Dirigido e roteirizado por Ryan Coogler (Pantera Negra, Creed), o novo thriller Pecadores (2025) acaba de chegar aos cinemas, estrelado por Michael B. Jordan. A trama mistura terror sobrenatural com crítica racial e muita música. Já conferimos o longa e vamos contar nossas impressões.
Enredo
Os irmãos Fumaça e Fuligem — ambos vividos por Michael B. Jordan — retornam à cidade natal e inauguram um clube de blues em uma comunidade rural majoritariamente negra. Com dinheiro obtido por meio de trabalho e pequenos golpes, eles decidem reunir, na noite de estreia, todos que fizeram parte de sua trajetória.
Mas o que deveria ser uma celebração se transforma em um pesadelo quando eventos sobrenaturais começam a acontecer — e nada sai como planejado.
Um terror com lado musical
Pecadores aposta em uma mistura corajosa: fé sincrética, crítica ao racismo e referências históricas ao blues, tudo embalado por um clima de terror que remete a filmes como Um Drink no Inferno (1996) e Corra! (2017). Apesar da ideia não ser tão inovadora, é algo muito louvável e no mínimo arriscado, e nem tudo funciona perfeitamente.
O roteiro, apesar de bem construído, gasta tempo demais no primeiro ato, deixando as cenas de ação corridas. Outro ponto que pode gerar incômodo é a tentativa de misturar passado e presente de forma didática, nos oferecendo uma aula não pedida sobre a história do blues.
Elenco que brilha
O elenco é muito talentoso, com vozes poderosas e atuações tocantes. Além disso, os personagens conseguem bem desenvolvidos e tem um background interessante, mas destaque absoluto vai para Annie, interpretada por Wunmi Mosaku. Sua personagem é a que possui mais camadas, garantindo a atenção do público.
Michael B. Jordan se sai muito bem ao interpretar os dois irmãos. É uma escolha arriscada, que poderia ter soado forçada, mas a diferenciação clara entre Fumaça e Fuligem — nos gestos, falas e presença — mostra o talento do ator, além da sua sintonia com a direção de Coogler.
Veredito
Pecadores é um projeto ambicioso, com uma mensagem potente e um visual marcante. O roteiro, embora interessante, peca na dosagem do tempo, tornando o ritmo menos fluido do que poderia. Sua cena pós-créditos, em especial, parece deslocada e excessiva.
A direção de arte é caprichada, com um design de produção que salta aos olhos. A fotografia merece elogios pela escolha de planos abertos e uso expressivo de cores, especialmente nas sequências mais tensas — mesmo que, em raros momentos, algumas cenas pareçam escuras demais.
Pontos positivos:
- Roteiro e temática
- Elenco carismático e bem dirigido
- Fotografia estilizada
- Direção de arte criativa
Pontos negativos:
- Falta de fluidez
- Cena pós-créditos muito longa
NOTA: 8,5/10