Veredito de A Verdadeira Dor

31/01/2025 - POSTADO POR EM Filmes

Depois de ter conquistado o público e a crítica na série Succession (2018 – 2023), Kieran Culkin volta às telonas com A Verdadeira Dor (2024), drama cômico dirigido e estrelado por Jesse Eisenberg. Assistimos o filme, que foi indicado a dois Oscars, e você confere nosso veredito a seguir.

Enredo 

Benji (Kieran Culkin) e Dave (Jesse Eisenberg) são primos que decidem visitar a Polônia para entender melhor as suas raízes e conhecer o país natal da sua avó após o falecimento dela. Apesar de serem muito próximos, os dois têm personalidades completamente distintas. Enquanto Dave é reservado e gosta de planejar, Benji é extrovertido e nada organizado. Ao chegar na Polônia, os dois precisam lidar com as diferenças enquanto refletem sobre como os horrores do Holocausto afetaram seus antecessores.

A narrativa do filme é muito honesta, sensível e delicada ao abordar um assunto que jamais pode deixar de ser discutido, sob o risco de acontecer novamente. O roteiro do filme quebra todos os estereótipos criados pelo cinema, colocando um grupo de pessoas completamente distintas para conviver com os personagens principais. A condução e escolhas da direção são extremamente acertadas, desde os diálogos que apesar de longos, são parte crucial da trama, até a escolha da trilha sonora (ou falta dela em algumas cenas), dando uma sensação de sufoco e desespero completamente pertinentes.

O olhar psicológico dado aos personagens principais é algo que precisa ser louvado. Não se discute o possível diagnóstico que eles têm nem se colocam rótulos; tudo está no campo da sugestão, até que em um determinado momento sabemos qual é. O fato é que não importa se o personagem tem transtorno x ou y, mas como isso o afeta e quem ele é além disso, não os colocando em caixas. Aqui é importantíssimo ressaltar o magnífico trabalho de Kieran, que consegue dar profundidade a seu personagem.

Imagem: Divulgação

Temas Sensíveis 

Parece clichê falar que a única forma de evitar que os erros do passado se repitam é conhecendo o passado, mas infelizmente não é. Em janeiro de 2025, completam-se apenas 80 anos da libertação dos judeus do campo de concentração de Auschwitz. Apesar de parecer muito tempo, ainda existem pessoas vivas que escaparam com vida de tanto horror.

Nos dias de hoje, o antissemitismo voltou a ser uma realidade dolorosa – muitas vezes da forma mais descarada possível. É surreal que isso aconteça mesmo existindo pessoas que são um lembrete vivo do pior do que a humanidade é capaz de fazer com base em um discurso de ódio.

Filmes como A Verdadeira Dor são relevantes e precisam existir, principalmente agora que tais discursos de ódio ganham força novamente e a intolerância vence eleições pelo mundo. Falar de assuntos como esse deixa vivo na memória de todos que o passado não pode ser repetido.

Imagem: Divulgação

Veredito 

A Verdadeira Dor é um filme sincero e delicado, daqueles que você ri, se indigna, reflete e chora. Seu roteiro é bem redondo, dividindo os atos de forma igual e preparando o espectador para o clímax sem deixá-lo ansioso. Os diálogos podem parecer longos ou expositivos demais, porém todas as informações contidas neles são importantes.

O elenco é excelente: todos conseguem se doar de forma genuína e entregar personagens interessantes. Kieran consegue se destacar mais, não só por conta da forma como seu personagem foi escrito, mas porque há algo ali de muito único que ele trouxe para sua construção.

Em seu segundo longa-metragem como diretor, Jesse Eisenberg se prova capaz de trazer um olhar delicado para a direção, imbuindo personalidade e traços autorais na forma como conduz o longa, o que permite que o espectador se conecte com a narrativa mesmo sem perceber.

Pontos Positivos:

  • Direção com personalidade
  • Roteiro tematicamente rico
  • Diálogos bem trabalhados
  • Plot
  • Desenvolvimento de personagens 

Nota: 10