Em um ano feito para filmes de super-heróis, não é difícil achar que “Um Lugar Silencioso” seria apenas mais um filminho de terror. Porém, o longa dirigido, escrito e protagonizado por John Krasinski – sim, o Jim de “The office” – arrecadou US$ 50 milhões em seu primeiro final de semana nos Estados Unidos, superando a primeira semana de “Corra!” e “Fragmentado”.
Simplicidade das regras do jogo
“Um Lugar Silencioso” brinca com a simplicidade, entregando imediatamente todo o terror que os personagens precisam viver durante a trama: Faça um barulho e você morre. Ao contrário de outros filmes do gênero terror, em que o público e os protagonistas estão inseridos em uma situação nova, a família Abbott já está sobrevivendo neste mundo faz um tempo, sabendo bem que devem ser o mais silenciosos possível para sobreviver nessa realidade.
Nos primeiros minutos do longa, o papel de cada integrante da família é apresentado. Lee (John Krasinski), o pai líder; Evelyn (Emily Blunt), a mãe protetora; e seus três filhos: Regan (Millicent Simmonds), a filha adolescente rebelde; Marcus (Noah Jupe), o filho frágil e medroso; e Beau (Cade Woodward), a criança ingênua.
A realidade desse mundo é apresentada de forma visual. Não há aquela explicação inicial mostrando o que aconteceu. O roteiro permite que a plateia entenda o contexto com tudo aquilo que está no ambiente, sejam ruas desertas com lojas abandonadas ou toda a rotina de sobrevivência dos personagens, pisando sobre uma trilha de areia e conversando através de linguagem de sinais. A produção também utiliza de jornais para entregar algumas informações que ajudam a entender o que ocorreu com o mundo.
Brincando com o som
Durante a trama, Krasinski usa com maestria os efeitos sonoros. Ele cria um contraste entre o silêncio e o som, tornando ruídos que seriam irrelevantes em uma situação aterrorizante. A quebra do silêncio é apenas o sinal de que o pior está por vir e os segundos de quietude apenas aumentam o clima de tensão. São esses os momentos em que a própria plateia entende a ansiedade da família, segurando o fôlego, parando de comer a pipoca, fazendo todo o possível para não gritar.
A relação entre som e silêncio também é usada em outros momentos para quebrar essa tensão, mostrando poucas situações onde a família pode ter aquele gostinho de como era a vida antes do incidente. Em duas situações onde o filme se torna completamente mudo, melhorando a imersão com essas duas cenas. A trilha sonora composta por Marco Beltrami brilha durante todo o filme e em conjunto com os efeitos sonoros, criam uma atmosfera de relaxamento ou tensão, cada uma quando necessária.
Não faça barulho!
‘Um Lugar Silencioso’ consegue, em 90 minutos, apresentar um bom plot, desenvolver personagens e criar um universo de forma quase perfeita, apenas se perdendo em alguns clichês em poucos momentos. Esta é uma obra que deve ser assistida no cinema. É envolvente e aterrorizante. Para melhorar a experiência, vamos manter o silêncio durante a sessão!