Oscar 2023: Prováveis Vencedores – Parte 1

03/03/2023 - POSTADO POR and EM Filmes

Como já virou tradição nos últimos anos, chegou a época de apresentarmos nossas apostas para os vencedores da premiação mais badalada do cinema mundial: o Oscar.

Vimos o máximo de produções possível para não fazer feio nos bolões, embora sempre sobre um ou outro para assistir depois. A distribuição tardia de obras que ainda vão chegar no circuito brasileiro também não ajuda, mas fazemos nosso melhor para dar dicas em quem você pode criar expectativas.

Nesta 1ª parte, abordamos as categorias mais técnicas e de curtas que, embora menos prestigiados, merecem nosso reconhecimento. Nem sempre a qualidade vai garantir a estatueta, com influências de fatores como lobby e investimento financeiro com uma forte publicidade dos estúdios e distribuidoras.

Bem, resta saber quais surpresas a Academia vai entregar na noite do dia 12 de março. Confira as primeiras apostas para o Oscar 2023.

Melhor Canção Original

A categoria que quase contou com três gigantes do pop indicadas (não foi dessa vez, Taylor Swift) tem concorrentes interessantes. Rihanna tem a seu favor o peso do comeback depois de anos sem lançar músicas inéditas, mas sua canção (de ninar) para Pantera Negra: Wakanda Para Sempre não parece ter tido o apelo desejado.

Lady Gaga tem uma balada poderosa em Top Gun: Maverick, mas que não é exatamente uma Take My Breath Away. A canção de Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo conta com os aclamados artistas David Byrne e Mitski, o que pode ser um fator positivo para os votantes.

Sem surpresas a essa altura, Diane Warren continua sendo arroz de festa e conquista sua décima quarta (!) indicação com a canção “Applause”. É bem provável que a compositora vá pra casa de mãos vazias mais uma vez, considerando que o filme não teve nenhum impacto fora da categoria.

O provável vencedor aqui é “Naatu Naatu”, do filme indiano RRR. Não é de hoje que produções do país são famosas por números musicais suntuosos, mas RRR alcançou considerável sucesso fora de lá apesar de não ter sido escolhido como o representante da Índia em Melhor Filme Internacional. Assim como os votantes do Globo de Ouro decidiram reconhecer o longa premiando a enérgica música, os compositores Kaala Bhairava, M.M. Keeravani e Rahul Sipligunj devem se sair vencedores na noite do Oscar.

  • “Lift Me Up” – Rihanna (Pantera Negra: Wakanda Para Sempre)
  • “Naatu Naatu” (RRR)
  • “This is a Life” – Son Lux (Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo)
  • “Applause” – Sofia Carson (Tell it Like a Woman)
  • “Hold My Hand” – Lady Gaga (Top Gun: Maverick)

Imagem: Divulgação

Melhor Trilha Sonora

Uma das categorias mais difíceis de cravar neste ano. Levando em consideração os principais prêmios recentes, não há um favorito. 

Enquanto Nada de Novo no Front venceu o BAFTA (Academia Britânica de Artes Cinematográficas e Televisivas) na categoria, Tudo em Todo Lugar levou o prêmio da Sociedade de Compositores e Letristas dos EUA e Babilônia garantiu o Globo de Ouro.

O peso de uma trilha em um filme não é apenas se o ritmo agrada ou quantos instrumentos foram usados, mas como esse instrumento é integrado à narrativa para estabelecer um clima sensorial coeso com a cena. Quando a história do longa abrange o campo musical, essa conexão é naturalmente maior, como os casos recentes de Soul e La La Land, ambos vencedores nessa categoria.

Portanto, nossa aposta aqui vai para Babilônia, visto o impacto que as ferramentas musicais causam à proposta do diretor Damien Chazelle. Seria o 2º Oscar de Justin Hurwitz, compositor também de La La Land e que conseguiu criar uma trilha quase tão marcante quanto a de 2016.

  • Carter Burwell, por Os Banshees de Inisherin
  • Son Lux, por Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo
  • John Williams, por Os Fabelmans
  • Volker Bertelmann, por Nada de Novo no Front
  • Justin Hurwitz, por Babilônia

Melhores Efeitos Visuais

Talvez a mais fácil de apostar em 2023. Avatar, assim como em 2009, leva os patamares de VFX a outro nível em sua sequência, desenvolvendo as mais avançadas tecnologias para modelar água, um componente tão difícil de trabalhar nessa área.

Foram sete anos trabalhando nos efeitos para o filme, contando a preparação das equipes para melhorar os efeitos e a pós-produção em si, como revela Eric Saindon, supervisor da Weta FX, companhia responsável pelos efeitos do longa de Cameron, em entrevista ao canal Corridor Crew

Chega a ser engraçado ver Pantera Negra indicado aqui se compararmos o abismo que separa os universos marinhos trabalhados nos dois filmes. 

  • Batman
  • Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
  • Top Gun: Maverick
  • Nada de Novo no Front
  • Avatar: O Caminho da Água

Imagem: Divulgação

Melhor Fotografia

Apesar da presença de Deakins na lista, os concorrentes na dianteira aqui são Friend e Walker, por trabalhos bem distintos. 

Enquanto o primeiro conseguiu aliar uma perspectiva tanto micro pelas relações de soldados quanto macro pela escala das batalhas na Primeira Guerra, a segunda transformou as performances do Rei do Rock ainda mais carnavalescas e coloridas no palco.

Visto que Nada de Novo no Front dominou as indicações técnicas e já garantiu o BAFTA na categoria, a tendência é que Friend conquiste sua 1ª estatueta.

  • Roger Deakins, por Império da Luz
  • Florian Hoffmeister, por Tár
  • James Friend, por Nada de Novo no Front
  • Darius Khondji, por Bardo: Falsa Crônica de Algumas Verdades
  • Mandy Walker, por Elvis

Melhor Documentário

A corrida aqui está a todo vapor entre três candidatos. All That Breathes levou o prêmio nos festivais de Sundance e Cannes, Navalny conquistou o BAFTA e Vulcões: A Tragédia de Katia e Maurice Krafft foi o escolhido pelo Sindicato dos Diretores da América (DGA).

Dentre eles, Vulcões: A Tragédia de Katia e Maurice Krafft é o menos atual, expondo a história de um casal de vulcanólogos franceses que morreram pela paixão do estudo. O documentário traz algumas das mais belas imagens de fenômenos naturais dos últimos anos.

Porém, a aposta para o Oscar fica com Navalny, uma obra que investiga o envolvimento do governo russo em tentativas de homicídio de opositores políticos, sendo o protagonista um dos principais alvos do presidente Vladimir Putin.

Entregar o prêmio para esse tipo de produção seria uma oportunidade de manifesto político que a Academia não deve ignorar.

  • Vulcões: A Tragédia de Katia e Maurice Krafft
  • A House Made of Splinters
  • Navalny
  • All That Breathes
  • All The Beauty and the Bloodshed

Imagem: Divulgação

Melhor Documentário em Curta metragem

A estatueta deveria ir para Haulout se a Academia se importasse mais com um discurso simples através de imagens fortes, mas o costume é o oposto. Quanto mais texto justificando uma história “tocante” e menos interessante visualmente for o curta, melhor para o Oscar.

Portanto, Stranger at the Gate, com um discurso no mínimo questionável sobre intolerância religiosa nos EUA, é quem possivelmente mais brilhe sob os olhos dos votantes.

  • How do You Measure a Year?
  • The Martha Mitchell Effect
  • Stranger at the Gate
  • The Elephant Whisperers
  • Haulout

Melhor Direção de Arte

Difícil tomar o Oscar de Babilônia após o longa reconstruir com tantos detalhes diferentes épocas da Hollywood nas décadas de 1920/30. A extravagância técnica da obra de Chazelle é o coração do filme, afinal, mostrando tanto o luxo quanto a sujeira de Los Angeles.

Além disso, o longa foi premiado pelo Sindicato de Diretores de Arte dos EUA e conquistou o BAFTA na categoria, firmando seu caminho para a estatueta dourada.

  • Babilônia
  • Elvis
  • Os Fabelmans
  • Nada de Novo no Front
  • Avatar: O Caminho da Água

Imagem: Divulgação

Melhor Curta em Animação

O favorito aqui é The Boy, the Mole, the Fox and the Horse. Com distribuição da Apple TV+, a animação desenhada à mão é adaptação de um clássico livro infantil e conta com uma porção de mensagens inspiradoras (ainda que possam cansar um público adulto após a quarta ou quinta frase de auto-ajuda).

Ice Merchants, do português João Gonzalez, foi premiado em Cannes, mas teve uma distribuição um tanto limitada até sua indicação. Talvez o mais fraco da categoria, The Flying Sailor foi premiado em Sundance, mas falta algo que conecte os elementos do curta com o público. Quem ainda poderia surpreender é My Year of Dicks, que conta com visuais e temáticas irreverentes.

  • Ice Merchants
  • My Year of Dicks
  • An Ostrich Told Me the World is Fake and I Think I Believe It
  • The Boy, the Mole, the Fox and the Horse
  • The Flying Sailor

Melhor Curta-metragem

Le Pupille é um dos curtas mais privilegiados da década, sendo dirigido pela italiana Alice Rohrwacher, produzido pelo gigante Alfonso Cuarón e distribuído pela Disney+. A fofa história de jovens meninas de um convento na noite de Natal pode conquistar a simpatia dos votantes.

Porém, contra a maré, An Irish Goodbye surpreende pela ascensão nos minutos finais com a vitória no BAFTA, ganhando moral com seu misto de comédia/drama irlandês. Arriscado, mas nossa aposta fica com ele. 

  • Le Pupille
  • Night Ride
  • The Red Suitcase
  • An Irish Goodbye
  • Ivalu

Melhor Figurino

Uma forte categoria técnica este ano, Melhor Figurino tem tanto candidatos que recriam períodos históricos quanto universos fantásticos. Os nomes de maior peso aqui são Catherine Martin, que possui quatro Oscars e concorre com Elvis, e Ruth Carter, que venceu a categoria pelo seu trabalho no primeiro Pantera Negra e dessa vez concorre pela sequência.

Enquanto Babilônia vem perdendo força nas últimas semanas, Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo parece despontar como o azarão da corrida, tendo vencido o prêmio do sindicato de figurinistas na categoria de Fantasia e Ficção Científica.

Ainda sim, não se deve subestimar Jenny Beaven, vencedora mais recente da estatueta do Oscar por seu trabalho em Cruela e que concorre este ano com Sra. Harris Vai a Paris – um filme onde novamente o mundo da moda é abordado e os figurinos são de extrema importância.

No fim do dia, pelo seu histórico de sucesso tendo vencido este prêmio outras vezes ao lado do marido e diretor Baz Luhrmann, Catherine Martin tem tudo para se sagrar vencedora mais uma vez pelo meticuloso trabalho em recriar os diversos looks atemporais do “Rei do Rock” ao longo de diferentes décadas.

  • Elvis
  • Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo
  • Sra. Harris Vai a Paris
  • Babilônia
  • Pantera Negra: Wakanda Para Sempre

Imagem: Divulgação

Melhor Som

Antes, é preciso repudiar a ausência de Não! Não Olhe! entre os indicados. A obra de Jordan Peele merece mais reconhecimento pelo design sonoro, dentre outras qualidades. Uma pena o péssimo hábito da Academia de negligenciar filmes do gênero de terror.

Tradicionalmente, a estatueta de Edição e de Mixagem é entregue à obra com maior número de elementos sonoros em cena. Quanto mais difícil de criar aqueles sons – Edição – e de encaixá-los na cena – Mixagem – maiores as chances de vencer. 

Seguindo essa lógica, um filme de guerra como Nada de Novo no Front sairia em vantagem, como ocorreu em edições passadas. Entretanto, nesse ano há um concorrente no mesmo páreo, e nossa aposta para a categoria.

Top Gun: Maverick pulsa na sala de cinema como poucos, contribuindo na imersão do espectador às cabines dos pilotos de caça. Por sequências de combate mais inovadoras no quesito sonora do que o longa de guerra – que tem a rodo quase todo ano -, Tom Cruise deve comemorar talvez o único prêmio do filme da noite.

  • Batman
  • Elvis
  • Top Gun: Maverick
  • Nada de Novo no Front
  • Avatar: O Caminho da Água

Melhor Cabelo e Maquiagem

Os candidatos mais fortes da categoria parecem ser marcados pela transformação de seus protagonistas masculinos. Enquanto Elvis acompanha praticamente todas as eras da vida do lendário cantor e Cabelo e Maquiagem auxiliam Austin Butler na tarefa de interpretá-lo, A Baleia transformou Brendan Fraser em um homem com severa obesidade.

Apesar de que o uso de um “fat suit” (trajes com próteses de gordura) de mais 90 kilos contribua para que A Baleia não envelheça bem, a maquiagem do filme misturou efeitos práticos e digitais para permitir que Fraser transmitisse (e mantivesse) todo o alcance físico e emocional de sua atuação por trás da maquiagem.

Nada de Novo no Front faz um trabalho impressionante ao retratar os horrores da guerra, contando com soldados sujos e deformados pelo conflito. Menção honrosa também para a transformação de Colin Farrell no icônico vilão Pinguim em Batman.

  • Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
  • Elvis
  • A Baleia
  • Nada de Novo no Front
  • Batman

Imagem: Divulgação