A nova empreitada da Marvel acaba de chegar aos cinemas. Com uma proposta semelhante a O Esquadrão Suicida (2021) e Guardiões da Galáxia (2014), Thunderbolts* reúne um grupo de desajustados e anti-heróis do MCU. Já conferimos o longa e vamos contar nossas impressões.
Enredo
Agora diretora da CIA, Valentina Allegra (Julia Louis-Dreyfus) lidera projetos de segurança que dividem opiniões no público e no Congresso. Para garantir seus interesses, ela manipula um grupo de anti-heróis para que acabem eliminando uns aos outros.
No entanto, ela não contava com a união inesperada da Víúva Negra Yelena Belova (Florence Pugh), do Agente Americano (Wyatt Russel), da Fantasma (Hannah John-Kamen) e de um tal de Bob (Lewis Pullman), junto ao Guardião Vermelho (David Harbor) e ao Soldado Invernal (Sebastian Stan) para impedir seus planos.
Mais desenvolvimento, menos pancadaria
Thunderbolts* representa algo que a Marvel não entregava há muito tempo: um filme bem estruturado, com personagens cativantes e um roteiro envolvente. Ele foca no essencial — apresentar os personagens, estabelecer o problema e resolvê-lo — sem recorrer a excessos ou distrações. Embora alguns diálogos sejam um pouco expositivos, no geral, são interessantes e ajudam a construir a trama.
Florence Pugh chama muita atenção ao dar a profundidade necessária a sua personagem, que não é apenas uma distribuidora de tabefes, mas tem um lado sombrio que luta com seus demônios. Um tratamento válido, que sua irmã, Natasha Romanoff (Scarlett Johansson), não teve ao longo de mais de 10 anos de MCU.
Todos os personagens têm seus momentos de vulnerabilidade, tornando-se mais humanos e empáticos. Mesmo que nem todas as histórias individuais sejam exploradas por falta de tempo, e não por falha do roteiro, o elenco brilha e demonstra grande entrega na construção desses papéis.
Uma produção contida
É surpreendente ver um projeto inicialmente desacreditado se tornar um dos filmes mais sólidos do MCU. À medida que a trama avança, fica fácil comprar a ideia de que aquele grupo improvável forma uma verdadeira (ainda que disfuncional) família.
As doses de humor, marca registrada da “fórmula Marvel”, não soam forçadas; pelo contrário, ajudam a fortalecer os laços entre os personagens, que começam desconfiados e gradualmente revelam camadas mais profundas. E, quando necessário, o tom leve dá lugar a uma bem estabelecida discussão sobre a importância de vínculos sinceros na vida das pessoas, e como isso se reflete até em sua saúde mental.
Embora a Marvel já tenha abordado temas emocionais em projetos como Wandavision (2021), que tratou do luto, aqui temos uma bem-vinda redução de escala. Nem todo filme de herói precisa terminar com uma batalha grandiosa e efeitos apoteóticos. Às vezes, as lutas mais difíceis são as internas.
Veredito
Thunderbolts* é um ótimo filme: entrega ação empolgante, humor bem encaixado e coragem para explorar as batalhas emocionais de seus personagens. O roteiro é enxuto e cumpre bem seu propósito, ainda que alguns momentos sigam caminhos previsíveis ou caiam em clichês.
Depois de uma série de altos e baixos no MCU, é revigorante sair do cinema com vontade de ver mais desse grupo e, finalmente, sentir entusiasmo pelos futuros filmes da franquia. Talvez o segredo para revitalizar o gênero de super-heróis seja justamente este: variar os temas e confiar que o público quer mais do que apenas lutas burocráticas e efeitos grandiosos.
Pontos positivos:
- Elenco
- Roteiro bem estruturado
- Destaque para Florence Pugh
Pontos negativos:
- Diálogos expositivos em alguns trechos
- Algumas soluções previsíveis, caindo no clichê
NOTA: 9/10