não tem tantos detalhes quanto o livro

Nota: 9