Baseado na obra e nos icônicos personagens criados por Ariano Suassuna, O Auto da Compadecida 2 chega como uma continuação direta da produção dos anos 2000, que conquistou o público tanto como minissérie quanto como longa-metragem.
Nós conferimos essa continuação que ninguém esperava, mas que foi um surpresa muito bem aceita. Confira o nosso veredito.
Taperoá
A icônica Taperoá, cidade natal de Suassuna, mantém-se como o cenário central da história. Anos se passaram desde os eventos do primeiro filme, mas o espírito da narrativa se conserva através da volta de Chicó (Selton Mello) e seu inseparável companheiro, João Grilo (Matheus Nachtergaele).
A cidade progrediu tanto quanto possível para uma comunidade do interior, modernizando-se sem perder suas raízes. O turismo floresceu, impulsionado pelos causos de Chicó, sempre focados em suas aventuras ao lado de João Grilo, a quem atribui um improvável milagre: a ressurreição pela intercessão da Virgem Maria.
Enquanto isso, o amarelo João Grilo, que andava sumido, retorna, e vendo que sua história estava ganhando público, resolveu tentar tirar proveito de quem influenciava a política da pequena cidade e seus recursos. Mas para variar, uma intervenção divina se faz necessária para mostrar a todos que a fé é a maior força que o ser humano possui.
Uma nova peça no palco
Diferente do primeiro filme, esta continuação não se baseia diretamente em textos de Ariano Suassuna, mas mantém vivos os personagens que consagraram o autor. Não espere um replay da história original; aqui, novos rostos, inspirados em outras obras do escritor, são incorporados à trama com naturalidade, mantendo o humor e o carisma que conquistaram o público.
Algo que pode deixar alguns incomodados, mas que de forma alguma deveria, são os cenários e a forma de gravação do filme. Com uma estética claramente artificial, como numa peça de teatro, o longa presta homenagem à visão original de Suassuna, ao escrever a história de João Grilo, com a narração de Chicó.
Essa abordagem também é enriquecida pela inserção de cenas em stop-motion, empregadas com grande sensibilidade, que remetem à atmosfera mágica e lúdica do teatro.
Veredito
Um roteiro bem construído, personagens carismáticos, direção bem feita, e uma trilha sonora característica, o Auto da Compadecida 2 encanta tanto por sua nostalgia quanto pela intensidade emocional adicionada à trama.
A mistura entre tradição e inovação, evidenciada pelos cenários propositalmente teatrais e pela utilização de técnicas como o stop-motion, confere uma autenticidade única à produção. Não há como assistir sem aplaudir a obra de todos os ângulos possíveis.
Pontos positivos:
- Roteiro
- Personagens
- Atuação
- Cenários
Pontos negativos:
- Não tem
NOTA: 10/10