Halina Rejin volta às telonas dirigindo um novo thriller erótico que explora o desejo e poder feminino. De cunho polêmico, Babygirl (2024) é protagonizado por Nicole Kidman, Harris Dickinson e Antonio Banderas. Conferimos o filme e contamos nossas impressões a seguir.
Enredo
Romy (Nicole Kidman) é a CEO de uma empresa de logística de muito sucesso. Mãe de duas garotas, ela é casada com Jacob (Antonio Banderas) há vários anos. Apesar disso, seus desejos sexuais não são correspondidos, deixando-a sempre com a sensação de incompletude. Quando um jovem estagiário é contratado pela empresa, o rapaz acaba despertando a curiosidade de Romy, que acaba se envolvendo com ele em um caso tórrido.
Babygirl é um filme que mostra que mulheres também têm desejos e uma vida sexual independente da sua idade. A ideia do longa é mostrar uma mulher que apesar de muito bem casada, com sucesso na vida profissional e realizada com a maternidade, não anula suas fantasias que provavelmente não serão realizadas com seu companheiro. Mesmo assim, o roteiro do filme peca muito ao insinuar que isso pode partir de uma causa doentia.
Ao escolher Nicole Kidman para o papel principal, a diretora mostra que mulheres com mais de 50 anos, no caso 57, podem e devem interpretar papéis que exalam sensualidade. Kidman se entrega ao papel de uma forma muito consistente. Já Harris Dickinson deixa a desejar. Existe uma discrepância nas cenas entre os dois. O roteiro também não ajuda na construção do personagem de Antonio Banderas.
Etarismo em Hollywood
Não é de hoje que sabemos que Hollywood prefere mulheres jovens para interpretar papéis femininos. Até os 30 ou 35 anos as atrizes têm mais chances de protagonizar produções, e a partir dos 40 começam a ser convidadas para papéis menos importantes.
Etarismo é um tipo de discriminação de alguém por sua idade biológica. Normalmente, mulheres sofrem mais com esse tipo de preconceito, principalmente quando o tempo começa a agir, trazendo rugas e assim tornando-as supostamente menos atrativas aos olhos da sociedade.
A premiada atriz Meryl Streep falou com a revista People em 2014 sobre etarismo e como ele afetou sua carreira. Segundo ela, aos 40 anos recebeu três propostas de papéis de bruxa e nenhum de mulheres aventureiras ou protagonistas de romance.
Veredito
Babygirl é um filme muito interessante, porém ele tem alguns problemas que acabam atrapalhando a excelente proposta. Sorrateiramente, a narrativa que ia caminhando bem para tratar sobre espectros da sexualidade e desejo sexual feminino como algo saudável dá indícios que aquilo poderia ser um transtorno e decepciona.
Outro problema é como o desempenho de Harris Dickinson é completamente esquecível diante de toda a entrega e brilhantismo de Nicole Kidman em suas cenas. Já Antonio Banderas tenta tirar leite de pedra e entregar um personagem interessante, mas infelizmente o desenvolvimento do roteiro o apagou.
O filme é muito corajoso em sua proposta e não tem medo de chocar o público, mas o último ato é chato e apresenta um conflito desnecessário com o intuito de promover a ideia que “mulheres precisam se unir” – parte que poderia facilmente ser retirada sem diminuir o impacto da trama principal.
Pontos Positivos:
- Proposta provocante
- Alta relevância
- Nicole Kidman entrega tudo
Pontos Negativos:
- Harris Dickinson apagado
- Falta de desenvolvimento do personagem de Antonio Banderas
- Último ato fraco
Nota: 7,5