Análise de The Callisto Protocol

09/12/2022 - POSTADO POR EM Jogos

Durante o The Game Awards 2020, a desenvolvedora Striking Distance Studios anunciou um jogo de horror e sobrevivência que chamou a atenção de todos, principalmente devido sua semelhança com Dead Space (2008). Após dois longos anos de espera, The Callisto Protocol chega aos consoles PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series X|S, Xbox One e PC (Steam e Epic Games Store). 

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História de horror

Estrelada por Josh Duhamel (de Transformers), Karen Fukuhara (de The Boys) e Sam Witwer (de Smallville), a história apresenta um mundo distópico parecido com Alien – O 8.º Passageiro (1979). Aqui, assumimos o controle do freelancer de “entregas” Jacob Lee, contratado para transportar mercadorias pelo espaço. Tal dia acontece algo inesperado e sua nave cai na lua morta de Júpiter, Callisto. O local é totalmente deserto, exceto pela presença da Prisão de Ferro Negro.

A partir disso, somos presos e alocados em uma cela misteriosa, até que um surto interno acontece e os prisioneiros são transformados em criaturas horrendas (quase como Resident Evil e The Evil Within). O nosso protagonista acorda totalmente desorientado e vê destruição por todo lado. Agora, a missão é fugir daquele lugar e não virar espetinho de policiais e monstros. 

A campanha tem duração entre 7h e 10h, o que pode ser considerado pouco para um jogo que custa a partir de R$249,00. O tempo pode aumentar se você optar por fazer todas as rotas que apareceram no caminho. O problema é que você nem sempre sabe se está seguindo a rota principal ou a secundária, e se estiver na principal pode deixar muita coisa para trás, já que não é sempre possível retornar ao ponto inicial.   

Inclusive, nesse sentido o Striking Distance Studios força o jogador a repetir as rotas principais para render mais horas. Tem momentos que isso é bem-vindo, mas tem horas que é chato demais porque fica anticlimático com a narrativa. Você sente que está sendo segurado para atrasar a conclusão do jogo, consequentemente o mesmo estilo de monstro se repete demais. 

Mesmo com diversos clichês, a história de The Callisto Protocol consegue entreter e provocar bons momentos de terror, onde temos personagens com suas motivações e problemas reais. Não vou soltar spoilers aqui, mas confesso que o final não me agradou como deveria e nem me surpreendeu. A decisão criativa foi clara: vamos deixar o fim em aberto e criar um DLC para dar continuidade ao acontecimento X. Não curto esse estilo e acredito que isso não deveria acontecer num jogo AAA.  

Análise de The Callisto Protocol
Imagem de divulgação de The Callisto Protocol

Gameplay problemático

Como prometido pelo estúdio, o gameplay é frenético e brutal do começo ao fim. Você provavelmente vai sentir prazer ao matar as criaturas com sua arma ou bastão, podendo até mesmo esmagar a cabeça dos rivais. Na minha experiência, o que mais me irritou foi a mecânica de troca de armas. É ruim a forma como o jogo encontrou em oferecer esse menu. Primeiro que a troca sempre é lenta e não ajuda o jogador a matar o monstros em um momento de desespero. O menu era para ser rápido, mas de rápido não tem nada. 

Outro ponto é o sistema de esquiva. Sendo sincero, tem horas que funciona e outras que não funciona. Cansei de levar porrada ou morrer porque o personagem não desviava do golpe, mesmo apertando corretamente os comandos. Por exemplo: Os chefões normalmente te matam apenas com um golpe, então você precisa desviar querendo ou não. E se você morrer, a mesma cutscene é apresentada. Teve chefões que morri inúmeras vezes e estava cansado de ver a mesma cutscene. Eu tive que mutar o som da TV para minimizar a situação e não precisar ouvir aqueles grunhidos desagradáveis. 

The Callisto Protocol também não oferece mapas de exploração, e o jogador terá que seguir na fé sem saber se está na rota principal ou secundária. Entendo em partes essa decisão dos criadores porque causa uma sensação de terror maior e desorientação, mas acho que poderia ter sim uma opção para ativar um mapa caso o jogador quisesse. Isso dificulta que itens importantes sejam encontrados, como o projeto de armas. Então é provável que muitas pessoas terminem o jogo sem usar todas as armas

Não posso deixar de comentar sobre a câmera do jogo. Quando estiver num combate com vários inimigos, você provavelmente vai ser deixado na mão pela câmera, pois ela não muda como deveria e acaba impossibilitando de executar as ações dentro do tempo necessário. Tipo: Se você ataca um cara na sua frente, mas surge alguém atrás, você terá muita dificuldade de escapar dos dois ou de bater naquele que está na sua sombra. Realmente espero que esses problemas sejam resolvidos com uma atualização futura. 

Já em relação à customização do personagem, o sistema fica restrito apenas à evolução das armas, não sendo possível editar o traje ou atributos. Como os recursos são escassos, você terá que escolher qual arma deve apostar, pois não vai conseguir upar todas até seu limite. Posso dizer que o sistema funciona bem e cumpre seu papel, não fazendo nada além disso. 

Imagem de divulgação de The Callisto Protocol

Gráficos e trilha sonora 

Sem dúvida alguma o gráfico é o ponto alto do game. Em determinado momento, você ficará na dúvida se está vendo um jogo ou um filme, até porque conhecemos bem o elenco, e suas expressões faciais estão deveras real. Como joguei no PS5 posso afirmar com tranquilidade que o título está rodando lisinho. Porém, o mesmo não acontece em consoles da geração anterior. No Twitter, pessoas estão relatando pequenos bugs e travamentos. É bom ficar atento e talvez esperar para pegar o jogo só quando a situação estiver melhor. 

A trilha sonora também se destaca. Em qualquer jogo de terror, ela tem um papel importante para provocar arrepios, sustos e gritos. Felizmente The Callisto Protocol faz isso com profissionalismo, e não é à toa que entrega um resultado mais que satisfatório para o Fone Pulse 3D. É incrível sentir a posição e origem do barulho (quase como geolocalização). Cansei de ouvir os passos dos monstros e correr antes mesmo de ver. 

Imagem de divulgação de The Callisto Protocol

Veredito 

The Callisto Protocol é um survival horror com ideias provisórias que falha na sua execução. A história vai querer prender sua atenção sempre, mas o gameplay vai te espantar quando perder para um chefão. Os problemas que comentei e listei ao longo dessa análise não são incorrigíveis. Se o Striking Distance Studios buscar aprimorar esses pontos, sem dúvidas os jogadores terão um jogo com muito mais qualidade do que temos agora. Até lá, o que fica é um gosto amargo na boca e um sentimento de que não vale pagar R$249,00 ou acima. 

Pontos positivos:

  • História interessante 
  • Combate brutal 
  • Gráficos e trilha sonora 
  • Legendado em português 

Pontos negativos:

  • Gameplay problemático 
  • História com final aberto demais
  • Bugs nos consoles da geração passada 
  • Pouca variedade de inimigos

NOTA: 6/10